Fazenda reivindicada por índios tem conflito entre herdeiros para comandar o inventário

A Fazenda Água Clara, que fica numa região reivindicada como parte da Reserva Buriti é também alvo de um conflito judicial pelo comando do inventário entre dois dos três herdeiros da propriedade de 522 hectares que pertencia a Afrânio Pereira Martins.  Em junho passado a Justiça destituiu Afrânio Celso Pereira Martins Filho da função de inventariante do espólio que ele exerceu por quatro anos.

Foi substituído por uma das herdeiras, Maria do Carmo Cunha que tem como procuradora a mãe dela. Em junho passado dona Glória Cunha Ortiz, teve o respaldo da justiça para tomar posse da propriedade. Resolveu dispensar os dois funcionários que Afrânio mantinha na propriedade, os levou a Campo Grande onde pagou os direitos trabalhistas de ambos.

Segundo disse à reportagem do Região News, para sua surpresa quando retornou à fazenda dois dias depois, encontrou Afrânio em companhia dos funcionários que ela havia demitido. Com ajuda dos peões que andavam armados, ele não só a ameaçava, mas  também ao terceiro herdeiro (Sebastião Pereira Martins). Como parte da estratégia de intimação, determinava aos peões que trancassem o portão de acesso. Ela conta que a situação chegou num ponto crítico porque haviam 12 pessoas na propriedade que não a  respeitavam ao ponto de não ter acesso nem ao quarto onde dormia.

Com medo, dona Glória recorreu novamente à Justiça que acolheu o seu pedido de reintegração de posse. Os oficiais de Justiça estiveram na fazenda duas vezes para notificar Afrânio. Como ele ignorou a determinação de sair da fazenda espontaneamente, na tarde desta quarta-feira foi requisitada a força policial para fazer valer a decisão judicial. Quando chegaram lá, os policiais encontraram quatro funcionários, dois deles menores, além de armas, pequena quantidade de drogas e uma motocicleta roubada.   

A Fazenda Água Clara tem quase mil cabeças de gado no pasto. Fica próxima as fazendas Vassouras, Cambará e São Bento, todas reivindicadas como terra indígena. É uma das poucas que ainda estão ocupadas pelos terenas. Em julho de 2013 foi retomada por menos 24 horas. Os índios deixaram a área após acordo com o advogado dos proprietários.