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Sidrolandia

Depois de uma semana de ocupação, índios dividem área em 72 lotes e vão erguer barracos

Boa parte das casas e barracos sofre com alagamentos, que tendem a piorar, quando estas regiões mais altas forem asfaltadas.

Flávio Paes/Região News

28 de Julho de 2014 - 08:22

Os índios terena da Nova Tereré que há uma semana ocupam 3,2 hectares remanescentes da Estância Serrana, enfrentaram o frio do domingo para dividir a área em 72 lotes de 200 metros quadrados cada um, iniciar a construção dos barracos e vão pedir apoio da Prefeitura para abertura das ruas, principalmente do prolongamento da Rua Hélio Martins Coelho.

A comunidade reivindica a desapropriação ou compra da gleba para reassentar 30 famílias residentes em áreas de risco na aldeia e 40 desaldeadas que comprometem quase 40% da renda familiar com o pagamento de aluguel. A Prefeitura já iniciou negociação com o proprietário.

Entre os que trabalharam na limpeza da área neste domingo estava Laercio Pio, 38 anos, que há quatro anos trocou a Aldeia Água Branca, em Aquidauna, pela Nova Tereré. Ele mora com o pai, a mulher, um irmão e os filhos, num barraco que construiu para se livrar do aluguel. “Toda vez que chove é o mesmo sofrimento: alaga tudo. Se for à noite, ninguém dorme com medo da enxurrada leva tudo”, explica.  

http://i.imgur.com/8x2NL8P.jpgQuem também está perseguindo a realização do sonho da casa própria é Marcio Martins Joaquim, 25 anos. Seu objetivo é economizar os R$ 350,00 que hoje paga de aluguel para comprar material e construir pelo menos duas peças para entrar junto com a mulher (Luzetina Elias Muchacho, 26)  e a filha de colo.

O casal trabalha há três anos da Seara/JBS, Márcio também trocou Aquidauana por Sidrolândia em busca de uma oportunidade de trabalho.  O casal tem uma renda familiar de R$ 1.250,00, comprometida em quase 30%  só com o aluguel da casa.

Aldeia

A Nova Aldeia Tereré surgiu em 2010, quando o então prefeito Daltro Fiuza, adquiriu três hectares ao lado da aldeia urbana Tereré que acabou perdendo a liderança sobre a nova comunidade. Tem uma topografia irregular, parte fica sobre a nascente do Córrego Cortado, onde deságua toda a enxurrada que desce do Residencial Morada da Serra e do Loteamento Petrópolis.

Boa parte das casas e barracos sofre com alagamentos, que tendem a piorar, quando estas regiões mais altas forem asfaltadas. Como é uma área de preservação ambiental não há como buscar recursos para implantar um sistema de drenagem, que custaria aproximadamente R$ 2 milhões.