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Esporte

Na Vila, Cristiane cita 'namoro antigo' com o Santos e mira Olimpíada: 'Só vão 16 de linha'

Atacante da seleção brasileira foi apresentada nesta segunda-feira, na Vila Belmiro

Globo Esporte

20 de Janeiro de 2020 - 15:43

O Santos apresentou a atacante Cristiane no início da tarde desta segunda-feira, na Vila Belmiro. Aos 34 anos, a jogadora enalteceu a identificação que tem com o clube e ressaltou o "namoro antigo" para voltar a vestir a camisa 11 do Peixe.

– Um namoro antigo com o Santos. Eles tinham tentando iniciar um conversa ano passado e as coisas não aconteceram. Eu estou muito feliz. Conquistei muitas coisas aqui com as meninas, ajudei bastante, a gente conseguiu alavancar o nome do Santos. Carinho, respeito... Quero alavancar ainda mais esse ano, que a gente possa voltar a estar no topo. Poder ajudar – disse Cristiane, que passou a última temporada no São Paulo, mas não teve seu contrato renovado com o clube do Morumbi.

Diretor da modalidade, Alessandro Rodrigues comentou a dificuldade para conseguir, enfim, trazer a jogadora para o Peixe. Cristiane assinou um contrato de uma temporada com o clube.

– A primeira vez que entrei em contato com a Cristiane foi em 2018. Eu escrevia pelo Whatsapp e apagava, pelor respeito e admiração. No ano passado, tentamos e não deu. Isso só fez crescer o respeito. Não houve leilão. Esse ano falei que não ia perder. Contei com o apoio do Peres para isso. Sabemos da importância da torcida. É prazeroso fazer com que as coisas deem certo. É um número reduzido de atletas para muitos times. Salários aumentam – disse Alessandro.

Mais do que uma temporada de sucesso, Cristiane espera que o Santos lhe ajude a se manter no radar da seleção brasileira principalmente para conseguir uma vaga à Olimpíada de Tóquio, em julho/agosto deste ano. Serão 18 convocadas: duas goleiras e outras 16 jogadoras de linha.

– Quero estar no grupo. Só vão 16 jogadoras de linha. Ela já deixou claro que só vai levar as melhores jogadoras, independente de ter disputado Copas do Mundo ou não. Isso tira você da zona de conforto. Todo mundo se sente importante, é um ganho. Está sendo bacana porque ela tem uma experiência absurda. Tem leitura tática, nos cobra na parte física. Conversou muito comigo. Admiração recíproca. Veio para agregar. O objetivo é entrar na lista, ficar 100% e depois brigar por posição. Está testando todas as atletas. Pode ser que varie muito. Seja totalmente diferente do time que jogou a Copa. Buscar a medalha. Sonho com isso há muito tempo. Medalha de ouro no peito. Tenho orgulho das duas pratas que tenho, mesmo que não deem valor. Objetivo é trazer o ouro no Brasil – analisou Cris.

Multicampeã e quinta maior artilheira da história das Sereias da Vila, com 46 gols em 29 jogos, é a segunda passagem da atacante pelo clube que também defendeu entre 2009 e 2011. Na primeira ocasião, Cristiane venceu uma Copa do Brasil, duas Libertadores e um campeonato Paulista.

Bicampeãs da Libertadores (2009 e 2010) e campeãs brasileiras (2017), as Sereias da Vila ainda não tiveram todo o elenco divulgado para 2020.

Confira outros pontos da entrevista coletiva de Cristiane:

Ano de 2019 para o futebol feminino

– Foi um ano muito importante, modalidade cresceu. Brasileiro será equilibrado, competitivo. Muito bacana as meninas retornando ao Brasil. Mostra que estão se interessando. Assim, a gente continua abrindo portas paras as brasileiras e quem sabe trazer estrangeiras. Tenho amizade com as meninas mais velhas e a gente sempre troca ideia para falar sobre como estão as coisas.

Conversas para voltar ao Santos

– Eu acho que conversaram muito comigo antes de tomar decisão. Santos procurou oferecer a melhor qualidade para as meninas e isso é de anos. Isso é muito importante. Vi o quanto melhorou desde a época que eu estive aqui. A Vila está sendo arrumada. O torcedor tem carinho por nós. Acho que teremos o melhor possível para trabalhar. Foram francos, respeitoso. Se faltar, vamos conversar e isso é o ideal para chegar em acordo. Nunca faltou nada no tempo que passei aqui.

