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Policial

Estudante diz que atropelou policial porque o confundiu com bandido

O réu alega que confundiu a vítima com um bandido, mas que mesmo assim não teve intenção de atropelá-la com a camionete Dodge Ram 2.500

Campo Grande News

24 de Outubro de 2014 - 13:41

É julgado, na manhã desta sexta-feira (24), na 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, Endreo Lincoln Ferreira da Cunha, 23 anos, acusado de tentar matar o policial civil José Angelo de Souza Filho, 51 anos, no dia 27 de março de 2011, na região da Vila Progresso. O réu alega que confundiu a vítima com um bandido, mas que mesmo assim não teve intenção de atropelá-la com a camionete Dodge Ram 2.500.

Consta no processo que tramita no TJ/MS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul), que no final da madrugada, o acusado “agiu por motivo torpe, pois atropelou a vítima visando fugir de perseguição policial em decorrência de transtornos causados em uma festa universitária momentos antes”. Na ocasião, o policial chegou a efetuar um disparo de arma de fogo para se defender, atingindo Endreo de raspão.

Perante o juiz, José disse que após o ocorrido, ficou afastado do trabalho por cerca de 30 dias, por causa dos ferimentos. Naquele período ele estava lotado no Garras (Grupo Armado de Resgate e Repressão a Assaltos e Sequestros), unidade da Polícia Civil em que serviu por dois anos. Ele conta que saiu de madrugada para buscar a filha que estava em uma festa próxima ao Estádio Morenão. Enquanto retornava para a casa, na Avenida Costa e Silva, nas imediações da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), avistou Endreo dirigindo perigosamente.

O então estudante de engenharia civil estava acertando outros carros com sua camionete, pedindo passagem. “Eu estava no local quando o vi batendo nos carros, em direção agressiva prestes a provocar uma tragédia. Então parei meu carro, peguei minha arma e tentei abordá-lo. Ele não obedeceu a ordem de parada e avançou contra mim. Fui atingido pela lateral da camionete e fiz um disparo, caindo em seguida entre dois carros”, explicou o policial.

O autor foi atingido de raspão no tórax e fugiu - ele chegou a ser detido em flagrante, mas conseguiu liberdade provisória. Dois policiais militares que estavam por perto testemunharam os fatos. José foi levado para a delegacia onde registrou ocorrência de lesão corporal e evasão, sendo posteriormente encaminhado à sede do Garras. Já o autor, por sua vez, alegou que estava tentando fugir de uma briga em uma festa de estudantes que acontecia nas proximidades.

O rapaz afirmou em seu depoimento que foi convidado a se retirar da festa depois de um desentendimento envolvendo uma garota. Quando se preparava para sair com seu amigo, dois homens, sendo um deles armado, se aproximaram e os ameaçaram. “Arrancaram meu amigo da camionete e começaram a bater nele. O outro estava com a arma na minha cabeça e com medo, arranquei com a camionete”, relatou.

Momentos depois ele retornou para resgatar o amigo que havia apanhado bastante. “Quando voltei para buscar ele, eu vi que mais pessoas armadas começaram a vir novamente em nossa direção, aí eu fugi, mas quando cheguei na Costa e Silva, havia engarrafamento por causa do show, e comecei a bater nos carros, desesperado, para abrir caminho e passar”. Neste momento, foi quando o policial se aproximou e quis abordá-lo. “Eu não vi quem era, mas estava armado e não parei. Pensei que fosse alguma pessoa das que me perseguiam. Não tive a intenção de atropelar ninguém”, alegou.

O caso é conduzido pelo o juiz Aluízio Pereira dos Santos, titular da 2ª Vara. O estudante foi pronunciado por tentativa de homicídio qualificado por motivo torpe com recurso que dificultou a defesa da vítima. Além disso, também foi denunciado por fugir do local do acidente e dirigir sem carteira de habilitação. Na camionete dele foi encontrado entorpecente, mas o rapaz nega conhecimento do material. Ele indenizou os proprietários dos automóveis atingidos durante a fuga.