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Mato Grosso do Sul

Raio X dos feminicídios em MS: 76% das vítimas têm mais de 30 anos e maioria foi morta em casa

Levantamento sobre os 17 casos de feminicídio no estado de 1° de janeiro a 4 de junho.

G1 MS

05 de Junho de 2019 - 16:46

Raio X dos feminicídios em MS: 76% das vítimas têm mais de 30 anos e maioria foi morta em casa

Mato Grosso do Sul registrou 16 casos de feminicídio de 1º de janeiro até 4 de junho deste ano, conforme a Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). Já de acordo com a Subscretaria Estadual de Políticas Públicas para a Mulher, são 17 casos: A morte da indígena Eronilda Gabriel, inicialmente registrado como feminicídio, teve denúncia oferecida como homicídio.

De acordo com o levantamento feito pelo G1 MS, as vítimas tinham entre 17 e 56 anos e 76,4% delas tinham mais de 30. Veja aqui o perfil e a forma como todas foram assassinadas. As estatísticas ainda apontam que a maioria foi morta a facadas e dentro de casa.

Dos suspeitos, 82% estão presos. Dos 17 responsáveis, dois cometeram suicídio após os crimes e um está foragido. Os dados ainda revelam que 76,4% dos crimes aconteceram em cidades do interior do estado, sendo 13 casos, e mais 4 registrados em Campo Grande.

Segundo a Subscretaria Estadual de Políticas Públicas para a Mulher, contando com o caso de Eronilda, das 17 vítimas, 3 são indígenas.

A mais jovem, Jheniffer Cáceres de Oliveira, de 17 anos, foi morta estrangulada com uma coleira de cachorro no dia 1º de abril pelo namorado, de 18. A mais velha, de 56, morreu dois dias depois de Jennifer. Nilce Elias da Rocha Bento foi assassinada a facadas pelo marido dentro de casa. O crime foi na frente de uma das filhas do casal.

De acordo com as estatísticas, 17,6% das vítimas tinham entre 20 e 30 anos. A primeira dessa faixa etária foi Laís Peres Rodrigues, de 26, estrangulada até a morte pelo marido no dia 10 de março. O crime aconteceu em Alcinópolis, a 353 km de Campo Grande. De acordo com a polícia, ela teria denunciado o companheiro por violência doméstica um mês antes da morte.

Segundo a polícia, a motivação da maioria dos feminicídios em 2019 teria sido por duas razões: ciúmes ou porque os homens não aceitaram o fim do relacionamento. Elas foram esfaqueadas, asfixiadas, baleadas e atropeladas.

Conforme o levantamento, a maioria foi morta a facadas e por tiros. Das 17 vítimas, 6 morreram por golpes de arma branca, o que representa 35,2 % e 4, mortas por disparos, sendo 23,5%. Os dados ainda apontam que 17,6% foram estranguladas e 11,7% atropeladas.

Carla Sampaio Tanan, de 36 anos, foi morta após o namorado passar com o carro em cima da cabeça dela no dia 12 de março, em Caarapó. A defesa de Thiago Belatores, de 29 anos, que foi preso semanas depois, diz que a discussão entre o casal teria começado porque Carla, teria "sensualizado muito" na festa onde eles estavam e que ele não tinha a intenção de matá-la.

A maioria dos crimes aconteceram em casa: 58,8% das vítimas perderam suas vidas em suas próprias residências, que dividiam ou dividiram com seus companheiros, ou como no caso da aposentada Ivelin Aparecida, morta pelo sobrinho na casa onde viviam. As demais vítimas foram mortas na rua, em casa noturna ou em área de mata.

O mais recente caso de feminícidio foi no última segunda-feira (3), em uma fazenda de Água Clara, a 190 km de Campo Grande. De acordo com a polícia, Márcia Lescano foi morta após se desentender com o marido, de 32, porque o aparelho de televisão do casal não estava funcionando. Ele foi preso em flagrante.