Armado, pastor persegue construtor que com medo de ser morto se esconde no banheiro de academia

Depois de um pesadelo nesta madrugada, que ele julga premonitório e aconselhado por membros da igreja a deixar a cidade para não correr o risco de ser assassinado, o construtor Dario Vasconcelos de Oliveira, 50 anos, resolveu tornar público o episódio ocorrido na última quarta-feira (20) pela manhã. Neste dia teve que se esconder no banheiro de uma academia a para escapar da fúria do pastor da Igreja Ministério Profético Deus e Fiel, Luciano Lins Meyer.

Conforme o relato de Dario à Polícia Civil onde registrou boletim de ocorrência, Luciano, armado de um revólver, saiu em sua perseguição por várias quadras, o xingando aos berros, o acusando de covarde e proferindo palavrões. “Primeiro a pé e depois de motocicleta, desde a sede da igreja, na Rua Minas Gerais até a esquina do Fórum”, relata.

Temendo pela vida, Dário procurou abrigo no Fórum (que está fechado em recesso), sem sucesso, continuou correndo até uma academia de musculação que fica próximo e no momento não havia nenhum aluno. Após relatar a situação, pediu abrigo, porque corria risco de ser morto.

Ele conseguiu convencer a funcionária a se esconder no banheiro. Instantes depois o pastor chegou numa motocicleta, perguntou sobre Dário, mas como ela disse desconhece-lo, o religioso foi embora. O proprietário da academia (que pediu para não ter o nome revelado) solicitou a intervenção da Policia Militar que deslocou policiais para “resgatar” o construtor refugiado.

No final do ano passado, Dario (que até pouco tempo era membro da igreja) foi contratado pelo pastor Luciano para construir um anexo de 200 metros quadrados, onde funcionará o almoxarifado, cozinha, salão e salas, ao custo de R$ 1.500,00 o metro quadrado. A previsão é que a obra ficasse pronta em 6 meses, mas o cronograma acabou atrasando, segundo construtor, em função das chuvas e problemas com alguns funcionários, um deles inclusive teve de fazer uma cirurgia.

Há dois meses houve um desentendimento entre o pastor e Dário, por questões de pagamento. Desde então, não tiveram mais contatos e foi designado o empresário Fábio Freitas, membro da igreja, para fazer as tratativas com o construtor sobre a obra. Ele reclamou que a empresa contratada para fazer o piso estaria executando serviços que seria de sua responsabilidade. 

Na quarta-feira, a pedido de Fábio, foi conversar com o pastor, que ele imaginava se resumiria numa cobrança pelo atraso das obras que estariam 98% concluídas. Para sua surpresa, o religioso já chegou de dedo em riste no seu rosto, o ofendeu com palavras baixo calão, aplicou-lhe um tapa na face e exigiu que se mantivesse calado.

Fábio interveio na tentativa de apaziguar, mas o pastor não se conteve e sacou da arma. Fábio tentou tirar a arma das mãos de Luciano, mas não conseguiu. Assustado, Dario então saiu correndo pela rua, com o pastor no seu encalço.  A “caçada” se estendeu por várias quadras e só terminou, como se relatou acima, quando construtor encontrou refúgio da Academia.

Desde então, Dário e sua família estão sobtensão, com medo de que o pastor o localize e o acabe matando. Um membro de igreja, o aconselhou por telefone a deixar a cidade, porque a fúria de Luciano contra ele não tinha sido aplacada. O sonho que teve na noite anterior ao episódio e o pesadelo desta madrugada, agora são interpretados por ele como presságios da iminência de uma tragédia da qual seria a vítima.

Na noite anterior a quarta-feira, quando foi ameaçado pelo pastor, Dário diz que sonhou ter acontecido um crime na igreja, mas jamais imaginou que a vítima seria ele mesmo. “Foi um aviso, tenho certeza”. Nesta madrugada voltou a ter um pesadelo com enredo trágico, mas desta vez, ele e sua família eram alvos.

A reportagem tentou ouvir o pastor, além do empresário Fabio Freitas que teria testemunhado o episódio, mas ambos não retornaram as ligações. Um membro da igreja, que também foi procurado pelo RN, informou que o líder religioso esta em viagem com a família. A Polícia Civil investiga o caso.