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Sidrolandia

Mel produzido no Pantanal recebe selo de identificação geográfica

Certificação foi concedida pelo INPI no início de março. Com selo, produto terá origem e qualidade certificada.

Agrodebate

31 de Março de 2015 - 11:00

Desde o dia 10 de março deste ano o mel produzido na região do Pantanal em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul passou a integrar a relação dos produtos nacionais que possuem certificação de Identificação Geográfica (IG), que é registrada e emitida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI)

Segundo a Embrapa Pantanal, que tem sede em Corumbá, no trecho sul-mato-grossense do Pantanal, essa foi a primeira certificação de Identificação Geográfica de uma região produtora de mel e também a primeira do Centro-Oeste do país.

A Embrapa aponta que recebem a certificação, produtos que apresentam uma qualidade única, devido a características naturais como solo, vegetação, clima e saber fazer. No caso do mel do Pantanal o grande destaque é a produção aliada a conservação de um bioma único, em que a prática da apicultura pode ser desenvolvida em harmonia com a natureza, auxiliando na sua conservação, uma vez que a manutenção ou plantio de espécies que apresentem floradas ou outros recursos vegetais de interesse para as abelhas africanizadas (Apis mellifera) é requisito fundamental nesta atividade econômica.

As diversas floradas das plantas silvestres da região pantaneira resultam em produtos diversificados com sabores, aromas e colorações particulares, os quais tem grande demanda tanto no mercado nacional quanto no exterior.

Segundo o Presidente da Federação de Apicultura e Meliponicultura de Mato Grosso do Sul (Feams), Gustavo Nadeu Bijos, proteger e incentivar à conservação da natureza por meio do trabalho com abelhas africanizadas e nativas no Pantanal foi o principal objetivo para a busca desta certificação, além da possiblidade de agregar valor ao mel produzido em apiários desta região.

Conforme Bijos, o trabalho realizado pela Embrapa Pantanal nestes últimos anos foi de fundamental importância neste processo, como a divulgação da viabilidade econômica da atividade na região do Pantanal que demonstrou que, além de uma alternativa, a apicultura pode vir a ser a renda principal da propriedade rural e que pode ser desenvolvida em larga escala.

Pesquisas iniciadas em 2002

O pesquisador da Embrapa Pantanal Vanderlei dos Reis, vem há 13 anos, juntamente com outros colegas da Unidade, executando pesquisas e ações de transferência de tecnologias voltadas para o desenvolvimento da apicultura na região.

Segundo ele, seja na adequação das práticas apícolas ao clima, à flora e à realidade local, seja no auxílio da profissionalização dos apicultores e demais interessados na obtenção de mel e dos demais produtos das abelhas africanizadas de qualidade, a Embrapa Pantanal vem atuando para que hoje o apicultor encontre soluções tecnológicas que atendam às suas demandas quer seja na agricultura familiar ou na apicultura empresarial.

Produto registrado e rastreado

Para o fiscal federal agropecuário do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) Márcio Menegazzo, a indicação geográfica protege os produtores contra as falsas indicações de origem (mel sendo comercializado como obtido no Pantanal e que não foi produzido nessa região) e de produtos de qualidade inferior.

Além disso, ele aponta que com a certificação ocorra uma agregação de valor ao produto e uma melhora de qualidade nas ações da cadeia produtiva, valorizando o território e o saber fazer local ao promover um produto com tipicidade específica facilitando o seu marketing e o acesso a novos mercados.