Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Quinta, 28 de Março de 2024

Política

Joice Hasselmann diz que Planalto pressionou deputados para tentar dar 'golpe' no PSL

Ex-líder do governo, deputada disse que Bolsonaro foi 'induzido ao erro' e está em 'enrascada'; Planalto não comentará.

G1

20 de Outubro de 2019 - 18:55

Joice Hasselmann diz que Planalto pressionou deputados para tentar dar golpe no PSL

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) afirmou neste domingo (20) que o Palácio do Planalto pressionou deputados para tentar dar um "golpe" no PSL, partido ao qual o presidente Jair Bolsonaro é filiado.

Joice Hasselmann deu a declaração ao fazer uma transmissão ao vivo em uma rede social. Procurada, a assessoria da Presidência da República informou que não comentará o caso.

Na semana passada, Bolsonaro retirou Joice Hasselmann da função de líder do governo no Congresso Nacional.

A deputada deixou o posto após ter assinado uma lista de apoio ao deputado Delegado Waldir (PSL-GO) para a liderança do PSL. Um áudio revelou a articulação de Bolsonaro para tentar colocar o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) no posto.

"Algumas pessoas, eu sinto muito, foram pressionadas e não conseguiram aguentar a pressão. Porque quando alguém do palácio liga ou o próprio presidente liga [...], é obvio que muita gente foi pressionada para tentar dar um golpe no partido, o partido que é o maior da Câmara, e que o presidente precisa desse partido", afirmou Joice Hasselmann.

"O presidente foi induzido ao erro por um grupo de pessoas que realmente está muito preocupado com o fundo partidário, muito preocupado com essas coisinhas que não são tão nobres. E acabou que o presidente caiu nessa baita enrascada, acabou usando o próprio Palácio do Planalto, a estrutura do palácio, para ligar para um ou outro parlamentar, chamar lá e tentar fazer o Eduardo Bolsonaro líder. Seria o presente de Dia das Crianças do Eduardo Bolsonaro", acrescentou.

"Se eu como deputada não tenho o direito de divergir, seja de quem for, inclusive do presidente, não vivo na democracia, aí é ditadura, não é democracia. Na democracia, podemos divergir. [...] As pessoas não podem ser perseguidas, achacadas ou ameaçadas porque divergem. Não é assim, não é assim", completou.

O que diz Eduardo Bolsonaro

Eduardo Bolsonaro fez uma transmissão ao vivo na internet neste sábado na qual disse que Bolsonaro não pode estar sujeito à "bipolaridade" do líder do PSL, Delegado Waldir.

"Comigo na liderança, todos concordaram que a liderança estaria em boas mãos. O próprio presidente Jair Bolsonaro não queria que eu fosse líder, eu também não queria, mas diante desses fatos não vou me acovardar. E, vendo o líder do PSL, que é o partido do presidente, orientando contra a Presidência da República, não sou eu que vou ficar de braços cruzados. Então, começamos a correr atrás de uma lista", afirmou.

"Não me venham com esse papinho, com essa gargantinha 'ai, o presidente interferiu'. Interferindo, nada. Ele está fazendo um projeto para o Brasil e o partido dele dentro da Câmara está indo contra o presidente, porra. Tu acha o quê? Que ele tem que fazer o quê? Que ele tem que ficar 'não vou interferir'?", acrescentou.

Troca de ofensas

Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann trocaram ofensas pelas redes sociais neste sábado.

Ele publicou a mensagem "#DeixeDeSeguirAPepa", e ela respondeu: "Picareta! Menininho nem-nem: nem embaixador, nem líder, nem respeitado. Um zero à esquerda. A canalhice de vocês está sendo vista em todo Brasil".

Além da tentativa de assumir a liderança do PSL, Eduardo Bolsonaro já foi anunciado pelo presidente Jair Bolsonaro como futuro indicado para a Embaixada do Brasil em Washington (EUA).