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No desabafo de Giroto, o alerta aos políticos

PARTIDOS - Cada qual com suas divisões e problemas. Muitos criados apenas para a missão de coadjuvantes.

Manoel Afonso

31 de Maio de 2019 - 10:38

O TEMPO - A avaliação de sua velocidade depende de que lado você esteja: Fora ou atrás das grades da prisão. O desabafo do ex-deputado federal Edson Giroto (PR) numa entrevista revela os estragos causados pela sua prisão de pouco mais de um ano aqui na capital. Lamentou o destino, o preço pago alto demais, o sumiço da maioria dos ‘velhos amigos’, as questões familiares, a dura rotina carcerária, a alimentação precária, a sarna, o desconforto, as humilhações e questões de higiene da cela para 24 detentos. As marcas decorrentes desta experiência horrível são visíveis nas fotos recentes do ex-deputado.

ENTREVISTA - de Edson Giroto, publicada no Campo Grande News no último dia 28 precisa ser lida pelos políticos e pretendentes a cargos eletivos em 2020. Sem entrar no mérito do processo, a entrevista serve como um alerta para os riscos que hoje correm os gestores da coisa pública. Basta olhar quantos políticos de expressão – daqui e pelo Brasil afora – passaram ou ainda passam pela experiência desonrosa da prisão. Aos olhos céticos da opinião pública na cadeia todos são iguais. O estigma que fica é cruel, eterno. Enfim, se para nós em liberdade o tempo voa, na prisão é uma eternidade.

EM TEMPO - Esse é o perigo ao qual está exposto quem tem o poder, e o tributo que se paga na sua busca a qualquer preço. Os casos de prisões por corrupção e esse clima de suspense (insônia) lembra a lenda grega da espada de Dâmocles, um membro invejoso e adulador da corte do rei Dionísio que lhe ofereceu ser rei só por uma noite com direito a luxuria da corte. Aceitou; mas quando estava no ‘auge da orgia’ viu pendendo sobre sua cabeça uma espada afiada suspensa só por um fio de crina de cavalo. Apavorado fugiu! Aí - o rei lembrou-lhe: “essa espada também pende diariamente sobre a minha cabeça”.

CAMPEÃO - Quem assistiu ao programa Roda Viva no último dia 27 na TV Cultura ficou impressionado com a performance do Ministro da Saúde Luiz H. Mandetta. Ao seu estilo tranquilo de fala pausada respondeu a todos os questionamentos dos jornalistas e outros convidados da produção do programa. Nada ficou sem resposta e pela expressão dos questionadores o ministro foi literalmente aprovado. Com isso Mandeta vai se fortalecendo no cenário político, como ocorre também com a ministra Tereza Cristina – da Agricultura. Enfim, estamos bem representados lá em cima.

ASSUSTADOR - Como pagar salários com os aumentos reivindicados pelo nosso funcionalismo público? O pior: dos 75 mil servidores estaduais quase 20 mil podem se aposentar antes dos 65 anos. São os professores, bombeiros, policiais civis e militares. Isso aumentaria o déficit. Compare: No MS a média da aposentadoria pelo INSS é de R$ 2.246,06; na Previdência Estadual é R$7.207,49. Se a iniciativa privada está estagnada, não rende mais impostos ao Estado. Ora! Estado e União nada produzem: vivem dos impostos. Agiu certo o governo estadual que em 2017 unificou os 2 regimes previdenciários, quando alterou a alíquota de contribuição e reduziu assim o déficit.

PARTIDOS - Cada qual com suas divisões e problemas. Muitos criados apenas para a missão de coadjuvantes. Mas todos eles participam do bolo do poder, de uma forma ou de outra – sempre com vantagens em cargos ou atividades no entorno poder – mesmo em instâncias diferentes. Quando um partido nanico está sendo implantando lá naquele município interiorano, não resta dúvida que está sendo plantada uma semente para germinar ‘dividendo$’ para esse ou aquele grupo. Ao contrário da escolha para dirigentes de Asilo e outras entidades caritativas, para diretórios partidários não faltam pretendentes. Massageia o ego e compensa o bolso – lá na frente.

