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Sidrolandia

Descoberta de fóssil sugere onde homens e neandertais acasalaram

Os europeus modernos herdaram cerca de 4% de seus genes dos neandertais, sugerindo que em algum momento o Homo Sapiens cruzou com essa espécie

VEJA

29 de Janeiro de 2015 - 13:49

Parte de uma caveira recuperada numa caverna em Israel está lançando luz sobre um momento crucial do início da história humana: o período em que homens e seus parentes mais próximos, os neandertais, acasalaram.

Os europeus modernos herdaram cerca de 4% de seus genes dos neandertais, sugerindo que em algum momento o Homo Sapiens cruzou com essa espécie. Até hoje, no entanto, os cientistas não sabem onde e quando esse encontro aconteceu.

O fragmento de crânio foi desenterrado na caverna Manot, na Galileia. Suas características sugerem tratar-se de um Homo sapiens que viveu há cerca de 55.000 anos, período em que se acredita que os membros de nossa espécie estivessem saindo da África. Perto da caverna há outros dois lugares onde foram encontrados fósseis de neandertais da mesma época. 

"Essa é a primeira evidência fóssil direta de que os humanos modernos e os neandertais habitaram a mesma área ao mesmo tempo", disse o paleontólogo Bruce Latimer, da Universidade Case Western Reserve, nos Estados Unidos, coautor do estudo, publicado nesta quarta-feira na revista Nature. "A coexistência dessas duas populações numa região geográfica restrita, aliada ao fato de que modelos genéticos preveem seu cruzamento, sugere que o acasalamento pode ter ocorrido naquela área", disse Israel Hershkovitz, antropólogo da Universidade de Tel Aviv e líder da pesquisa.

Neandertais — Os neandertais, cuja feição característica é a testa proeminente, habitaram a Europa e Ásia entre aproximadamente 350.000 e 40.000 anos atrás, sendo extintos algum tempo depois da chegada do Homo sapiens.

Cientistas afirmam que nossa espécie surgiu há cerca de 200.000 anos na África, migrando em seguida para outros lugares. A caverna onde foi feita a descoberta está localizada na única rota por terra para que os humanos antigos pudessem sair da África e chegar ao Oriente Médio e à Europa.

Latimer disse suspeitar que o crânio tenha pertencido a uma mulher, embora os pesquisadores não tenham conseguido determinar o gênero da caveira. A caverna, que ficou isolada por 30.000 anos, foi descoberta em 2008 durante obras de saneamento.