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Esporte

Simone Biles conquista o penta, e Flavinha fica a sete décimos do pódio no Mundial de Ginástica

Americana domina disputa do individual para faturar seu segundo ouro em Stuttgart, e brasileira faz melhor prova de sua carreira.

Globo Esporte

10 de Outubro de 2019 - 14:10

Simone Biles parece mesmo estar em um Mundial à parte. A ginasta de 22 anos deu mais um show nesta quinta-feira para conquistar o ouro no individual geral e se tornar pentacampeã da prova mais nobre da ginástica artística. A americana dominou a prova e em nenhum momento teve seu título ameaçado, o segundo que faturou em Stuttgart. Nem mesmo quando deu passos para fora do tablado no solo. A vantagem já era enorme. Simone Biles estendeu seu reinado na ginástica artística.

Flávia Saraiva também teve grande participação na final. A brasileira fez a melhor prova da carreira e somou 55,732, arrancando aplausos com suas séries na trave e no solo, aparelhos em que ela ainda disputa finais em Stuttgart. Oitava colocada no ano passado, Flavinha subiu uma posição no ranking e terminou na sétima colocação. Ela ficou a menos de sete décimos da medalha, que teve a russa Angelina Melnikova com o bronze (56,399), chinesa Tang Xijing com a prata (56,899) e, claro, Simone Biles com o ouro (58,999).

- Eu estava conversando com meu treinador (Francisco Porath Neto), e ele falou que é uma das competições mais importantes antes da Olimpíada para eu me preparar, para ver como eu me sinto. Eu me senti muito bem competindo, passei por cada aparelho pensando um por vez. Foi muito bom. Eu me senti alegre, feliz. Estava me sentindo bem. Foi uma das melhores competições da minha vida. Sei que teve algumas falhas, mas a gente pode melhorar isso. Mas foi muito melhor que minha classificatória e muito melhor que o Mundial do ano passado - disse Flavinha.

O penta do individual geral foi o 16º ouro de Simone na história do Mundial. Ninguém tem tantos títulos como ela. Em uma só prova, há apenas um hexa, o japonês Kohei Uchimura, no individual geral. Mas entre as mulheres só Simone e Svetlana Khorkina são pentacampeãs - a russa tem cinco títulos nas barras assimétricas. E a coleção de medalhas de Simone só tende a crescer em Stuttgart, com mais quatro finais por aparelhos a disputar no fim de semana.

- Não tenho do que reclamar. Terminei em primeiro lugar, então estou bem satisfeita. Pelo alto grau de dificuldade da minha série eu posso ter alguns erros e ainda terminar no topo, mas no fim do dia eu ainda fico decepcionada comigo pelos erros, mas ainda temos as finais (por aparelhos) pela frente e espero que seja muito melhor.

Simone até tinha afirmado que queria uma rival à altura para pressioná-la. Ninguém conseguiu nesta quinta, mas nada que tirasse o brilho da americana, ovacionada na Alemanha. A chinesa Tang Xijing, de 16 anos, foi quem chegou mais perto. A caloura tinha falhado na classificatória e só ganhou a vaga na final porque a China poupou Liu Tingting, que teve muitos erros na final por equipes. Angelina Melnikova chegou ao pódio em um bom dia para levar sua primeira medalha individual em Mundiais. Candidatas ao pódio, a francesa Melanie de Jesus e a americana Sunisa Lee contaram com quedas e acabaram fora da briga.

Prova a prova

Primeira rotação
No ano passado, Simone abriu a final do individual geral com uma queda executando o seu salto homologado, o Biles. Desta vez, a americana optou por um salto menos difícil e mais seguro, um Cheng. Ainda assim foi o salto mais desafiador apresentado no dia e rendeu à ginasta 15,233 pontos para já começar na liderança. A belga Nina Derwael, atual campeã das barras assimétricas, brilhou no seu principal aparelho e ficou na cola, com 15,200.

Segunda rotação
Simone foi para seu aparelho mais fraco, as barras assimétricas, logo depois de a compatriota Sunisa Lee, sua maior desafiante, sofrer uma queda. A americana não desconcentrou e quase cravou a série para conseguir 14,733 pontos e disparar na liderança. Nina Derwael seguiu em segundo lugar, seguida de perto pela canadense Ellie Black, pela chinesa Tang Xijing e pela russa Angelina Melnikova.

Flavinha, por sua vez, foi para o aparelho que primeiro a consagrou, a trave. Finalista olímpica do aparelho, ela foi bem na classificatória e chegou à sua primeira decisão de Mundial na trave. Nesta quinta, Flavinha foi ainda mais precisa em suas acrobacias. Só teve um desequilíbrio médio e perdeu uma ligação de movimentos. A nota de dificuldade foi um décimo abaixo da classificatória, mas a execução compensou muito. Com 14,033 pontos, ela cresceu pouco mais de três décimos em relação à classificatória e subiu para a décima posição.

Terceira rotação
Simone Biles não foi tão precisa na trave como de costume, mas nada que a assustasse. A dificuldade de sua série compensou e lhe rendeu 14,633 pontos, ainda a melhor nota do aparelho no dia, mesmo sem apresentar o seu novo movimento, a saída em duplo mortal grupado com dupla pirueta batizada de Biles. O penta estava encaminhado. A americana já tinha mais de um ponto de vantagem para a chinesa Tang Xijing, que assumiu a vice-liderança depois de uma trave de 14,600 pontos.

Quinta colocada no solo do último Mundial e classificada para a decisão do aparelho novamente em Stuttgart, Flavinha roubou a cena no solo. Toda a arena acompanhou com aplausos seus movimentos. Ela teve um problema na aterrissagem da segunda acrobacia, mas se manteve firme na série e conseguiu 13,933 pontos, ainda um décimo a mais do que na classificatória. Flavinha caiu para a 11ª posição, mas ia para o aparelho que mais dá ponto, o salto.

Quarta rotação
Para fechar sua prova no salto, Flavinha conseguiu uma boa execução em seu Duplo Twist Yurchenko (DTY), mas deu um pequeno passo na chegada, tirando a nota de 14,466. Foi um décimo a menos do que na classificatória, mas o suficiente para selar sua melhor prava de individual geral da carreira, somando 55,732 pontos.

Coube a Simone Biles fechar a disputa no solo. Ela precisava de apenas 12,300 para confirmar o penta. Poderia ter até duas quedas. E olha que a americana falhou, teve problemas em três aterrissagens nas suas acrobacias, incluindo os dois movimentos batizados por ela no solo, mas nada que a assustasse. O título estava na mão e veio com uma nota 14,400, ainda a melhor do solo no dia graças à dificuldade enorme da série (6,6 pontos). Simone somou 58,999 pontos e superou por dois pontos a chinesa Tang Xijing (56,899) e a russa Angelina Melnikova (56,399), que completou o pódio.