Economia
Gasolina vai subir ainda neste ano, diz ministro da Fazenda
O último reajuste aconteceu no fim de novembro de 2013. Onde os preços da gasolina e do diesel foram reajustados nas refinarias, sendo que a alta foi de 4% para a gasolina e de 8%
G1
02 de Outubro de 2014 - 08:22
A
gasolina vai ficar mais cara ainda este ano, afirmou o ministro da Fazenda,
Guido Mantega. Em entrevista, Mantega, que também é presidente do Conselho de
Administração da Petrobras, disse também que o governo decidiu
"sacrificar" o chamado "superávit primário" que é a
economia feita para pagar juros da dívida pública em prol de gastos com
investimentos, saúde e educação.
"Quem resolve o preço da gasolina é a Petrobras. Temos uma certa
regularidade. Nos últimos anos, sempre teve aumento. Um ou dois. É um setor
privilegiado. A maioria dos segmentos teve reajuste de preços uma vez por ano,
e não duas vezes por ano.
Ano passado (a gasolina) teve dois aumentos. Então, esse ano não será
diferente. Vai ter aumento. Ano passado teve aumento em novembro. Quando houver
a decisão, haverá um aumento. Não cabe a mim decidir isso, disse Mantega. No ano passado, houve dois reajustes nos preços da gasolina. O primeiro
aconteceu em janeiro, quando a Petrobras reajustou o diesel em 5,4% e a
gasolina, em 6,6%.
O último reajuste aconteceu no fim de novembro de 2013 momento no qual a
Petrobras anunciou que os preços da gasolina e do diesel foram reajustados nas
refinarias, sendo que a alta foi de 4% para a gasolina e de 8% para o diesel.
Meta fiscal
Na mesma semana em que o Banco Central informou que o superávit primário ficou
em apenas R$ 10,2 bilhões nos primeiros oito meses do ano o pior resultado da
história , Mantega afirmou que o governo decidiu sacrificar o esforço fiscal
deste ano em "prol dos investimentos, da saúde e da educação".
Não tem desperdício. O que temos é um gasto importante para a população. Temos
investimento, infraestrutura, e a área social, a educação e o Pronatec. A
educação está melhorando, a população jovem está saindo com mais educação para
o mercado de trabalho, vai ter salários melhores, declarou.
O ministro não garantiu, também, que a meta de superávit primário do setor
público neste ano, de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do PIB, será atingida. No mercado
financeiro, a descrença é geral na obtenção do objetivo fiscal de 2014.
Estamos fazendo um esforço. É difícil. Mais difícil do que no ano passado.
Porém, temos de esperar para ver. Estamos fazendo o esforço máximo, mas sem
abrir mão de investimentos. O investimento do governo vai atingir o seu maior
patamar em 2014. A gente vai trabalhar para fazer o melhor primário
possível", afirmou ele.
Dólar pressionado
Sobre o dólar, que registrou em setembro a maior alta em três anos, fechando o
mês passado em R$ 2,44, Mantega declarou que a pressão acontece por conta da
retirada dos estímulos na economia norte-americana e disse que não há teto para
a cotação do dólar, pois o câmbio, segundo ele, é flutuante. "Não
trabalhamos com teto nem com piso", disse. De acordo com o ministro,
haverá uma elevação do juro básico americano em 2015, e os mercados já estão
antecipando essa alta.
Isso está sendo anunciado e o mercado já se movimenta, antecipa essa situação.
O dólar se valorizou em relação a todas as moedas do mundo. É normal. No
Brasil, como temos um mercado futuro mais líquido, aqui o dólar se movimenta
mais do que outros mercados. No mercado de derivativos, é fácil fazer uma
aposta na valorização do dólar. Em outros países, não é possível, tem de
trabalhar no spot (mercado a vista)", declarou ele.
O ministro da Fazenda afastou a possibilidade de o governo retirar o IOF
(Imposto Sobre Operações Financeiras) no mercado de derivativos, instituído em
2011, e declarou que também não pensa em reduzir o tributo para empréstimos
buscados no exterior com prazo inferior a seis meses duas medidas que,
teoricamente, poderiam tirar um pouco a pressão de alta do dólar.
Não há previsão de tirar esse IOF (empréstimos externos) também em função da
arrecadação. Ia ter uma perda de arrecadação que, neste momento, não é
possível. Mas, no futuro, isso será possível", acrescentou.
Taxa
de juros e inflação
Sobre a definição da taxa básica de juros para conter as pressões
inflacionárias, tarefa que cabe ao Banco Central, o ministro da Fazenda se
disse a favor do "gradualismo", ou seja, sem choques, que são altas
fortes da taxa básica da economia.
Defendo o gradualismo porque eu vi algumas propostas preocupantes de levar a
inflação para o centro da meta rapidamente. Como faz isso? Chutando o juro lá
para cima como era no passado. Voltando juro real (após o abatimento da
inflação prevista para os próximos doze meses) de 15% ao ano.
Isso significa (juro) nominal de 25%, 20% ao ano. Acho que isso seria muito
ruim para a economia. Sou a favor do gradualismo, mas elevamos juros quando foi
necessário", disse ele, acrescentando que, em sua visão, o juro básico já
subiu. "Agora não precisa subir porque já está alto", opinou.
Mantega disse ainda que a inflação ficou "sob controle" nos últimos
anos, embora tenha oscilado ao redor de 6% distante, portanto, da meta
central de 4,5% estipulada pelo governo federal.
"A seca pressionou (a inflação). Estamos com seca há dois ou três anos.
Não deveremos ter no próximo ano. Não é possível que se repita esse
fenômeno", disse. Segundo ele, as chamadas "commodities"
(produtos básicos com cotação internacional, como minério de ferro, alimentos e
petróleo) estão caindo e isso deve ter impacto nos preços no futuro.
"A regra é que tem de buscar o centro da meta (de 4,5%), desde que não
tenha choque de oferta, como aconteceu no mercado internacional, que eleva os
preços. Tivemos uma pressão da seca que levou a um aumento do preço da energia
elétrica de 0,4 ponto percentual a mais no IPCA. Nos Estados Unidos, eles tiram
energia e alimentos para calcular a inflação. Se tirarmos energia e alimentos
aqui, a inflação iria estar no centro da meta (de 4,5%)", disse Mantega.
Crescimento do PIB
Guido Mantega disse ainda que indicadores mostram que a economia está crescendo
mais a partir de julho, e que a previsão do último relatório de receitas e
despesas do orçamento, de uma alta de 0,9% para o PIB (Produto Interno Bruto)
neste ano, é possível. O mercado financeiro, porém, prevê um crescimento de
apenas 0,29% para este ano.
"Temos indicadores de que a economia a partir de julho está crescendo
mais. Em julho, produção industrial cresceu, investimento cresceu. Agosto não
saiu ainda. Eu acho que a produção industrial cresceu em agosto também. Temos
dados que vão nos dizendo que a economia está em uma fase de crescimento. O
crédito está voltando agora bem gradualmente. Também vai melhorar", disse
ele.
O ministro disse que é "difícil" fazer previsão em um cenário com
muita volatilidade, como atualmente. Segundo ele, a seca impactou o crescimento
mais fortemente no primeiro semestre.
"Estamos em recuperação e o segundo semestre será melhor. Previsão é de
0,9%. Pode mudar até o fim do ano. Esse último trimestre certamente a economia
vai crescer mais. Dá para chegar no 0,9%", concluiu.