Diferenças da primeira para a segunda passagem

– Eu era pirralha, ganhando experiência em um grupo muito forte. Trago mais experiência como atleta mais velha para impulsionar as meninas. A importância de ser profissional, de ter respeito. Acho que vai ser uma troca bacana.

Conversas com outras jogadoras e Aline Pellegrino, coordenadora de futebol feminino da Federação Paulista de Futebol

– Pelle nos dá abertura para saber o que pode ser melhor, o que pode mudar. É bem legal conversar com ela e com meninas de outras equipes. A gente sabe que esse espaço é importante para alavancar mais ainda. O Paulista é competitivo e podemos nos ajudar.

 Temporada de 2019

– Lesões me prejudicaram bastante. Tive ano de altos e baixos. Projetei um ano diferente. Voltei antes do fim das férias, fiz todo um trabalho para não voltar mal. Estou me cuidando mais ainda. Deixei a desejar, sei tudo o que faltou. Por isso, projeto um ano diferente para mim.

Expectativas para 2020

– Paulista é um campeonato forte. Equipes do interior são qualificadas. Objetivo maior é o Brasileiro. O trabalho vai ser em dobro. Daqui a pouco começa. Vai ser um baita campeonato. Já joguei em grandes ligas fora do Brasil e acho que hoje o Brasileiro está evoluindo muito. Se não for a quinta liga do mundo, está se tornando uma das mais fortes.

– Eu acho que em relação em ser recebida aqui, o torcedor foi super carinhoso e respeitoso comigo. Todo mundo estava me jogando em todos os times do Brasil e ninguém apostou no Santos. Tenho carinho por eles e por tudo que vivi aqui dentro. Comparecer ao estádio, procurar nossas camisas. É legal dar esse trabalho para o pessoal do marketing.

O que traz para o Santos?

– Experiência. Ajudar bastante as meninas mais nova, ajudar a diretoria, também. Troca de ideias. Estão todos para ajudar. Eu me posiciono mais pelas conquistas que tenho na modalidade, acho que tenho um pouco mais de voz. Tem menina que não tem força, não dão espaço ou tem medo. Fico feliz de ser assim. Eu acho bacana trabalhar com comissão que já trabalhei. Estar em casa é a maneira como me receberam. Sentir isso que senti no Alessandro. Emoção de perceber que as pessoas querem trabalhar com você. É realmente fazer com que se sinta em casa. Presidente está sendo muito franco. Isso te dá confiança para falar com outras meninas voltarem ao Brasil. Ninguém vai deixar o time lá fora se não tiver condição adequada para trabalhar. O torcedor santista tem carinho absurdo não só por mim, mas pela história. Nossa história está aqui dentro.

Trabalho nas férias

– Tenho honra muito grande de ter vindo para cá. Voltei antes das férias para voltar bem. Claro que no campo é diferente da esteira. Procurei me preparar para não começar com problemas. Foram lesões que eu nunca tive, foi complicado. Entrei com toda a equipe que trabalha comigo. Preparador da seleção está sempre em contato. Tentar me preparar da melhor maneira possível.

 Fama nas ruas e redes sociais

– Às vezes, é bom. Às vezes, é ruim. Depende da abordagem. Eu tive que aprender a lidar mais ainda depois da Copa do Mundo. Ficamos no meio de não poder fazer as coisas. Não dá para ir ao mercado. São dois lados. Procurar tratar as pessoas da melhor maneira possível. Tirando quem perde um pouco a noção. Estou tentando lidar com o fato das pessoas estarem escondidas nas redes sociais. Tem muita gente que pegou a modalidade agora e falam coisas que te machucam. Temos que bloquear as redes porque te faz mal. Perderam o respeito. Acho que o meu problema maior são as redes.

– Foi difícil porque recebi críticas ofensivas e maldosas. Perfis com quase um milhão de seguidores. Quando você tem muitas pessoas te seguindo, você influencia muita gente. Recebi mentiras, ataques pesados. Chorei. É mentira. Entra no que falei na noção das pessoas. Usa a rede social para fazer o bem e não para atacar atleta. Tenho família, sentimentos... Independente de ser paixão do torcedor. Você paga o mal que faz para o outro. Conversei com assessoria, fechei. Fico louca quando escrevem o que é mentira. Outras páginas que fiz amizade me procuram para esclarecer. Rede social é arma para o covarde.