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Artigo: Transmissões automotivas: realidade e futuro

Atualmente, é comum nos depararmos com perguntas contraditórias, mas ainda nem sempre há resposta certa.

Mauro Moraes

21 de Julho de 2016 - 15:29

Um dos maiores desafios da indústria da mobilidade atual é oferecer veículos integrados às necessidades de preservação do meio ambiente e dos recursos finitos de produção. Nunca se falou tanto, como nesta última década, em eficiência energética e na consequente necessidade de soluções leves e eficientes para os veículos.

O Brasil busca nos últimos anos responder a esses imperativos, aliando-os às necessidades internas de crescimento econômico, ao lançar programas como o Inovar-Auto para promover mudança radical no panorama da mobilidade. No entanto, todo o esforço dispendido e o desenvolvimento alcançado têm sido prejudicados face ao atual momento de crise econômica do País.

Vivemos a era da inovação. Forças são arregimentadas, visando um mundo de ventura social, tecnológica e econômica, aproveitamento inteligente dos recursos naturais e entrega de novos valores com alto grau de aplicação para a sociedade.

Ultimamente, a queda do preço mundial do barril de petróleo impulsionou o consumo mundial desta commodity. Particularmente, nos Estados Unidos, observa-se uma tendência de aumento do uso de veículos maiores enquanto que as leis que regulam a emissão de poluentes tornam-se mais severas na maioria dos países.

Surge um dilema a ser vencido pelos fabricantes de veículos: atender as normas de emissões em tempos de combustível barato e expectativa de prazer ao dirigir sem limitações. Diversas tecnologias disponíveis trazem contribuições inovadoras inestimáveis, porém permanecem as perguntas: conseguiremos gerenciar ideias e resultados disruptivos ou permaneceremos muito próximos do comum? Inovar significa otimizar ou expandir as fronteiras do negócio? Quais tendências podem indicar as tecnologias futuras a serem desenvolvidas hoje?

Os sistemas de trem de potência ou, como são mais conhecidos, sistemas de powertrain têm contribuído significativamente para o alcance dos objetivos e das metas globais para a redução da emissão de poluentes e particularmente com o grande impulso dado pelo desenvolvimento de motores mais leves, menores e mais eficientes. Semelhante desafio se impõe também aos sistemas de transmissão.

Atualmente, é comum nos depararmos com perguntas contraditórias, mas ainda nem sempre há resposta certa. Qual o melhor caminho? Aumentar o número de relações de transmissão para propiciar ganhos, fazendo com que os motores trabalhem em faixas mais eficientes ou reduzir o número destas relações, para propiciar a redução do tamanho das caixas de transmissão automotivas? Há necessidade ou não de caixas de transmissão automotivas para veículos 100% elétricos? Qual o papel das transmissões no contexto de veículos híbridos? Como os novos materiais e processos para a fabricação dos componentes de uma transmissão podem contribuir para o aumento de eficiência energética de um veículo?

Tendências parecem indicar palavras-chave como melhoria dos componentes das transmissões, hibridização, eletrificação, comunização, modularidade, flexibilidade e escalabilidade. O mercado ainda busca fórmulas para responder perguntas como estas e solucionar as contradições impostas por tais requisitos à inovação dos sistemas de transmissões. Não é tarefa fácil, mesmo para as empresas envolvidas, saber ao certo qual será o futuro das transmissões.

No Brasil, há um espaço considerável para o mercado absorver a chegada de novas tecnologias, porém a barreira atual que precisamos vencer é da credibilidade. Não obstante, ainda que num cenário mais pessimista do que otimista, as empresas da mobilidade brasileira fazem o trabalho de casa, redefinem seu ambiente de negócios e buscam a inovação tecnológica como caminho de sucesso.

O que fica claro neste contexto é o seguinte: para que as inovações sejam bem desenvolvidas no Brasil, é preciso que a indústria automotiva aprofunde seu entendimento do que significa inovar, de como fazê-lo de forma sustentável e qual o retorno esperado com inovações. Reconhecer tendências, entender para onde vão as tecnologias e identificar quais soluções atuais fazem sentido no ambiente brasileiro e como adaptá-las é fundamental para que as empresas invistam e modifiquem positivamente esse cenário de competitividade do setor automotivo brasileiro.

O 14° Simpósio SAE BRASIL de Powertrain objetiva oferecer aos engenheiros da mobilidade, voltados ao ambiente de negócios brasileiro, espaço para entendimento das tendências e questionamento sobre as tecnologias que direcionam o mundo das transmissões automotivas. Os temas escolhidos para a pauta do simpósio serão apresentados nos dias 1º e 2 de agosto, no Parque Tecnológico de Sorocaba, a 100 km de São Paulo, por profissionais altamente qualificados de renomadas empresas de alto nível tecnológico.

(*) Mauro Moraes de Souza é diretor regional da Seção Campinas da SAE BRASIL.