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Sidrolandia

Com salário de R$ 6.012,00, família de Vadinho recebia R$ 226,00 de bolsa família até abril

O pagamento só foi suspenso em maio, quando a situação irregular foi detectada pelo Ministério do Desenvolvimento Social.

Flávio Paes/Região News

02 de Outubro de 2014 - 07:40

Enquanto 589 assentados de Sidrolândia estão na fila de espera para receber o bolsa família, embora muitos estejam na linha de miséria (caracterizada por renda per capita mensal inferior a R$ 70,00), a família do vereador petista Edivaldo dos Santos, com salário de R$ 6.012,00 e patrimônio de R$ 256 mil, desde 2002 era beneficiada com repasses mensais de R$ 226,00 do programa federal de transferência de renda.

O pagamento só foi suspenso em maio, quando a situação irregular foi detectada pelo Ministério do Desenvolvimento Social. A mulher de Vadinho, que está no cadastro único da Secretaria Municipal de Assistência Social, a dona de casa Zolene Mota Pinto, por determinação do MDS, teve de  devolver aos cofres públicos R$ 904,00, valor referente a quatro parcelas do bolsa família que recebeu de janeiro a abril de 2013.

Neste período o  marido dela já tinha tomado posse na Câmara Municipal, fazendo jus a um salário bruto (subsídio) de R$ 6.012,00 por mês que com os descontos, lhe garantem R$ 4.800,00 líquido, além de R$ 29.418,24 recebidos até aqui em forma de diárias para cobrir despesas fora da cidade em missões oficiais.

A família de Vadinho (ele, a esposa e dois filhos) tem uma renda per capita de R$ 1.200,00, valor bem acima dos R$ 70,00 que caracterizam a linha de pobreza e garantem a 1.529 famílias de assentados residentes em Sidrolândia, o benefício do programa de transferência de renda federal. 

Dona Zolene caiu na malha fina do Ministério em maio, o que levou a Secretaria Municipal de Assistência Social a bloquear os R$ 226,00 que vinha recebendo. Só no mês passado ela recebeu o boleto bancário com prazo de vencimento para o dia 10 de setembro para ela devolver o valor recebido indevidamente, a julgar pelo aporte financeiro recebido pelo marido após ter sido eleito em outubro de 2012.

Beneficio

Antes mesmo de ser vereador, Vadinho tinha salário incompatível para que sua situação econômica fosse caracterizada como “linha de miséria”. Em 2012, por exemplo, quando disputou a eleição para vereador, ele declarou um patrimônio de R$ 240 mil. Até meses antes de registrar sua candidatura, ele trabalhava na Câmara Municipal, com salário de R$ 1.200,00, que à época correspondia a 2,2 salários mínimos.

Este vencimento lhe assegurava uma renda per capita familiar de R$ 300,00, sem computar os rendimentos obtidos com a produção do seu lote. Eleito para o Legislativo sidrolandense contabilizou  na campanha gastos no valor de R$ 30 mil. Candidato novamente em 2014, agora a deputado estadual, Vadinho informou à Justiça Eleitoral possuir um patrimônio de R$ 256 mil, composto de um lote no Assentamento Geraldo Garcia (avaliado em R$ 150 mil); uma casa na área urbana da cidade, de R$ 40 mil; um Fiat Uno modelo 2014 de R$ 36 mil e 20 cabeças de gado, que  estimou um valor de R$ 30 mil. 

Em dois anos de mandato, sua evolução patrimonial foi relativamente modesta (6,66%). Orçou em até R$ 2 milhões o custo da sua campanha para deputado.