Logomarca

Um jornal a serviço do MS. Desde 2007 | Sexta, 26 de Abril de 2024

Economia

Sem receber novos investimentos, em sete anos Sidrolândia perde 849 empregos com carteira

Caiu também a geração de empregos na área industrial com o fechamento de 343 vagas (11.224 admissões e 11.567 demissões).

Flávio Paes/Região News

15 de Setembro de 2014 - 10:23

Nos últimos sete anos o ritmo do desenvolvimento econômico de Sidrolândia não tem acompanhado o crescimento populacional da cidade que teve o maior incremento populacional entre os 79 municípios do Estado. Como entre 2007 e 2014 a cidade não atraiu nenhuma grande indústria, isto se refletiu na queda de 26,84% na sua participação no rateio do ICMS. Os dados do Ministério Trabalho e Emprego mostram o fechamento neste período de 849 empregos com carteira assinada, com o registro de 35.228 contratações e 36.077 demissões.

Com o corte de 1.124 empregos, o setor com maior enxugamento de pessoal foi à agricultura, embora hoje o município esteja entre os quatro maiores polos estaduais de produção de soja e milho, culturas altamente mecanizadas, com uso restrito de mão de obra. O avanço do agronegócio não foi acompanhado pela consolidação da agricultura familiar como atividade econômica relevante, tanto que a maioria dos 5 mil assentados do município depende de aposentadorias e programas sociais para sobreviver.

Sem receber novos investimentos, em sete anos Sidrolândia perde 849 empregos com carteiraCaiu também a geração de empregos na área industrial com o fechamento de 343 vagas (11.224 admissões e 11.567 demissões). As duas empresas do setor de têxtil (Tip e Top e Via Blumenau), cortaram turnos de produção, eliminando 166 empregos.

O setor industrial responde por quase 40% dos empregos, mesmo com as dificuldades destas indústrias e o fechamento da Usina Santa Olinda, em Quebra Coco, que entre o setor agrícola e industrial, chegou a gerar 3 mil empregos na safra, quando funcionava na sua plenitude.

Sem receber novos investimentos, em sete anos Sidrolândia perde 849 empregos com carteiraHoje a indústria está abandonada e parte dos seus 7 mil hectares (4 mil) foi arrendada para o plantio de soja já a partir da próxima safra. O fechamento de empregos em Sidrolândia contrasta com o crescimento da oferta de trabalho em  Maracaju, com o mesmo porte populacional e perfil  econômico parecido.

A mesma pesquisa do Ministério do Trabalho e Emprego mostra que entre 2007 e 2014, a economia da cidade vizinha gerou 811 empregos (34.247 contratações e 33.436 demissões). O destaque é o setor agrícola (760 empregos), liderança natural do agronegócio, numa cidade que hoje é o maior polo estadual da produção de soja e milho.

Sem receber novos investimentos, em sete anos Sidrolândia perde 849 empregos com carteiraEmbora tenha uma população menor que a de Sidrolândia (42.107 a 49.712), a população urbana de Maracaju é maior, enquanto a zona rural sidrolandense tem aproximadamente 15 mil habitantes, com 5 mil famílias distribuídas em 25 assentamentos. Em função disso, a cidade vizinha tem mais trabalhadores com carteira assinada (8.509, ante os 6.765 computados na economia sidrolandense).

Sem contar que tem hoje duas usinas de álcool (Vista Alegre e Maracaju), setor que emprega muita mão de obra. Os dois projetos para instalação de usinas em Sidrolândia não saíram do papel e a única existente no município, a Santa Olinda, no distrito de Quebra Coco, como já se mencionou, encerrou suas atividades em julho do ano passado.

Investimentos

Este cenário de estagnação econômica de Sidrolândia deve começar a se reverter com a chegada de um frigorífico (o Balbinos que deve gerar 700 empregos e abater mil cabeças de gado) e a entrada em operação da Rio Pardo Bioenergia, inaugurada em 2012 com a promessa de gerar 300 empregos, mas até agora não entrou em produção (esmagamento diário de 200 toneladas de soja), embora tenham sido investidos R$ 14 milhões no empreendimento.

A Seara/JBS, maior empregadora da cidade, pretende nos próximos dois anos investir R$ 50 milhões para dobrar sua atuação capacidade de abate (de 170 para 360 mil frangos por dia). A Cooperativa LAR montou um novo complexo de armazenagem na saída para Maracaju, com capacidade para 70 mil toneladas, ao custo de R$ 20 milhões.

Em Maracaju, a aposta de curto prazo é o investimento de 320 milhões de dólares do Grupo Chinês BBCA, que já iniciou a construção de uma fábrica que vai processar mais de 1,2 milhão de toneladas de soja por ano.