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Esporte

Cristiane sente falta de novas lideranças e sugere ex-atletas para renovação do futebol feminino

Artilheira da Copa do Mundo pelo Brasil admite preocupação ao não ver jogadoras da atual geração.

G1

28 de Junho de 2019 - 16:19

Uma das declarações mais fortes durante a participação do Brasil na Copa do Mundo da França, deste ano, foi o desabafo de Marta após a derrota para França, por 2 a 1, que eliminou a Seleção da competição. Em lágrimas, a camisa 10 do Brasil disse que não haverá uma Marta, uma Formiga e uma Cristiane para sempre.

Artilheira brasileira do Mundial, com quatro gols, Cristiane faz alerta parecido ao da companheira. Ela ainda não acredita que há uma jogadora da atual Seleção capaz de substituir a liderança destas atletas à altura.

– Eu sinto um pouco de falta, vou ser bem sincera. Acho que cada uma tem um jeito. A gente não pode querer que aquela pessoa faça porque você quer. Acho que isso tem que partir de cada uma. Quando eu era mais nova, eu também não me posicionava, tinha muito receio, medo, de talvez nunca mais voltar pra Seleção. Isso é completamente normal – disse.

– Isso tem que partir de dentro da menina, começar a vir dela. Quando ela tem outras pessoas a sua volta é uma proteção maior, mas é difícil eu citar alguém que de repente diga: "Olha, eu estou aqui. As meninas saíram, mas eu estou aqui". O que é um pouco preocupante, né? – acrescentou Cristiane.

Cristiane desistiu da aposentaria da seleção brasileira no início do ano passado. Depois da saída da técnica Emily Lima do comando técnico do Brasil, a atacante anunciou que estaria passando a camisa 11 para frente. Mas, neste ano, ela voltou ao grupo e se destacou no Mundial.

Diante disso, a jogadora também ressaltou que há uma necessidade de trazer estas ex-atletas para o comando do futebol feminino, e que as deixem trabalhar. Cristiane chegou a citar exemplos de antigas jogadoras da Seleção que estão inseridas no mercado e que poderiam ocupar cargos oficiais no Brasil.

– Eu acho que tem profissionais, ex-atletas, muito qualificadas. Atletas, inclusive, que passaram pela Seleção, que você pode conversar e ter um planejamento, porque muitas moram fora. A Sissi mora nos EUA e ela é simplesmente ídola lá fora, como a Taffarel. Elas trabalham com futebol. Você tem a Simone Jatobá, que foi nossa lateral direita há anos na Seleção. Ela é a única treinadora que tem licença A da UEFA. Então você tem os profissionais – disse.

– Peguem essas atletas, mas não é dizer: "Ah, eu peguei e trouxe ela para cá". Você precisa deixar trabalhar. Você precisa deixar as coisas acontecerem (...) Não faltando com respeito com nenhum profissional que passou pela Seleção, mas acho que também tem ex-atleta com formação que está na hora de começar a deixar trabalhar. Não é porque falaram que precisa ter uma mulher. Não, você tem que deixar trabalhar. E que seja a longo prazo, mas essa oportunidade precisa ser dada. Muitas vezes temos visões bem diferentes, porque nós estivemos ali. Nós somos ex-atletas, sabemos os pontos e as coisas importantes – destacou.

A camisa 11 da seleção brasileira voltou lesionada da Copa do Mundo Feminina, após se machucar na última partida do Brasil na competição. Atleta do São Paulo, Cristiane está prestes a iniciar tratamento para poder voltar ao Tricolor durante o Campeonato Brasileiro Feminino.