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Sidrolandia

Com balde cheio, assentado aumenta em 220% produção de leite

Flávio Paes/Região News

09 de Abril de 2012 - 08:41

Depois de quatro anos usando as técnicas preconizadas no programa balde cheio, técnica de manejo do gado leiteiro desenvolvido pela Embrapa do Sudeste Paulista, uma família de pequenos produtores do sítio Estrela Cadente no Assentamento Vista Alegre, conseguiu aumentar em 220% a produtividade do seu rebanho de 14 vacas leiteiras, além de aumentado em mais de 1000% a renda bruta da propriedade, que saltou de um faturamento diário de R$ 13,20 para R$ 153,87. Num mês o faturamento na propriedade de 20 hectares, tocada apenas pela família, o pai, a mãe e a filha, saltou de R$ 396,00, menos de um salário mínimo, para R$ 4.616,10, o equivalente a 7,22 salários mínimos.

Como a produção diária subiu de 60 para 220 litros, mesmo na entressafra, a família do produtor Antônio Brito, conseguiu negociar melhores preços com a indústria compradora, que hoje paga entre R$ 0,60 e R$ 0,70 pelo litro de leite, ante os R$ 0,22 e R$ 0,48 que oferecia até 2008. Antes a produtividade média diária por animal era de 4,8 litros, hoje saltou para 15,7 litros.

Para melhor a produtividade do rebanho, sem necessidade de trocar as vacas, a família teve de fazer um investimento em torno de R$ 3 mil na implantação de um sistema de irrigação de pastagem, troca do pasto de brachiaria pelo capim Tifton-85, além de reforço da alimentação com ração feita de milho e casca de soja. O resultado tem sido bem animadores que o produtor fez um financiamento do Pronaf para construir um barranco para instalar a ordenha mecânica e comprar um tanque resfriador do leite. Mais quatro vacas leiteiras foram compradas como parte da meta de atingir a produção diária de 500 litros.

O que mudou no sítio foi o manejo. No passado, o alimento vinha do pasto de brachiaria. Hoje, duas vezes ao dia, as vacas comem ração feita de milho e casca de soja. Os animais, que antes precisavam circular por 40 hectares de pasto, agora se alimentam em apenas 1,6 hectares. Ou seja, como tem menor esforço físico porque circulam menos, produzem mais. A irrigação garante pasto verde o ano inteiro e produtividade alta. Adiciona-se ao capim, na proporção de meio quilo por cabeça de gado em cada piqueta, meio quilo de ureia, suplemento . O resultado é pasto verde o ano inteiro e produtividade e alta. Por ano, são 37 mil litros de leite por hectare.

O exemplo da família Brito serve a outros pequenos produtores rurais, segundo o engenheiro agrônomo Mário Barbosa. "Enquanto o produtor não tomar consciência de isso merece ser cuidado como uma lavoura, não vai conseguir bons resultados", diz.

Por enquanto experiências como a desenvolvida no Sitio Estrela Cadente são exceção na bacia leiteira de Sidrolândia, que hoje tem uma produção de no máximo 30 mil litros, com produtividade média por animal de três litros, inviabiliza a atividade como uma fonte de renda das famílias que usa o leite para consumo próprio a produção artesanal de queijo. A maior parte da produção comercializada é vendida para o laticínio Vencedor com unidades em Terenos e Rio Brilhante, que desde a venda para a BR- Brasil Food tem atrasado os pagamentos. O Balde Cheio por enquanto está restrito a poucas propriedades no município.