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Sidrolândia

Avô cria bicicleta adaptada para neta com paralisia que utiliza os dedos do pé para escrever e comer

A menina tem: paralisia cerebral, 'distonia motora' e movimentação involuntária.

G1 MS

25 de Outubro de 2019 - 07:33

Avô cria bicicleta adaptada para neta com paralisia que utiliza os dedos do pé para escrever e comer

A estudante Emily Bonfim Camargo, de 10 anos, foi diagnosticada aos cinco meses de idade com paralisia cerebral, distonia motora e movimentação involuntário, situações que a impediu de andar e que de início, deixou a família dela muito preocupada.

Hoje, a garota que antes era impossibilitada de sair do lugar sozinha, frequenta uma escola de Sidrolândia e tem uma vida regrada a brincadeiras e atividades escolares. Ela utiliza os dedos do pé esquerdo para comer, escrever e fazer os deveres de casa.

Quando Emily começou a fase na qual deveria dar os primeiros passos, insatisfeito com a situação da neta, Clóvis Urias do Santos, de 69 anos, decidiu criar uma espécie de skate e logo depois, adaptou uma pequena bicicleta para que a estudante pudesse ter mais mobilidade e não ficasse limitada:

"Eu não podia deixá-la daquele jeito. Precisava tirá-la do chão", se emociona ao falar de Emily e ainda acrescenta:

Ela é uma menina extraordinária! A primeira vez que ela montou nesse skate e depois na bicicleta, ela não parou mais. Ela passeia comigo e vamos até o supermercado juntos", explica o avô.

Avô cria bicicleta adaptada para neta com paralisia que utiliza os dedos do pé para escrever e comer

Seo Clóvis criou uma espécie de skate para a neta, de 10 anos. — Foto: Emily Bonfim Camargo/Arquivo pessoal

Seo Clóvis que trabalha como pedreiro, conta que nunca pesquisou a forma para adaptar skate ou bicicletas para a neta, mas ao criar o primeiro objeto de locomoção e este dar certo, precisou se reinventar para acompanhar o crescimento da garota.

"Ganhei um par de rodas e comecei a montar algo em que ela pudesse andar. No primeiro [skate] ela subiu e começou a passear de um lado para outro. Quando vi que era possível ajudá-la a ter uma vida normal, eu fiquei muito feliz", explica.

A mãe da estudante, Roseli Bonfim Acunha, de 27 anos, se emociona ao falar da filha. Ela explica que por conta da distonia motora, a garota apresenta movimentos involuntários: "Quando descobrimos sobre a situação da Emily eu chorei. Mas ao passar do tempo, recebemos o apoio de toda nossa família e vi que ela poderia ser capaz de ganhar o mundo inteiro", ela ainda relembra do sogro, como uma pessoa especial na vida da filha.

"Ele tem sido um anjo. Pois ajudou a realizar o sonho dela de poder sair do lugar. Ele [Clóvis] é fantástico. Mesmo sem instrução de um profissional, ele se esforçou e conseguiu adaptar objetos para que minha filha pudesse se locomover, eu realmente sou imensamente grata", chora.

Avô cria bicicleta adaptada para neta com paralisia que utiliza os dedos do pé para escrever e comerEmily resolvendo questão de matemática na escola, em Sidrolândia (MS). — Foto: Lidiane Abreu/Arquivo pessoal

A professora de Emily, Lidiane Abreu, conta que tem uma filha da idade dela e se comove com a situação da estudante. Ela acrescenta que a menina precisa de um computador adaptado que irá ajudá-la ainda mais no processo de aprendizagem.

"Como ela escreve com o pé e está em fase de crescimento, ela sente muita dor. Esses dias meu coração ficou partido quando ela começou a chorar por conta das dores que sentia", se emociona.

De acordo com a professora, a família de Emily não tem condições financeiras de comprar o computador que custa cerca de R$ 3 mil: "Eu também quero ajudar, mas infelizmente também não posso. O teclado desse computador é preparado para ela que escreve com o pé e a ajudaria demais. Na sala de aula eu tenho mais 30 alunos e com esse recurso, instalaríamos um programa no computador que facilitaria muito a vida dessa grande menina", finaliza.