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Política

Viver sob escolta e sob constante difamação 'não é viver plenamente', diz Jean Wyllys

Deputado do PSOL desistiu de tomar posse em novo mandato e atribuiu decisão a ameaças de morte; ele andava com escolta desde março de 2018.

G1

25 de Janeiro de 2019 - 14:03

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmou nesta sexta-feira (25) que viver sob escolta por conta de ameaças recebidas e sob constante difamação "não é viver plenamente".

Nesta quinta-feira (24), Wyllys informou que não tomará posse para o novo mandato, que se inicia em fevereiro deste ano. Segundo ele, a decisão foi tomada após ser alvo de constantes ameaças de morte e de conteúdo falso na internet.

Na mensagem, enviada à TV Globo, Jean Wyllys diz ainda que desde março do ano passado o governo brasileiro foi omisso com relação a essas ameaças e ignorou um relatório da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos, que reconheceu que ele estava sob "risco iminente de morte".

A OEA solicitou ao Brasil que tomasse providências para garantir a proteção de Wyllys e de sua família, porque o caso apresentava todos os requisitos de "gravidade, urgência e irreparabilidade".

"Viver sob escolta por conta de ameaças e viver sob constante difamação, que era como estava vivendo, não é viver plenamente. O relatório da CIDH da OEA é claro e contundente em denunciar a negligência do Estado brasileiro em relação aos ataques a mim. A medida cautelar foi simplesmente ignorada pelo Estado brasileiro", disse o deputado na mensagem.

Segundo ele, apenas o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reconheceu o risco das ameaças e destacou uma escolta da polícia legislativa para realizar a sua segurança. Mesmo assim, disse Wyllys, o efetivo "estava longe da segurança exigida para uma vida plena".

A polícia legislativa vinha fazendo a escolta de Jean Wyllys desde março de 2018, após o assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). De acordo com a assessoria do deputado, as ameaças de morte, das quais já era alvo, aumentaram desde o crime.

A proteção do parlamentar era feita em todo o território nacional. Ou seja, para onde ele fosse, os agentes iam também.

Procurada, a Câmara informou que o número de policiais legislativos que fazem a escolta de deputados é mantido em sigilo por questões de segurança.

Investigação

Após a decisão de Jean Wyllys de não tomar posse em seu terceiro mandato, a Polícia Federal informou que todos os relatos de ameaças contra ele estão sendo apurados. Afirmou ainda que há inquéritos em andamento para investigar o caso.

Segundo a PF, a maioria das ameaças feitas contra o parlamentar do PSOL foi feita pela internet.

A Polícia Federal reforçou que a atribuição de proteção à deputados é da polícia legislativa e que, à PF, cabe a apuração de crimes.

'Crime contra a democracia'

Nesta sexta, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse que pessoas que ameaçam parlamentares cometem “um crime contra a democracia”.

“Quem ameaça parlamentar está cometendo um crime contra a democracia. Uma das coisas mais importantes é você ter sua opinião e ter liberdade para expressar sua opinião”, disse Mourão.

Perguntado sobre o que pensa da decisão de Jean Wyllys de deixar o país, Mourão afirmou que é preciso “aguardar”, pois, segundo ele, o deputado falou de “forma genérica” sobre as ameaças.

O vice-presidente ainda foi indagado se a decisão de Jean Wyllys foi “correta”. Ele respondeu: “Não estou na chuteira do Jean Wyllys. Ele que sabe qual é o grau de confusão em que ele está metido”.