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Sidrolandia

Fazendeiros não acreditam em volta à área Buriti e calculam em R$ 200 milhões indenizações

Durante discussões com o então ministro José Cardozo (Justiça), no governo de Dilma Rousseff, a União propôs pagar cerca de R$ 80 milhões por todas as terras. A avaliação dos proprietários rurais, no entanto, chegou a R$ 124 milhões, valores de 2013.

Flávio Paes/Região News

04 de Março de 2018 - 20:50

Fazendeiros não acreditam em volta à área Buriti e calculam em R$ 200 milhões indenizações

Mesmo após a decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça) que deu ganho de causa a eles, nem os fazendeiros acreditam na possibilidade de retomar a posse das 27 propriedades já retomadas pelos terena da Reserva Indígena Buriti.

O ex-deputado Ricardo Bacha, dono da Buriti, onde está programada a manifestação dos índios nesta segunda-feira, calcula que a indenização dos 15 mil hectares, preço da terra e benfeitorias, vai custar R$ 200 milhões, 156% a mais que o valor da avaliação feita em 2013, R$ 78 milhões pelos próprios órgãos do Governo. Além da atualização monetária, Bacha embute nesta conta os chamados lucros cessantes, que corresponde à receita que os produtores deixaram de auferir desde quando deixaram as áreas.

Proprietário da Fazenda Cambará, uma área de 1.200 hectares vizinha a fazenda Buriti, onde hoje os índios só ocuparam as casas da antiga sede, a vegetação tomou conta da antiga pastagem, Vanth Vanni já esperava pela decisão do STJ, mas criticou o Ministério Público e a AGU (Advocacia-Geral da União), que atuaram em favor das populações das aldeias.

Na sua avaliação, tais órgãos “já sabiam da realidade” e, ao lado do Judiciário, “ficaram protelando a situação. Não resolveu para eles ou para nós”. Agora, conforme Vanth, os produtores lutarão pela indenização e compra das áreas pelo governo, “que ficou de olhos fechados” e permitiu a degradação das terras, que deixaram de ser cultivadas. “O governo sabia que estava errado e deixou passar batido. Agora, infelizmente, a nação vai pagar”, afirmou o produtor. Segundo ele, os produtores mantém a tese de que desejam receber pelo valor de mercado das terras, apontado por estudo encomendado por eles e que confrontou laudo do Governo Federal.

Durante discussões com o então ministro José Cardozo (Justiça), no governo de Dilma Rousseff, a União propôs pagar cerca de R$ 80 milhões por todas as terras. A avaliação dos proprietários rurais, no entanto, chegou a R$ 124 milhões, valores de 2013. “Trata-se da melhor área agrícola na saída da Capital e querem pagar preço de areião”, disse Vanth.

“Não queremos nem mais, nem menos, queremos o valor nosso e dos prejuízos para que possamos nos recompor em outro lugar. Infelizmente muitos que eram donos e estavam trabalhando já morreram, há famílias na miséria. Quem vai pagar por isso?”, questionou o produtor.