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Policial

PF 'caça' chefes de contrabando milionário

As investigações agora buscam identificar todos os integrantes desse possível consórcio criminoso, sendo que nove envolvidos já foram presos.

Correio do Estado

18 de Junho de 2018 - 08:11

A Polícia Federal (PF) está atrás dos chefões do maior carregamento de cigarros contrabandeados do Brasil. Foram 11 milhões de maços, equivalente a R$ 33 milhões, apreendidos na última sexta-feira, o que revela a capacidade de articulação, patrimônio e poder para manter um sistema capaz de ultrapassar fronteiras e percorrer quilômetros com cargas milionárias sem serem pegos.

As investigações agora buscam identificar todos os integrantes desse possível consórcio criminoso, sendo que nove envolvidos já foram presos. “A gente não se satisfaz com uma simples apreensão. Pode ter certeza que a PF vai identificar muitos envolvidos e não vai ficar só nos caminhoneiros. Falamos em consórcio porque o patrimônio envolvido é muito alto. Não é possível que apenas uma pessoa tenha esse patrimônio e seja responsável por tudo”, disse o superintendente da PF em Mato Grosso do Sul, Luciano Flores de Lima.

Para ele o contrabando de cigarros envolve muitas quadrilhas interligadas, entre elas provavelmente estão os responsáveis das carretas. “Óbvio que se trata de uma organização criminosa composta por muitas pessoas. Não só a carga é milionária, como também os próprios caminhões, tratores e carretas. São muitos milhões envolvidos”,  acrescentou.

O objetivo é identificar “para ontem”, como o próprio superintendente ressaltou, todos os integrantes do sistema. Serão responsabilizados pelo crime os receptadores da carga e os vendedores de onde partem os cigarros. “Não estou me referindo aos paraguaios que fabricam os cigarros, mas certamente os brasileiros que adquirem os cigarros nas  fábricas paraguaias e chegam as  carretas até a fronteira”.

A APREENSÃO

Segundo o superintendente, duas policiais federais perceberam uma movimentação estranha de quatro carretas na MS-141, no final da tarde de sexta-feira (15), em Ivinhema, município distante a 282 quilômetros de Campo Grande.

Para fazer a abordagem, elas chamaram reforço da unidade de Naviraí e fecharam todas as saídas de Ivinhema. Sem saída, as equipes descobriram mais sete carretas estacionadas em outras ruas da cidade. Cada uma carregada com aproximadamente 1 milhão de maços de cigarro contrabandeados.

“Infelizmente a gente não subestima o potencial criminoso dessas quadrilhas e a quantidade que eles são capazes de introduzir ilegalmente no Brasil semanalmente. Nós só vamos conseguir diminuir ou enfrentar com mais sucesso a partir do momento que a gente conseguir apreender mais bens das quadrilhas envolvidas e prender os verdadeiros responsáveis. Esse é o grande desafio da PF hoje”, destacou Luciano.

Não é descartada ligação com policiais investigados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público Estadual, no âmbito da Operação Oiketicus. Apesar da pena para o crime de contrabando ser pequena, a expectativa da PF durante o inquérito é comprovar a prática de associação criminosa e lavagem de dinheiro comuns nestes casos para ampliar a condenação dos acusados para 20 anos.