Luto
Exemplo de superação; sem uma das mãos, laçador coleciona inúmeras conquistas
João Maik é um laçador profissional, dono de um currículo respeitável de vitórias.
Danielle Martins / Região News
12 de Dezembro de 2016 - 13:45
João Maik Acosta Fernandes nasceu sem a mão direita. Este jovem de 24 anos, tímido, de palavras contidas, conseguiu superar esta peça que a genética lhe aplicou, com força de vontade e um talento incomum, até para muita gente sem nenhuma limitação física. João Maik é um laçador profissional, dono de um currículo respeitável de vitórias. Sucesso que lhe rendeu prestígio e renda para se manter, a mãe e os irmãos menores, além de reformar a casa da família.
Foto: 2M Produções
Sua destreza e habilidade no manejo do laço com o braço esquerdo, e a capacidade de se equilibrar no cavalo tendo apenas o antebraço direito, fazem dele um fenômeno improvável neste esporte, onde iniciou aos 14 anos e hoje é veterano com 10 anos de carreira. Impossível extrair de João Maik qualquer lamento ou queixa pela limitação física. Pelo contrário, parece que aprendeu a conviver com ela sem recalques.
João Maik com seu irmão Patrick de 16 anos.
Foto: Whatsapp Região News
A limitação física, não impediu que o filho de dona Cleonice Acosta Fernandes, fosse uma criança ativa e peralta, que brincava com os irmãos e vizinhos da mesma idade. O primeiro esporte, como o da imensa maioria de garotos, foi o futebol. Jogava todos os dias, não importava onde. Era sagrado jogar bola, conta ele.
Depois do futebol, seu programa favorito era tomar tereré na casa de um vizinho, o Nil, que o apresentou ao laço comprido. João era um expectador assíduo das demonstrações de Nil, que na falta do boi, laçava num cavalete feito de madeira. Numa destas ocasiões, aceitou o desafio de jogar uma armada e, já na segunda tentativa acertou.
Vencedor da moto. Comemorando com amigos.
Foto: Whatsapp Região News
Nil se impressionou com agilidade de João e o levou até a Lucas Battistelli, proprietário de um rancho, apaixonado por laço comprido. Nasceu de imediato uma simpatia mútua, ao ponto de Lucas ter assumido o papel de praticamente um pai para aquele menino de 14 anos.
Conheci o João ainda menino. Como não tinha condições financeiras, mas muita vontade de laçar, resolvi então ajudá-lo no que fosse preciso, não só pagando as inscrições para participar das provas, custeando seus deslocamentos, mas sempre o orientando a trilhar o caminho do bem. Sempre instruí o João pra se tornar um homem de caráter. Ele doma cavalos aqui, e tem livre acesso ao Rancho. Hoje se tornou um fenômeno do laço comprido, concluiu Lucas.
As vitórias dentro do estado começaram a surgir cedo, no principiar da sua carreira. Logo na segunda disputa, na categoria bandeira, conquistou o título. A partir daí, ficou evidente que seria capaz de ir além de suas limitações físicas.
João Maik, Ítalo Fernandes (locutor) e Juliano Chulé. Após ganhar a Montana em janeiro de 2016.
Foto: Whatsapp Região News
Com o bom desempenho, começaram a surgir os patrocínios para participar de outras provas em locais distantes de Sidrolândia. Foram diversos prêmios, desde uma moto em 2014, à uma Montana em 2016 (com o companheiro Juliano Chulé), e das 50 armadas seguidas numa disputa de Individual (com o amigo Fernando Ramos).
Vencedores do Individual com 50 armadas. Fernando Ramos de colete preto.
Foto: Whatsapp Região News
João também já pôde estar entre os melhores laçadores do ano, não parando por aí. Foi para Florianópolis (SC) laçar com o parceiro de laço, Gaúcho Leite, realizando um grande sonho. Por falar em sonho realizado, conseguiu realizar o de sua mãe, que era de aumentar sua casa. Ele diz que deve isso à Deus e ao grande amigo Izanelinho, no qual João laça pra sua equipe, e tem eterna gratidão à ele.
Sua equipe comemorando as vitórias no Circuito de Laço Comprido (CLC). Izanelinho é o segundo da esquerda para direita.
Foto: Whatsapp Região News
Tudo que sou e que tenho, foi Deus e o Laço Comprido que me proporcionaram. E serei eternamente grato à todo o apoio e ajuda que tive durante esses anos, não esqueço de ninguém, finalizou.