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Economia

Juro do cartão de crédito e do cheque especial cai em 2017, mas continua acima de 300% ao ano

Queda está relacionada ao corte da Selic e, no caso do cartão, a medidas adotadas pelo governo sobre o uso do rotativo. Especialistas ainda orientam a evitar essas modalidades de crédito.

G1

29 de Janeiro de 2018 - 10:53

As taxas de juros médias cobradas no cartão de crédito rotativo e no cheque especial, nas operações com pessoas físicas, registraram queda no ano de 2017, mas ainda permaneceram acima da marca dos 300% ao ano, segundo informações divulgadas pelo Banco Central nesta segunda-feira (29).

Cartão de crédito

Em dezembro de 2017 os juros médios das operações com cartão de crédito somaram 334,6% ao ano, queda de 163,1 pontos percentuais em relação ao fechamento de 2016, quando estavam em 497,7%.

A forte queda dos juros do cartão de crédito está relacionada com as novas regras adotadas pelo Banco Central no ano passado. Desde então, o consumidor só pode fazer o pagamento mínimo de 15% do cartão por um mês. Na fatura seguinte, o banco não pode mais rodar a dívida: o cliente paga o valor total ou precisa parcelar a dívida em outra linha de crédito, com o juro mais barato.

Mesmo com a queda dos juros do cartão, especialistas recomendam que os consumidores não utilizem essa linha de crédito, pois a taxa ainda é muito alta. A recomendação é que os clientes sempre paguem o valor integral de sua fatura.

As classes D e E são 80% dos inadimplentes no cartão de crédito, aponta levantamento da Boa Vista SCPC. Veja dicas para não se tornar uma vítima.

Cheque especial

Já a taxa média cobrada no cheque especial recuou de 328,6% ao ano, em dezembro de 2016, para 323% ao ano no fechamento de 2017 - uma queda de 5,6 pontos percentuais.

A queda nos juros do cheque especial em 2017 ficou abaixo da verificada na taxa Selic, os juros básicos da economia, que somou 7,25 pontos percentuais no ano passado.

Recentemente, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que é importante a queda dos juros do cheque especial, uma das modalidades mais caras do país, e acrescentou que o Banco Central está estudando "várias coisas" sobre esse assunto.

A recomendação de economistas é que os clientes bancários também substituam essa modalidade por linhas mais baratas, como, por exemplo, o crédito consignado, em que as prestações do empréstimo são descontadas da folha de pagamentos.

Juros bancários médios

De acordo com o Banco Central, os juros médios nas operações de crédito com recursos livres (sem contar BNDES, crédito rural e imobiliário) atingiram 55,1% ao ano em dezembro, no caso dos empréstimos para pessoas físicas, uma queda de 17,3 pontos percentuais em relação ao fim de 2016, quando eram de 72,4% ao ano, também na média.

No caso dos empréstimos para as empresas, também com recursos livres, a taxa somou 21,5% ao ano em dezembro do ano passado, com recuo de 6,6 pontos percentuais na comparação com o fechamento de 2016 (28,1% ao ano).

Também caiu, no ano passado, a taxa média de todas as operações (pessoas físicas e jurídicas), para 40,3% ao ano, contra 52,2% ao ano em dezembro de 2016 - uma queda de 11,9 pontos percentuais em 2017.

'Spread' bancário

Como os juros bancários recuaram em 2017, o chamado "spread bancário" (diferença entre o que os bancos pagam pelos recursos e o que cobram de seus clientes) também caiu no ano passado.

No caso das operações com pessoas físicas, o "spread" recuou 14 pontos percentuais em 2017, para 46,2 pontos. Apesar da queda, esse índice ainda é elevado quando comparado à média praticada pelos bancos em outros países.

O "spread" é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.

Dados do BC mostram que os quatro maiores conglomerados bancários - Itaú-Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal - detinham, no fim de 2016, 78% de todas as operações de crédito feitas por instituições financeiras no país e também 76% dos depósitos.

Taxa de inadimplência

Dados do Banco Central mostram que a taxa de inadimplência caiu no ano passado. Em dezembro de 2017, a taxa de inadimplência geral, nas operações com recursos livres (exclui crédito imobiliário, rural e do BNDES), somou 4,9%, contra 5,7% em dezembro de 2016.

Considerando a inadimplência com recursos livres para pessoas físicas, também houve queda no ano passado, para 5,2%, contra 6% em dezembro de 2016. No caso das operações com empresas, a taxa de inadimplência caiu de 5,2% no fim de 2016 para 4,5% no fechamento do último ano.