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Policial

Polícia não descarta, e laudo deve comprovar se Mayara foi estuprada por assassinos

A família procurou a polícia, registrou um boletim de ocorrência por desaparecimento e acabou descobrindo que a musicista havia sido assassinada

Midiamax

28 de Julho de 2017 - 13:52

Exames no corpo da musicista Mayara Amaral, de 27 anos, devem constatar se ela foi estuprada antes de ser morta na madrugada de terça-feira (25) em um motel em Campo Grande. O caso é tratado como latrocínio, roubo seguido de morte, e os três suspeitos do crime foram presos em flagrante, ainda assim, a polícia segue investigando o caso.

Conforme apurado pela Jornal Midiamax, junto a fontes da Segurança Pública, alguns pontos nas versões apresentados pelos suspeitos ainda precisam ser esclarecidos. Na quarta-feira (26), dia em que os três homens envolvidos na morte de Mayara foram presos, equipes da Polícia Civil foram até o motel onde o crime teria acontecido, e recuperaram as imagens das câmeras de segurança do local.

A gravação deve ajudar a polícia a entender como os suspeitos entraram e saíram do local. No depoimento que prestou a polícia, o baterista Luís Alberto Bastos Barbosa de 29 anos, mentor do crime, afirmou ter entrado no motel no carro de Mayara com o comparsa Ronaldo da Silva Olmedo, de 30 anos, o ‘Cachorrão’, já escondido dentro do veículo.

Ela afirmou que tudo aconteceu com o consentimento da musicista e que ele e ‘Cachorrão’ mantiveram relação com a vítima. Mesmo com os suspeitos negando, para a polícia, o crime de estrupo não pode ser descartado e por conta disso, exames foram solicitados ao Imol (Instituto Médico e Odontológico Legal).

A versão dos bandidos é contestada, principalmente, por aqueles que conviviam com Mayara. “Foi tudo premeditado: ela foi estuprada por dois desumanos. E em seguida, ela sofreu um homicídio qualificado: por motivos torpes, sem chance de defesa, por meio cruel, em emboscada, contra uma mulher que tinha uma relação afetiva com um dos assassinos”, desabafou a irmã da jovem, a jornalista Pauliane Amaral em sua página nas redes sociais.

Para a família, o roubo do carro de Mayara, um Gol modelo 1992, alguns instrumentos, um computador e o celular, foi quase um ‘álibi’ para os suspeitos fugirem do verdadeiro crime: feminicídio. Ainda no texto publicado nesta quinta-feira, Pauliane alegou que a irmã estava cegamente apaixonada por Luís, e por isso foi atraída para o crime por ele.

Revoltados com o crime brutal, amigos, familiares e integrantes de movimentos que defendem os direitos das mulheres, organizam para a próxima sexta-feira (4), uma manifestação em memória da musicista: “Ato Nós por Nós, contra o Feminicídio”.

A reportagem entrou em contato com a delegada responsável pelo caso Grabriela Stainle, mas foi informada que ela não falaria com a imprensa sobre o caso, que é investigado pela Defurv (Delegacia Especializada de Furto e Roubos de Veículos).

Entenda

O crime aconteceu na madrugada de terça-feira (25) e o corpo da jovem só foi encontrado á no fim do dia, parcialmente carbonizado em uma estrada de acesso a cachoeira do Inferninho. A família procurou a polícia, registrou um boletim de ocorrência por desaparecimento e acabou descobrindo que a musicista havia sido assassinada.

Na quarta-feira, três homens foram presos pelo crime: Luís Alberto Bastos Barbosa, de 29 anos, Ronaldo da Silva Olmedo, conhecido por ‘Cachorrão’ de 30 anos e Anderson Sanches, 31 anos. O trio foi preso depois que uma amiga de Mayara mostrou um aplicativo com os últimos passos da vítima a policiais do GOI (Grupo de Operações e Investigações), que os levaram ao primeiro suspeito.

Luís Alberto é músico, baterista, e já toucou na mesma banda que a vítima. Foi ele quem atraiu Mayara para o motel, de forma premeditada para roubá-la e já com o martelo usado no crime na mochila, mas afirmou à polícia que vítima reagiu e por isso acabou morta com golpes na cabeça. No homicídio o rapaz teve ajuda de ‘Cachorrão’.

Os dois pegaram os pertences da vítima e levaram o corpo para a casa do Anderson Sanches. No local dividiram os objetos e após cerca de oito horas com o cadáver, decidiram levar corpo para a estrada da cachoeira do Inferninho, onde atearam fogo no corpo e arreadores para tentar apagar as pistas.

Outro ponto que ainda deve ser esclarecido nas investigações é onde o corpo de Mayara ficou durante quase toda a terça-feira. O trio afirmou que a musicista ficou dentro do porta-malas do carro. Conforme apurado pela reportagem, por um tempo o veículo chegou a ficar estacionado na casa de Luís e não apenas na casa de Anderson. Sanches e Cachorrão foram presos, no decorrer das investigações, justamente com o Gol, supostamente vendido por R$ 1 mil.