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Sidrolandia

Quarentena de peixes que vão para o Aquário do Pantanal segue protocolos mundiais de bem-estar animal

O primeiro lote de peixes já está em quarentena na PMA. Por enquanto estão nos tanques cerca de 600 exemplares de 25 espécies

Notícias MS

25 de Novembro de 2014 - 14:29

O primeiro aquário de categoria mundial da América do Sul, o Aquário do Pantanal, tecnicamente chamado de Centro de Pesquisa, Desenvolvimento, Inovação e Difusão do Conhecimento sobre a Biodiversidade Pantaneira, contará com peixes da bacia pantaneira, amazônica e ainda de rios de água doce dos continentes Asiático, Europeu e Africano. Toda uma estrutura para a quarentena das espécies foi montada na sede da Polícia Militar Ambiental (PMA), na Capital.

O primeiro lote de peixes já está em quarentena na PMA. Por enquanto estão nos tanques cerca de 600 exemplares de 25 espécies. De acordo com o consultor do projeto, biólogo e professor da Uniderp, José Sabino, o local conta com 40 tanques/caixas de três mil litros de água e mais três caixas de seis mil litros cada uma. No total são 138 mil litros de água na estrutura montada. O planejamento de povoamento do Aquário do Pantanal é de 12,5 mil exemplares de 135 espécies.

Espécies e chip

Os exemplares basicamente são da bacia do Pantanal já que ela, como salientou José Sabino tem cerca de 300 espécies importantes e conhecidas no mundo. O primeiro lote que chegou na estrutura de quarentena conta com espécies de grande porte como cachara e pintado; de médio porte como cascudo e jurupencen, e de pequeno porte. O Aquário do Pantanal vai receber peixes da bacia Amazônica considerados emblemáticos como Pirarara e Pirarucu. Basicamente o primeiro lote que chegou à estrutura de quarentena não gerou custo porque os peixes vieram como doação de órgãos e coletados com autorização do Imasul, no rio Aquidauana. Outra parte dos peixes será adquirida também do mercado do aquarismo.

Por enquanto 25 espécies estão em quarentena, cerca de 5% do povoamento definitivo do Aquário do Pantanal. Os tanques contam também com peixes vindos de pisciculturas e com algumas curiosidades, como por exemplo, os pintados albinos – peixes que sofrem uma mutação durante a geração e que não ganham aquela coloração tradicional. “Na natureza eles são raros e seriam predados porque não tem camuflagem e comidos por uma ave, por exemplo”, informou o biólogo.

O consultor do projeto explicou ainda que parte do projeto do aquário envolve pesquisa cientifica e então para individualizar a equipe está colocando chip eletrônico nos peixes para ter um acompanhamento de crescimento e rastreamento da historia biológica desse animal.

A equipe que está cuidando dos peixes é multidisciplinar formada por biólogos, veterinários e químicos, junto com as universidades do Estado e de outras localidades. “Cada espécie tem uma condição especifica de água, temperatura, então é quase que um tratamento personalizado das espécies que vão vir para cá. Cada caixa estará preparada para receber uma espécie, gerando protocolo e enviando o peixe para o aquário do Pantanal junto com essas informações”, disse.

O diretor da empresa Análise Ambiental (Anambi) que faz a coordenação científica do projeto, Geraldo Augusto, informou que a equipe está trabalhando com um cronograma intenso. A partir deste sábado possivelmente chegará à PMA o segundo lote de peixes e a semana que vem os demais. “Quase que diariamente estaremos recebendo e acomodando os peixes, garantindo a condição sanitária para que eles possam ser ambientados na quarentena e depois transferidos ao Aquário. A partir da semana que vem acreditamos que conseguiremos atingir cerca de 70% dos exemplares”, informou. Outros  peixes grandes e que vem de longem como alguns exemplares da Amazônia, chegaram ao final do processo.

Quarentena de peixes que vão para o Aquário do Pantanal segue protocolos mundiais de bem-estar animal

 Protocolos internacionais

O consultor do projeto, biólogo e professor da Uniderp, José Sabino explica que a quarentena segue protocolos mundiais de bem-estar animal, como por exemplo, o Food And Agriculture Organization (FAU), que é um órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) responsável pela gestão de alimentos no mundo. Outro protocolo de quarentena adotado é para animais aquáticos da Organização Mundial de Aquários e Zoológicos (Waza).

É dada toda a qualidade de vida em termos de animais em quarentena. “São procedimentos adotados como a estabilização da água nos seus parâmetros de temperatura, PH e toda a parte sanitária. Os peixes recebem alimentação, eventual tratamento e eles são analisados no ponto de vista da sua condição sanitária e fisiológica”, explicou o biólogo.

A água é captada do mesmo poço que vai abastecer o aquário do Centro de Ictiofauna e de excelente qualidade, atendendo aos parâmetros físicos e químicos que são necessários que para os peixes se sintam confortáveis. Por isso, a equipe escolheu construir a quarentena na PMA. “A água captada vem para o centro de tratamento aqui, passa por uma avaliação física, química e microbiológica. Depois é distribuída para esse sistema onde temos o controle do PH, principalmente de oxigênio com equipamentos que estarão mantendo a oxigenação correta para a sobrevivência dos peixes”, informou José Sabino.

Categoria mundial

Conforme explicou Sabino, em Mato Grosso do Sul esta obra é inédita não no sentido da obra física, mas no sentido intelectual. Será a primeira vez que se exibirá em larga escala a fauna de peixes brasileira. “O Brasil detém a maior fauna de peixes de água doce do mundo e a sociedade não conhece isso. Então temos aqui uma janela de oportunidades para educar a sociedade no sentido que a gente passe a reconhecer os peixes e os rios como um patrimônio rico do nosso país”, salientou.

Como denominou Sabino, o projeto é uma plataforma de múltiplos usos com turismo e lazer, mas de todo o componente de educação ambiental. A obra desse porte está alinhada com agendas da ONU e coloca o Mato Grosso do Sul num patamar de cumprimento de obrigações junto à estratégia brasileira da biodiversidade. “Temos uma obra pioneira no sentido da sua importância. Quando coloca numa perspectiva de comparação, a arena Pantanal [estádio construído no estado de Mato Grosso] custou cinco vezes mais. Um equipamento como esse pode dar para a sociedade conhecimento, pesquisa e lazer qualificado. O aquário é uma janela de observação do mundo natural e vai deixar a sociedade ciente da beleza da fauna aquática”.

De acordo com o consultor do projeto, este é o primeiro aquário de categoria mundial da América do Sul. “Estamos falando de 300 aquários de médio a grande porte, mas 50 no mundo são aquários de categoria mundial. Então Campo Grande vai fazer parte de uma elite de cidades do mundo que oferece um equipamento deste porte”, observou.