Dinheiro de MS foi usado em outros estados, aponta CPI da Enersul

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Enersul/Energisa constatou que dinheiro da Enersul, grupo que era responsável pela concessão de energia em 74 municípios de Mato Grosso do Sul, que atualmente está sob administração da Energisa, foi investido em outros estados.

Comissão também aponta que os desvios somam R$ 185 milhões. O dinheiro era sacado das contas da Enersul para suprir deficiências da empresa em outros estados.

“Tirou o dinheiro daqui e mandou para o Tocantins, Pará. Daí o dia que chegou uma compra de energia de Itaipu de aproximadamente R$ 50 milhões não tinha dinheiro em caixa”, explicou o presidente da CPI, deputado estadual Paulo Corrêa (PR).

O parlamentar conseguiu na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o documento que apresenta o resultado de uma auditoria realizada na Enersul em 2012. O documento contém 145 páginas e ainda será analisado pelos deputados.

Até o momento, foi detectado que entre 2000 e 2013, oito pessoas que seriam diretores e funcionários da empresa, teriam recebido cerca de R$ 2 milhões em bônus e pagamentos extras. O relatório da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), feito com base na mesma auditoria, aponta 35 pessoas.

O Conselho de Consumidores de Energia Elétrica (Consen-MS) vai acompanhar os trabalhos da CPI e vai cobrar a devolução do dinheiro. “Qualquer investimento feito pela empresa atual tem que usar esses recursos não para seu custeio, mas para esses investimentos e serem abatidos no valor da tarifa nos próximos anos”, afirmou a presidente do conselho, Rosimeire Cecília da Costa.

A CPI da Enersul/Energisa terá quatro meses para apurar as suspeitas de corrupção e fraude no uso do dinheiro público. Os deputados esperam começar a colher depoimentos dos envolvidos em 60 dias.