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Sidrolandia

Temor de fiscalização faz supermercados suspenderem fabricação de lingüiça e charque

Os dois supermercados onde os fiscais estiveram (Água Azul e Serve Bem) decidiram suspender a fabricação de charque e lingüiça caseira.

Flávio Paes/Região News

30 de Outubro de 2014 - 08:21

Três semanas depois da passagem de uma fiscalização surpresa comandada pela Delegacia do Consumidor, mas com participação de fiscais do IAGRO e do Instituto de Metrologia, os donos de supermercado de Sidrolândia estão sobressaltados  diante do risco de serem autuados e até serem processados por crime contra a economia popular.

Os dois supermercados onde os fiscais estiveram (Água Azul e Serve Bem) decidiram suspender a fabricação de charque e lingüiça caseira, usando como matéria-prima retalhos da carne não comercializados. “Foi um abuso de autoridade”, reclama Jaide Barbosa, dono do Supermercado Água Azul, onde além de aproximadamente 130 quilos de charque e lingüiça, os fiscais levaram produtos veterinários.  

Embora nos dois supermercados haja espaços próprios azulejados (com ar-condicionado) e a matéria-prima utilizada na fabricação da lingüiça e do charque seja carne inspecionada comprada em frigoríficos de Campo Grande e Dois Irmãos do Buriti, os fiscais levaram os subprodutos por falta de um selo da vigilância sanitária municipal.

“Isto é um absurdo sermos penalizados por falta de inspeção sanitária que o município não faz”, sustenta o gerente do Supermercado Serv Bem, Júlio Everson. Ele lembra que o próprio fiscal da vigilância sanitária da Secretaria Municipal da Saúde esteve no local, avaliou as condições de higiene e não apresentou nenhuma restrição, exatamente porque a Prefeitura não criou seu próprio serviço de inspeção.

Além de privar o consumidor de produtos que fazem parte dos seus hábitos alimentares, o veto à fabricação de lingüiça e charque traz prejuízo ao comerciante que trabalha com uma margem estreita de lucro. “Hoje a carne é um produto que dá prejuízo. Temos que comercializar, afinal, supermercado sem açougue não atrair consumidor, comenta o dono do Água Azul.

Para demonstrar que não blefa quando “fala em prejuízo”, ele mostra  à reportagem que comprou meia-vaca por R$ 1.027 e a venda garante lhe renda R$ 1.115,00, ou seja, um “lucro” de R$ 88,00, valor insuficiente para pagar os custos com empregados e energia.

Com exceção do Supermercado Sidrolândia, onde os fiscais não estiveram, a venda de lingüiça caseira foi mantida. No Supermercado Vitor a produção semanal de 100 quilos de lingüiça foi mantida, enquanto no Frutilândia, a produção chega a 300 quilos por semana, informa o gerente, Paulo Sorrilha. 

O empresário Gilmar Santi, do Supermercado Sidrolândia, por cautela, não está produzindo mais até que haja um selo de inspeção municipal. “Eu  vendia de 40 a 50 quilos de lingüiça por dia”, lembra.