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Política

Deputado Federal Giroto pede demissão e dá sinais de rompimento com André

Questionado se ficou arrependido de desistir da reeleição, o deputado disse que não, mas disparou críticas à política

Flávio Paes/Região News

19 de Dezembro de 2014 - 15:39

Mais que parceria política, o pedido de demissão do deputado federal  Edson Giroto da Secretaria de Obras, anunciado nesta sexta-feira a 12 dias do término da atual gestão, pode ter significado o rompimento de 37 anos da amizade que mantinha com o governador André Puccinelli, iniciado em 1997, quando André era deputado estadual.   

Giroto resolveu deixar o cargo antes de 31 de dezembro depois ter sido preterido pelo governador, que escolheu Antônio Carlos Arroyo (PR) para o Tribunal de Contas do Estado (TCE), deixando-o sem cargo. “Deduz, você sabe deduzir. É um menino inteligente. Na vida tem que saber a hora de ir embora. Não tem?”, declarou o deputado ao ser questionado sobre o porquê de ter pedido demissão antes do fim do governo de Puccinelli.

Atendendo ao pedido de Puccinelli, o deputado não disputou a reeleição para deputado federal, alegando que ajudaria o governador a concluir obras. Porém, há quem entenda que o deputado também foi sacrificado para que processos que envolvem ele e o governador voltem para Mato Grosso do Sul, para ser julgado pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS).

Questionado se ficou arrependido de desistir da reeleição, o deputado disse que não, mas disparou críticas à política. “Não. De jeito nenhum. Muito mais do que minha vaidade de ser deputado federal, tem o compromisso de ajudar meu Estado. Não tem nada a ver. Sempre serei leal e grato. Sou um homem, que pra mim a política tem que ser feita com lealdade e gratidão. Não pode ser feita por ameaça, abandono, traição. Porque senão, temos ai este histórico político brasileiro pela vaidade exacerbada, deslealdade, ingratidão e traição. Por isso que o Brasil está nesta situação e não é diferente de Mato Grosso do Sul. Por que aqui também a política é feita por ameaça, ingratidão, deslealdade. Não sou um homem deste jeito, por isso que fiquei”, desabafou.

O deputado alega que ajudou a planejar o Estado e a governar e, por isso, tinha a responsabilidade de ajudar a concluir o que tinha planejado. Sem mandato, o deputado diz que vai passar a visitar bairros de Campo Grande e não poupou críticas à atual gestão, de Gilmar Olarte (PP).

“Política nunca vou deixar de fazer. Andar por Campo Grande para mostrar que política não se faz com mentira, enganação, esquema, como está sendo feito hoje. Política não tem que ser feita só para os Poderes”, concluiu. Giroto, o homem forte do governo Puccinelli, ajudou a eleger nas últimas eleições várias prefeito e hoje exercer forte influência sobre o Solidariedade, que terá um deputado federal, o vereador Elizeu Dionisio, que como 1º suplente assumirá a vaga em substituição a Marcio Monteiro, indicado para a Secretaria de Fazenda.

Candidato derrotado na prefeitura de Campo Grande em 2012, quando perdeu a eleição no 2º turno para Alcides Bernal, pode  estar preparando o terreno para  entrar novamente na disputa, desta vez, sem o apadrinhamento do governador André  Puccinelli.

Histórico

Giroto conheceu o atual governador em Paranaíba (MS), de quem se tornou grande amigo, “fiel companheiro” e depois, ainda no primeiro mandato de deputado de André Puccinelli (1997/2000). Desde então, ele mantiveram a relação de amizade e Giroto ocupou os cargos de secretário de Obras na administração do peemedebista em Campo Grande e no Governo do Estado.

Logo após ser eleito deputado federal, Giroto deixou a Câmara dos Deputados para ajudar na implantação do MS Forte, um pacote de obras de infraestrutura com investimentos de R$ 3,6 bilhões. Ele deve voltar à Câmara dos Deputados e cumpriu o mandato até fevereiro deste ano. A vaga de Giroto vem  sendo ocupada por Akira Otsubo (PMDB).