Política
Vélez Rodríguez é demitido e Bolsonaro anuncia novo ministro da Educação
Pasta estava em crise desde o início da atual gestão; condução de colombiano era questionada mesmo por alas do governo
VEJA
08 de Abril de 2019 - 16:11
O professor Ricardo Vélez Rodríguez foi demitido nesta segunda-feira, 8, do cargo de ministro da Educação. A decisão foi comunicada no Twitter pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que também anunciou o substituto: Abraham Weintraub.
Na sexta-feira, 5, Bolsonaro já havia sinalizado que poderia demiti-lo. A saída de Vélez é a segunda baixa na Esplanada dos Ministérios em pouco mais de três meses de governo. Em fevereiro, Gustavo Bebianno (Secretaria-Geral da Presidência) foi demitido após entrar em rota de colisão com o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente.
O primeiro desgaste da pasta sob o comando de Vélez aconteceu logo no início do governo, com a publicação de um edital que alterava as regras para compras de livros didáticos. O documento previa que as obras não precisassem mais de referências bibliográficas e afrouxava o controle de erros.
O texto também revogava itens que previa conteúdos sobre diversidade cultural brasileira e violência contra mulheres. O edital foi anulado no mesmo dia em que foi divulgado (9 de janeiro) – o ex-ministro culpou o governo anterior, de Michel Temer (MDB). Vélez exonerou o chefe de gabinete do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Rogério Fernando Lot, e outras nove pessoas que ocupavam cargos comissionados no órgão.
Outras demissões também mostravam a falta de rumo do Ministério da Educação. O economista Murilo Resende Ferreira foi indicado para o cargo de coordenador do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no dia 16 de janeiro e demitido um dia depois, após uma acusação de plágio ter sido revelada. Funcionários do ministério de médio e baixo escalões identificados como “petistas” também foram afastados.
Após entrevista a VEJA, Vélez voltou a ser questionado por uma declaração que deu ao defender a volta da disciplina de educação moral e cívica ao currículo escolar: “O brasileiro viajando é um canibal. Rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião; ele acha que sai de casa e pode carregar tudo. Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertida na escola”.
Em outro episódio, o ministro enviou cartas a diretores de escolas pedindo que eles filmassem alunos cantando o Hino Nacional e determinando a leitura de mensagem com o slogan de campanha de Bolsonaro “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Após críticas e sob o risco de ter de responder por improbidade administrativa, voltou atrás.
Na semana passada, já com o cargo em risco, o ministro anunciou mudanças em livros didáticos para revisar a maneira como são retratados nas escolas o golpe de Estado que retirou o presidente João Goulart do poder, em 1964, e o regime militar que o seguiu.