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Economia

Lavouras de Arroz desaparecem de Dourados

Dourados News

22 de Novembro de 2010 - 13:00

Em menos de cinco anos as lavouras de arroz podem desaparecer totalmente em Mato Grosso do Sul. Essa previsão dramática é dos próprios produtores, que sentem na pele a falta de estímulo por parte do governo anos após anos. Para se ter uma ideia, conforme dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1990, a área plantada de arroz no Estado era de 136.864 mil hectares, em 2009 já havia despencado para 34.217 mil hectares, uma queda de 75% num período de 20 anos.

Esses dados foram apresentados na sexta-feira passada durante uma reunião realizada no Sindicato Rural de Dourados, onde reuniu produtores, representes das indústrias de beneficiamento e represente da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul) e da Associação dos Produtores de Arroz e Irrigantes de Mato Grosso do Sul (Apai). Essa foi a primeira de uma série de reuniões que o grupo pretende realizar, com objetivo de expor e colher informações da situação atual da cadeia produtiva do arroz no Estado. Segundo um dos representantes da Apai, Diego Fujii, a ideia é montar um projeto e encaminhar as propostas ao governo do Estado afim de reverter a dramática situação em toda a sua cadeia pro-dutiva do arroz em Mato Grosso do Sul.

De acordo com o produtor rural, Guilherme Pegorer, por causa da falta de incentivo, o prejuízo do produtor rural gira em torno de 20% a 25% a cada safra. A consequencia, é que os produtores estão tendo cada vez mais dificuldade em colocar o produto a venda. “Temos produtores que já terminaram de colher a produção e não tem onde colocar”, disse.

GUERRA FISCAL - O setor industrial de arroz de MS vem sentido na pele a dificuldade de se introduzir o arroz bene-ficiado no mercado por causa da forte concorrência com as industrias de outros estados causada pela “guerra fiscal”, principalmente com os estados de Goiás, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Rondônia e Tocantins, onde a legislação tri-butária é muito mais acessível.

Diego Fujii explica que enquanto a indústria de arroz do Estado arca com carga tributária elevada, custos de produção e investimento em marketing para conseguir colocar o produto no mercado, chegam as empresas de outros estados, que não têm os mesmos gastos, e introduzem o mesmo produto no mercado a preços competitivos, causando prejuízos elevados para as indústrias locais.

Por consequencia disso, várias indústrias já fecharam as portas, causando prejuízos para o próprio Estado e aumento do desemprego.

Hoje, para comercializar o produto dentro do Estado as industrias são obrigadas a pagar 7% de imposto sobre o total da nota fiscal. Para fora do Estado a carga tributária é de 12%. “O que o cadeia produtiva do arroz deseja neste momento, é fazer um diagnóstico completo da situação atual, ouvindo produtores e industriais para apresentar ao governo do Estado propostas reais que realmente venham reverter o quadro dramático quanto produção de arroz no Estado”, acrescentou Diego Fujii.