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Policial

Lideranças cobram polícia no combate à "gangues" na aldeia Bororó em Dourados

O maior perigo está no período da noite, quando acontece os assaltos, estupros e assassinatos

Dourados Agora

17 de Setembro de 2014 - 16:48

Lideranças da aldeia Bororó, em Dourados, cobram a promessa da instalação de um posto policial para combater a crescente formação de gangues, formadas por jovens que aterrorizam a comunidade. O maior perigo está no período da noite, quando acontece os assaltos, estupros e assassinatos.

O capitão da aldeia, Gaudêncio Benites, diz que a insegurança é insustentável. "São indígenas que assaltam e matam indígenas, alguém tem que fazer alguma coisa", disse ele.

Hoje pela manhã ocorreu uma reunião na aldeia Bororó onde a comunidade discutiu a permanência ou não de uma espécie de polícia comunitária formada por eles no local, chamada por muitos de 'milícia'. Familiares de um adolescente de 14 anos, assassinado a pauladas pelo primo de 17 anos, semana passada, depois que os dois consumiram bebida alcoólica, estariam acusando a participação da polícia comunitária no crime. "Não há nenhuma participação nisso, inclusive o menor que morreu também era meu primo", disse Gaudêncio.

Violência

Os grupos formados dentro da reserva indígena de Dourados percorrem a aldeia no período da noite. Cada grupo tem nome e a maioria são rivais. Em bando, eles consumem bebida alcoólica e perambulam pelas estradas da aldeia e quando encontram uma vítima geralmente atacam. "Nossa recomendação às famílias é para que ninguém saia a noite e tranque as portas de casa ao escurecer", diz Carlos Antônio Duarte, uma das lideranças, mais conhecido como Piririta.

De acordo com ele, os grupos são formados por mais de 15 jovens. "Eles praticam assaltos, usam drogas, cometem os mais diferentes tipos de crimes. Tudo isso acontece porque não temos segurança em nossa aldeia", critica Piririta. Em julho, uma adolescente de 12 anos foi estuprada por seis rapazes e assassinada a golpes de faca e foice. Ela seguia no período da noite por uma estrada da aldeia quando foi cercada e violentada pelo grupo.

Por causa da insegurança, segundo Piririta, a polícia comunitária foi criada. Cerca de 15 homens, indígenas, andam uniformizados e com colete fazem a segurança por conta própria. "O papel dessa equipe, voluntária, é a de promover o entendimento entre a própria comunidade. Eles tentam resolver conflitos entre marido e mulher, entre vizinhos e procuram combater crimes dentro da Bororó", garante Gaudêncio.

No entanto, alguns indígenas, embora reconheça o papel da polícia comunitária, critica a atitude de integrantes da segurança, por serem violentos. Eles andam munidos de porrete e vídeos que circulam pela internet mostram cenas de agressões contra os próprios indígenas.