Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Sexta, 29 de Março de 2024

Artigos

Por Marcos Tomé: O jogo cruel e inesperado dos bastidores do “PODER

Diante da frustração da derrota no embate pela presidência da Câmara Roberta ficou visivelmente decepcionada e sufocou o quanto pôde o choro

Marcos Tomé/Região News

15 de Dezembro de 2010 - 17:45

Por Marcos Tomé: O jogo cruel e inesperado dos bastidores do “PODER
O jogo cruel e inesperado dos bastidores do - Foto: Marcos Tom

Eleita com a maior votação em 2008 e estreante no Legislativo, a vereadora Roberta Stefanello experimentou hoje uma das nuances de quem se embrenha na atividade política. O amargo sabor das viradas surpreendentes, face visível das articulações de bastidores sempre conduzidas de forma discreta, onde o elemento principal é a silenciosa cumplicidade dos personagens.

Diante da frustração da derrota no embate pela presidência da Câmara Roberta ficou visivelmente decepcionada, sufocou o quanto pôde o choro que os olhos marejados de lágrimas denunciavam. A emoção foi tão forte que ela deixou de lado o protocolo e simplesmente abandonou o plenário em meio ao discurso do presidente eleito Jean Nazareth.

Em outro político, este gesto poderia ser interpretado como uma descortesia com o colega que venceu a disputa, com quem, aliás, terá de conviver em plenário nos próximos dois anos. No popular, sinal explícito da dor de cotovelo de perdedor. No caso de Roberta, seria injusto sentenciá-la tão implacavelmente.

Foi seu jeito de reagir diante da primeira situação adversa no mundo da política que tem seus próprios códigos, uma lógica que para os mortais comuns soa às vezes incompreensível, onde os limites éticos parecem ignorados.

Em dois anos de mandato Roberta deixou como marca seu recato, confundido com apatia, mais que na realidade é só evidência do seu jeito tímido de ser, notório em situações que os políticos de um modo geral adoram vivenciar. A vereadora é avessa aos flashes, não assimilou ainda a faceta de celebridade que todo personagem político precisa encarnar para fazer carreira longa. 

Por exemplo, ela reluta em se deixar fotografar em eventos, comemorações oficiais do Legislativo, ao lado de personalidades de maior expressão política como o governador, um senador, um deputado federal e outros.    

Enfim, consolada pela atual presidente da Câmara, por amigos, familiares o marido, Roberta deixou o plenário, provavelmente para chorar em casa, sem testemunhas. Repensar se de fato, fazer política a faz a feliz, realizada. A vereadora que aos olhos da sociedade seria eleita por unanimidade de voto, amargou a dura e cruel realidade do jogo bruto e inesperado dos bastidores do poder.