MARATONA - Pelo calendário eleitoral até 29 de junho todos os partidos terão que estar organizados sob pena de não poderem participar das eleições de 2020. No fundo, essa fase já é uma amostragem da potencialidade dos partidos e das lideranças que vão participar ou influenciar na escolha de seus candidatos e o caminho a seguir em termos de possível coligação. Quem tem o comando do diretório acaba naturalmente ditando as normas. Após esse prazo já teremos definido o painel para se fazer avaliações sobre a tendência nas urnas. Fora disso é pura bobagem.

A VOLTA - Em termos de pluralidade de nomes e de grupos pode-se dizer que a grande novidade partidária foi o retorno do medico Ricardo Ayache ao comando do PSB. Ele que realiza excelente gestão na Caixa de Assistência dos Servidores do Estado, retorna com respaldo da direção nacional para fortalecer a sigla no Estado. Pés no chão e planilha nas mãos - Ayache está fazendo a leitura do quadro eleitoral, consciente de que primeiro precisa plantar as sementes para a primeira safra em 2020. O projeto maior ficaria para a sucessão estadual, ainda distante para nosso exercício da futurologia.

INJUSTIÇADOS - Ao longo das eleições muitos candidatos foram prejudicados pelo sistema das coligações. No pleito de 1998, embora com menos votos acabaram eleitos deputado estadual: Antonio C. Arroyo (PL), Pastor Reginaldo (MDB), Luiz T. de Melo (PDT), Ary Rigo (PDT), José Monteiro (PDT), Sandro Fabi (PPS), Geraldo Resende (PPS), Loester N Oliveira (PDT). Com mais votos que eles, ficaram de fora Sergio Assis, Valdenir Machado, Moyses Nery, Evandro, Dr. Domingos Albaneze, Valter Pereira, Miguel Tabox, dr. Hosne e Vanderley Cabeludo.

TAMBÉM para a Câmara Federal nem todos os mais votados foram eleitos. São os casos de Antonio Cruz (PST) 34.870 votos; Oscar Goldoni (PPB) 31.645 votos; Elísio Curvo (MDB) 30.071 votos; Marcelo Miranda (PL) 24.215 votos; Marco Aurélio (PR) 23.939 votos; Levy Dias (PMN) 23.350 votos; Celso Martins (MDB) 20.393 votos; George Takimoto (PPB) 19.867 votos. Na outra ponta o sistema elegeu com menos votos os candidatos Nelson Trad (PTB) com 28.976 votos e João Grandão (PT) com apenas 19.169 votos – total inferior a votação dos 8 candidatos que ficaram de fora da lista dos 8 eleitos.

MARÇAL FILHO - Político experiente, sem mágoas, aprendeu a ganhar e perder eleições. Sobre isso ele contava-me nesta semana no saguão da Assembleia Legislativa sua frustração nas eleições de 1994 para a Câmara Federal. Mesmo obtendo 28.965 votos – nada menos que 4.510 votos a mais que os 24.455 votos do candidato Flávio Derzi (PPR), acabou barrado pela força da coligação partidária. Aliás, fui conferir e verifiquei que também o candidato Valter Pereira (MDB) com seus 24.710 votos, tinha superado o concorrente eleito. Coisas de outros tempos.

SANTA INOCÊNCIA - Lendo as notícias sobre esse escândalo em Três Lagoas onde havia muita ‘bufunfa’ amoitada fiquei imaginando a situação – no mínimo estranha, desconfortável e desgastante da ex-prefeita Marcia Moura, uma das investigadas na “Operação Atalho” da Polícia Federal. Afinal, presume-se que quem comanda uma administração da proporção daquela cidade que não é tão grande, tenha a leitura mais detalhada da maquina pública. Daí fico matutando; o fato de um gestor ser portador de diploma de nível superior nem sempre garante boa capacidade gerencial. Desgaste para a ex-prefeita e seu grupo político, responsável pela sua eleição. E não adianta chorar.

COMPLICADO - O Brasil tem 66% de sua área preservada, mas o mundo inteiro ( já desmatado) continua criticando nossa política de preservação ambiental. De um lado os ambientalistas ( urbanos) e de outro os ruralistas com seus argumentos interessantes integram um cenário de discussão. Um amigo questionava: “será que o americano, o frances ou um alemão permitiria que ONGs e entidades do exterior metessem o bedelho nas questões internas deles?” O Brasil virou casa de ‘Mãe Joana’. Todo mundo dando palpite.