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Sidrolandia

Novo salário mínimo é recebido com desânimo por trabalhadores

Mesmo indicando um ganho real de 2,3%, se confirmada a meta de inflação de 6,5%, projetada pelo Governo Federal, a reação é de desânimo com o valor e com o impacto na economia

Campo Grande News

29 de Agosto de 2014 - 16:58

Com um aumento de 8,8% em relação ao valor atual, o reajuste do salário mínimo, que valerá R$ 788,06 a partir de janeiro do próximo ano, não anima o trabalhador nas ruas. Mesmo indicando um ganho real de 2,3%, se confirmada a meta de inflação de 6,5%, projetada pelo Governo Federal, a reação é de desânimo com o valor e com o impacto na economia. 

"Quando aumenta o mínimo, aumenta tudo. Ou seja, não adianta nada. Esses 60 reais são um aumento tão pequeno que não representa nem 10% do salário", define o atendente de farmácia Gilnandson Conceição de Lima, de 22 anos, numa fala que resume o descrédito diante do reajuste.

A decepção de Gilnandson é a mesma da dona Severina Leme de Toledo, de 68 anos. Para ela, além de ver o preço dos produtos acompanharem qualquer aumento de salário, a sensação de ver tanto esforço não ser recompensado devidamente é ainda pior. "Não adianta nada, não tem pra quem reclamar", desabafa.

O universitário Ueslei Schmidt, de 28 anos, trabalha no setor de recursos humanos de um grande supermercado da capital e ganha pouco mais que um salário mínimo. Apesar de seus rendimentos não variarem quando há reajuste no mínimo, o estudante também considera a porcentagem de aumento muito baixa. "Quando uma pessoa é promovida aqui no supermercado, ela ganha pelo menos 100 reais a mais de salário. Ou seja, o aumento no mínimo é muito baixo", conclui.

Pagamento - Para quem é dono do próprio negócio, o aumento significa gastos a mais. "Faz diferença para o comerciante pagar esse valor a mais para o funcionário, mas é merecedor, afinal, também não é muito para eles. Mas do jeito que está o comércio, quem pretende contratar muito funcionário pode acabar querendo desistir", compartilha Maria Luciene da Silva Gonçalves, dona de uma loja de roupas no centro da Capital.

O também comerciante Clayton Barbosa Nunes, de 56 anos, acredita que o problema não se restringe ao tímido reajuste. Para ele, o mercado está desaquecido, por isso é mais difícil dar um descanso ao bolso. "Se as taxas não baixarem e não tiver um incentivo, muitos estabelecimentos comerciais vão acabar fechando", acredita.

Clayton tem outra loja, em outro ponto da cidade, e até o final do ano tinha a intenção de contratar funcionários para trabalharem no local. "Mas a gente fica preocupado (com os gastos), não sei se vou contratar. Além de tudo tem o aluguel. Esse é o mais complicado para pagar porque é muito caro", conta.

Ele traz produtos de Goiânia, capital de Goiás, para vender. "Pago R$ 17 reais de imposto por produto para trazer de Goiânia para Campo Grande. Chegando aqui, tem que pagar mais R$ 17 de inscrição estadual. Se você fizer as contas, estou trabalhando para o governo", finaliza.

O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) faz, mensalmente, pesquisa dos valores da cesta básica de alimentos e compara com o salário mínimo. Com os valores de julho, que apontaram R$ 293,55 como o gasto para alimentar uma pessoa, os itens básicos da mesa do trabalhador consumiriam 37% do novo salário mínimo.

Sobrariam os outros 63% para dar conta das despesas de transporte, saúde, educação, e ainda lazer. Para o Dieese, o salário mínimo ideal do brasileiro superaria os R$ 2,8 mil, três vezes e meia o valor do salário mínimo para 2015.

O também comerciante Clayton Barbosa Nunes, de 56 anos, acredita que o problema não se restringe ao tímido reajuste. Para ele, o mercado está desaquecido, por isso é mais difícil dar um descanso ao bolso. "Se as taxas não baixarem e não tiver um incentivo, muitos estabelecimentos comerciais vão acabar fechando", acredita.

Clayton tem outra loja, em outro ponto da cidade, e até o final do ano tinha a intenção de contratar funcionários para trabalharem no local. "Mas a gente fica preocupado (com os gastos), não sei se vou contratar. Além de tudo tem o aluguel. Esse é o mais complicado para pagar porque é muito caro", conta.

Ele traz produtos de Goiânia, capital de Goiás, para vender. "Pago R$ 17 reais de imposto por produto para trazer de Goiânia para Campo Grande. Chegando aqui, tem que pagar mais R$ 17 de inscrição estadual. Se você fizer as contas, estou trabalhando para o governo", finaliza.

O Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) faz, mensalmente, pesquisa dos valores da cesta básica de alimentos e compara com o salário mínimo. Com os valores de julho, que apontaram R$ 293,55 como o gasto para alimentar uma pessoa, os itens básicos da mesa do trabalhador consumiriam 37% do novo salário mínimo.

Sobrariam os outros 63% para dar conta das despesas de transporte, saúde, educação, e ainda lazer. Para o Dieese, o salário mínimo ideal do brasileiro superaria os R$ 2,8 mil, três vezes e meia o valor do salário mínimo para 2015.