Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Terça, 23 de Abril de 2024

Sidrolandia

Assentados de Sidrolândia recebem 55 kits de irrigação esperam dobrar produção leiteira

Atualmente a bacia leiteira do município mobiliza aproximadamente mil pequenos produtores, que colocam no mercado aproximadamente 10 mil litros diários.

Flávio Paes/Região News

15 de Setembro de 2014 - 08:21

Depois de dois anos do lançamento do programa, 55  assentados de Sidrolândia  produtores de leite receberam neste mês kits para irrigação de 0,5 hectare de suas propriedades onde construíram reservatórios, instalaram a tubulação, aspersores, medidores de pressão e registros. Com estes equipamentos, adquiridos ao custo de R$ 11 mil pelo Governo do Estado, por meio do Programa Leite Forte, a expectativa é dobrar a produtividade do rebanho leiteiro. Também será oferecido o suporte técnico por meio da Agraer.

Atualmente a bacia leiteira do município mobiliza aproximadamente mil pequenos produtores, que colocam no mercado aproximadamente 10 mil litros diários, embora haja quem projete um volume três vezes maior (30 mil litros), como o ex-secretário Nilo Cervo, que por mais de 20 anos manteve o único laticínio da cidade.

Entre os produtores contemplados com o kit está o casal Vera e André Sartori, do Capão Bonito 2, que mesmo antes da chegada do programa de fomento governamental, são considerados grandes produtores para os padrões locais. Eles conseguem obter diariamente 300 litros com um rebanho de 18 animais distribuídos em piquetes formados nos 9 hectares de pastagem.

A produção é vendida para uma indústria de São Gabriel do Oeste, que paga mais de R$ 1,00 por litro, preço que deve cair, depois de passar este período de entressafra. O segredo da produtividade destes produtores, é a suplementar alimentação do gado na base do capim Tanzânia, com a aveia produzida no sítio que tem como fator diferenciado, a existência de um pequeno riacho que garante o suprimento de água mesmo no período de seca, sem necessidade da perfuração de poço artesiano.

Dona Vera diz que se os resultados com a irrigação da pastagem fez com que conseguissem melhor produtividade, ela e o marido estão dispostos a investir para dobrar a área irrigada. Inicialmente cinco vacas foram colocadas nos piquetes já formados. Outra preocupação é com o custo da energia que terá um aumento de consumo por causa do uso das bombas para fazer funcionar os aspersores, equipamentos que regam a  pastagem.

http://i.imgur.com/M5j0SYa.jpg“Quem precisa usar poço artesiano terá uma despesa ainda maior”, comenta. Uma das alternativas é pedir junto à distribuidora, os benefícios da tarifa diferenciada (mais barata) assegurada para o uso da energia para fins de irrigação. O ex-secretário Nilo Cervo, está convencido de que Sidrolândia tem todas as condições de ser um importante pólo de produção leiteira, aproveitando o fato de concentrar em seu território, 5 mil pequenas propriedades.

“Se houvesse uma organização em cooperativas, com certeza, a produção poderia no mínimo dobrar”, avalia. Quando estava na Prefeitura, ele tentou, sem sucesso, viabilizar um laticínio que seria implantado numa área de 1,5 hectare, doada para os empreendedores. Eles desistiram do projeto porque não conseguiram viabilizaram um financiamento de R$ 10 milhões junto ao Banco do Brasil.

Era um projeto ambicioso, que previa a compra diária de 120 mil litros e fomento a produção com oferta de assistência técnica e aquisição de vacas leiteiras, por meio de financiamento.  A instalação de um laticínio em Terenos (com capacidade para processar 650 mil litros de leite) também contribuiu para enterrar de vez o projeto.  

O único laticínio da cidade, que pertencia a Nilo Cervo, fechou há quatro meses. A indústria (que vendia o Leite Belo), chegou pasteurizar 2 mil litros de leite por dia. Hoje, como falta assistência técnica, muitos produtores não tem recursos para comprar gado leiteiro de melhor linhagem, a produtividade média é baixo.

As indústrias (de Dourados, Campo Grande, Terenos, São Gabriel, Rio Brilhante), impõe os  preços e muita gente prefere a produção apenas artesanal, fabricando queijo ou vendendo de porta em porta, o leite caipira. “Consigo uma produção em torno de 60 litros por dia. Vendendo para o laticínio conseguia por mês no máximo R$ 500,00. Agora lucro bem mais, eu próprio entrego nas casas em Sidrolândia”, comenta o assentado Francisco Quirino, do Assentamento Vista Alegre. 

O programa  

Estão sendo instalados neste mês, 500 kits de irrigação de 0,5 ha nas propriedades dos produtores de leite assistidos pelo Programa Leite Forte. Os kits contam com reservatório, bomba, tubulação, aspersores, medidores de pressão e registros. Até dia 10 de setembro foram instalados 83 kits em 83 propriedades rurais, sendo 55 em Sidrolândia, 15 em Rio Brilhante e 13 em Bandeirantes.

No próximo dia 15 inicia-se mais uma frente de trabalho em 15 propriedades no município de Terenos. A irrigação é uma técnica fundamental para produção de forragem no período seco, quando a produção de matéria seca e a qualidade do pasto sofrem uma queda. A produção de leite com base em pastagens é, em geral, a forma mais barata de se produzir leite, possibilitando ao produtor obter uma margem de lucro maior.

"Naturalmente que esta tecnologia deve estar aliada a outras, como um bom manejo reprodutivo, sanitário, bem estar do rebanho, suplementação mineral e proteica e da própria pastagem que recebe a irrigação", afirma Fernando Nascimento, coordenador do Leite Forte. “Por isso, a assistência técnica torna-se fundamental, inclusive para o aperfeiçoamento gerencial da atividade leiteira”, finaliza o coordenador.

O Leite Forte deve auxiliar na gestão e assistência técnica das propriedades leiteiras. Numa primeira etapa 1,5 mil produtores na região central de MS serão atendidos em 17 municípios: Anastácio, Aquidauana, Bandeirantes, Camapuã, Campo Grande, Corguinho, Dois Irmãos do Buriti, Jaraguari, Nova Alvorada do Sul, Nioaque, Ribas do Rio Pardo, Rio Brilhante, Rio Negro, Rochedo, São Gabriel do Oeste, Sidrolândia e Terenos.