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Política

David usa espaço na rádio “pago pela Câmara” para autopromoção, críticas e denúncias sem provas

Olindo apresentou denúncias, insinuações de desvio de dinheiro público, sem o respaldo de provas, quase tudo na base do “ouvi dizer”.

Flávio Paes/Região News

29 de Março de 2015 - 23:30

Ao longo dos 26 minutos e 24 segundos que durou seu pronunciamento no sábado, quebrado apenas por perguntas encomendadas à sua assessoria, o presidente da Câmara, David Moura de Olindo (SD), ocupou este espaço semanal na Rádio Pindorama, pago com dinheiro público, basicamente para se autopromover, criticar a tudo e ataca a classe política, inclusive os vereadores que não votaram nele para presidente.

Com palavras de ordem e imputando aos seus colegas termos pejorativos chamando-os de puxa-sacos (bajuladores) e incompetentes, Olindo viveu momentos de devaneio, típico de quem parecia ter a fórmula  para sanar todos os problemas administrativos da cidade num passe de mágica, como fez o profeta Moisés ao tocar seu cajado e abrir o Mar Vermelho para salvar seu povo.

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Como se não bastasse apresentou denúncias, insinuações de desvio de dinheiro público, sem o respaldo de provas, quase tudo na base do “ouvi dizer”. O curioso é que não fez nenhuma menção sobre o que pretende fazer para corrigir estas mazelas (reais ou imaginárias). Se sobrou agressividade, coerência foi um ingrediente ausente em seu pronunciamento.

Uma das mais evidentes contradições é em relação aos gastos com a mídia. David ao assumir a presidência, mais que triplicou os gastos do Legislativo com a transmissão semanal da Câmara e a meia-hora semanal para os vereadores prestarem contas à comunidade duas suas atividades.

O contrato com a emissora de rádio passou de pouco mais de R$ 5 mil para R$ 15.800,00 por mês (aumento de 243%). Gastos que ele justifica como necessários para ter a mesma influência do Executivo na emissora e assim garantir o espaço de criticas ao governo municipal. Complacência que não aplica quando avalia a verba de publicidade do Executivo, que pela sua lógica, teria de reverter estes recursos em saúde, educação, não usar o dinheiro público para fazer propaganda e “pagar a mídia comprada para atacá-lo” (a ele David).

David usa espaço na rádio “pago pela Câmara” para autopromoção, críticas e denúncias sem provasNa pratica, Olindo criticou os gastos de publicidade da Prefeitura valendo-se do mesmo método “compra de espaço”, mas desta vez, pagando 243% a mais do que seus dois antecessores vinham desembolsando. Na sua intervenção radiofônica do sábado, o presidente da Câmara, também incorporou um certo espírito messiânico, não se constrangeu com a falsa modéstia, ao se colocar como um defensor do povo perseguido diante dos poderosos, uma espécie de luz no túnel de escuridão que na sua avaliação, transformou-se o cenário político de Sidrolândia, que só ele, seria capaz de mudar.

Fez questão de dizer que faz isto de forma desprendida, fruto do seu alto espírito público, já que não estaria motivado por interesses financeiros “estou perdendo dinheiro, tive que abandonar meu escritório de advocacia”, nem políticos “quem está preocupado com a eleição de 2016, são os que estão no poder e não querem deixá-lo”.

Ao mesmo tempo em que criticou a administração do prefeito Ari Basso, que segundo ele é “fruto de uma mentira do Enelvo que garantiu que voltaria em três meses depois da eleição suplementar, David atribuiu a si os créditos pela aprovação de todos os projetos do Executivo na Câmara.

“Tive que intervir para os projetos serem aprovados. Fui eu o maior líder que o prefeito já teve, sem receber nada em troca”, assegura. Com exceção do secretário de Finanças, Raul Savaris, não poupou nenhum dos secretários. Todos (da Educação, Saúde, Desenvolvimento Rural, Infraestrutura) seriam incompetentes, cabendo a Antônio Galdino (da Infraestutura) de ter um papel decorativo, já que, conforme disse, quem de fato manda na Secretaria é o produtor Lúcio Basso, filho do prefeito.   

“O coitado do senhor Ari não tem visão. Por causa do Cezinha (Cezar Queiroz secretário de Meio Ambiente), a Prefeitura perdeu o direito de licença ambiental. A população tem que ir a Dois Irmãos do Buriti, para fazer carteira de trabalho, por culpa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Só não fecharam o escritório do INCRA, porque eu e o Vadinho estávamos lá para garantir”, resumiu.

Não faltaram momentos de ironia e imaginação no pronunciamento do presidente da Câmara. Ele chegou a dizer que a Secretaria de Educação estaria oferecendo na merenda escolar, farofa com alface e num dos centros de educação infantil, crianças comeram pedaços de carne de porco de 200 gramas com arroz.