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Sidrolandia

MS fecha ciclo como 4º em cana e prevê salto de 15,2% na safra 15/16

Dados foram apresentados nesta sexta (24) na abertura da nova temporada. Na safra 15/16, produção de etanol deve crescer 18,9% e de energia 43,9%

Agrodebate

24 de Abril de 2015 - 14:05

Mato Grosso do Sul encerrou a safra 2014/2015 de cana-de-açúcar com uma produção de 43,551 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. O volume, recorde na história do estado, representa um crescimento de 4,95% frente a colheita do ciclo 2013/2014, que foi de 41,496 milhões de toneladas, e o coloca na posição de quarto maior produtor nacional da cultura, atrás apenas de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.

Os dados foram apresentados na manhã desta sexta-feira (24), pelo presidente da Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul (Biosul), Roberto Hollanda, na abertura oficial da safra 2015/2016 da cultura, que foi realizada na usina do grupo Adecoagro em Angélica.

Apesar do volume recorde processado, o presidente da Biosul aponta que problemas climáticos voltaram a afetar o desempenho dos canaviais de Mato Grosso do Sul, assim como vem ocorrendo a quatro safras consecutivas. Ele explica que as geadas que atingiram os canaviais da região da grande Dourados em julho e agosto de 2013 afetaram não somente a cana pronta para ser colhida, mas também a rebrota para a nova safra, que acabou também sendo afetada pela distribuição irregular de chuvas em 2014, que algum momento foi excessiva e em outros escassa.

Mesmo com esse cenário, ele ressalta que a área para corte, por exemplo, cresceu 1,78%, passando de 612 mil hectares para 622,8 mil hectares, enquanto que a produtividade aumentou 3,1%, subindo de 67,80 toneladas por hectare para 69,92 toneladas por hectare. Já o indicador de qualidade da cana colhida, os açúcares totais recuperáveis (ATR), registrou no ciclo passado um incremento de 1,46%, indo de 126,74 quilos por tonelada para 128,60 quilos por toneladas.

A safra 2014/2015 também foi mais alcooleira que a anterior, com 74% da cana-de-açúcar sendo destinada a produção de etanol contra 72% da temporada anterior e 26% a fabricação de açúcar, enquanto que 28% da matéria-prima havia sido destinada a esse fim no ciclo passado.

Com maior produção e mais cana sendo destinada ao processamento do etanol, a produção do biocombustível registrou uma alta de 10,17% na comparação dos dois ciclos, passando de 2,230 bilhões de litros para 2,457 bilhões de litros. Da produção da temporada 2014/2015, 1,833 bilhão de litros, 74,60%, foram de etanol hidratado, que é o combustível vendido diretamente nas bombas dos postos, e 624,062 milhões de litros, 25,39% do anidro, que é misturado na proporção de 27% a gasolina.

Em contrapartida, a produção de açúcar teve uma discreta retração, de 0,08%, caindo de 1,368 milhão de toneladas para 1,367 milhão de toneladas. Já a quantidade de bioeletricidade cogerada pelas usinas e disponibilizada para o Sistema Interligado Nacional (SIN) aumentou 23,86%, subindo de 1.517 GWh para 1.879 GWh, o que seria suficiente para atender todo o consumo residencial do estado, conforme o presidente da Biosul.

Safra de recuperação

Se a safra recém encerrada, apesar da crise enfrentada pelo setor e pelos problemas climáticos que atingiram os canaviais do estado, já trouxe resultados positivos, o novo ciclo que foi aberto oficialmente nesta sexta-feira deve ser de uma boa recuperação para o setor.

A projeção, conforme Hollanda, é que a produção dê um salto de 15,27% e atinja as 50,200 milhões de toneladas. Esse aumento pode ser atribuído ao crescimento estimado de 8,38% na área de corte, que deve chegar aos 675,1 mil hectares e ao incremento de 6,35% na produtividade dos canaviais que podem atingir no ciclo as 74,36 toneladas por hectare. A qualidade da cana colhida também deve ter uma melhoria significativa, 4,16%, atingindo os 133,95 quilos por hectare.

Neste cenário promissor para o setor no estado, o mix de produção deve ser um pouco menos alcooleiro que o da safra passada, com 73,84% de matéria-prima para o biocombustível contra 26,16% para o açúcar. A estimativa de processamento de etanol para a temporada é de um aumento de 18,92% frente a do ciclo anterior, atingindo os 2,922 bilhões de litros, sendo 2,018 bilhões de litros hidratado e 904,158 milhões de litros do anidro.

Depois do pequeno retrocesso na safra recém-concluída, a projeção da Biosul para a fabricação de açúcar pelo parque sucroenergético sul-mato-grossense é de um incremento de 22,55%, com o processamento atingindo as 1,676 milhões de toneladas. Entretanto, o maior aumento registrado entre os produtos do setor é o da exportação de bioeletricidade. A associação prevê um incremento de 43,99%, com a disponibilização para o SIN de 2.705 GWh nesta temporada.

Incentivo para o setor

O governador Reinaldo Azambuja (PSDB), que também participou da solenidade de abertura da safra de cana, destacou que o setor sucroenergético é um exemplo para o estado de como mesmo em um período de crise um segmento continua a crescer, e que, por isso, deverá receber uma atenção especial do Executivo com a implementação de algumas medidas de incentivo.

Entre essas medidas, o governador citou a parceria público-privada firmada com a própria Adecoagro, que vai garantir a pavimentação do acesso de 15 quilômetros de Angélica até a usina da companhia com um investimento de aproximadamente R$ 15 milhões. “A empresa adiantou alguns tributos para o governo do estado o que permitiu a execução da obra. Queremos fazer agora parcerias semelhantes a essa com outras empresas do setor”, disse Azambuja.

O governador também adiantou que em maio vai encaminhar para a Assembleia Legislativa o projeto de lei para reduzir a alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do diesel de 17% para 12% no estado, o que deve beneficiar não somente o setor sucroenergético, como outros segmentos produtivos do estado.

Como incentivo à produção sul-mato-grossense, Azambuja revelou ainda que vai implementar um programa para fazer a troca das pontes de madeira por estruturas de concentro nas estradas vicinais dos municípios e deve instituir, por meio de decreto uma isenção do ICMS para os valores cobrados nas faturas de energia elétrica referentes as bandeiras tarifarias amarela e vermelha. “O estado cresce se o setor produtivo crescer, se os municípios crescerem. E é isso que queremos”, apontou o governador.

Novos investimentos

O diretor de Açúcar, Etanol e Energia da Adecoagro, Renato Junqueira Pereira, ressaltou que essa deve ser uma safra muito positiva para a companhia, em que com a entrada em operação da ampliação da usina Ivinhema, a capacidade de moagem do grupo no estado vai saltar de 6 milhões de toneladas da temporada anterior para 9 milhões de toneladas, com a expectativa de produção de 350 milhões de litros de etanol, 600 mil toneladas de açúcar e exportação de 550 mil MWh de bioeletricidade para o SIN.