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Sidrolandia

Vítima de fogo selvagem, garoto de 11 anos há um mês definha e não há atendimento no SUS

O corpo de Micael está tomado por bolhas que depois de arrebentadas, se transformam em feridas, algumas inclusive no couro cabeludo.

Flávio Paes/Região News

22 de Agosto de 2014 - 14:19

O caso de um garoto de 11 anos, Micael Rosário Gomes, morador no Assentamento Barra Nova a 95 quilômetros da área urbana, que chegou na manhã desta sexta-feira ao Hospital Elmiria Barbosa trazido pelo vereador Edno Ribas, comoveu a todos, desde a recepcionista, passando pelo pessoal administrativo e até mesmo o médico plantonista.   

O corpo de Micael está tomado por bolhas que depois de arrebentadas, se transformam em feridas, algumas inclusive no couro cabeludo. Os sintomas começaram aparecer há um mês, desde então, não consegue andar com o atrofiamento das articulações das suas pernas.  

Com o agravamento do seu problema de saúde, não conseguiu ir mais a aula (é aluno do 5º da Escola do Barra Nova) e se alimenta praticamente só com líquidos. O diagnóstico preliminar feito pelo plantonista no hospital é de que Micael tem fogo selvagem.  

Desde os primeiros sintomas que apareceram na mão do garoto, dona Maria Madalena, levou ele duas vezes na Unidade Básica de Saúde mais próxima do lote 68 onde mora, a do Capão Bonito II, que fica a 30 quilômetros. O médico, dr. Francisco, limitou-se a receitar uma injeção de Benzetacil, com um pedido de exame de hemograma.

A situação do garoto é tão chocante, que ontem ao se deparar com seu quadro depois que saiu  do atendimento na UBS do Capão Bonito II, uma servidora pública municipal cedida para trabalhar no posto dos Correios interpelou a mãe de Micael para saber qual era a doença do menino.

Como ela disse que não tinha condições de trazê-lo para cidade, a servidora resolveu fazer uma ‘”vaquinha”, levantou os recursos entre os conhecidos para pagar a lotação que trouxe a mãe e o filho, além do exame de sangue. Ao chegar ao laboratório o bioquímico recomendou que o menino fosse levado ao hospital porque não conseguiu localizar a veia dele.

Ao se deparar com o estado do menino, a diretora administrativa do hospital, Vanda Camilo, o encaminhou de imediato para uma enfermeira onde foi atendido pelo médico plantonista que fez o diagnóstico de fogo selvagem.

O problema é que em Mato Grosso do Sul só há um hospital especializado no tratamento desta doença: O Hospital do Pênfigo em Campo Grande, que não é credenciado ao Sistema Único de Saúde. Uma atendente do hospital confirmou a disponibilidade de leitos, mas o tratamento é particular.