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Sidrolandia

Depois de invadir fazenda, indígenas impedem acesso para tratar os animais

Com este já são sete os BOs registrados desde a semana passada cobrando providências contra a violência causada pela invasão

Famasul

05 de Maio de 2015 - 07:49

Em pleno período de vacinação contra a febre aftosa, funcionários da fazenda São Luiz, no município de Paranhos, na região de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai, estão impedidos de entrar na propriedade para realização do manejo bovino. O bloqueio vem de um grupo indígenas da etnia Guarani que invadiu e depredou a sede da fazenda, mantendo funcionários em cárcere privado, no início da semana passada. O boletim de ocorrência com a denúncia do impedimento de acesso à propriedade foi registrado na Polícia Civil do município nesta segunda-feira (04) por um dos trabalhadores da propriedade.

De acordo com o boletim de ocorrência "os indígenas estão abordando todos os indivíduos que passam pela estrada naquele local e que os mesmos estão armados e realizando vistoria nas pessoas e veículos que por lá transitam, muitas vezes impedindo a passagem dos trabalhadores rurais daquela região e apontando armas para as pessoas".

Com este já são sete os BOs registrados desde a semana passada cobrando providências contra a violência causada pela invasão. Segundo o filho do dono da propriedade, Rui Escobar, depois da invasão da sede por um grupo de 80 a 100 indígenas, no dia 29 de abril, foram feitos sete reféns entre funcionários da propriedade e crianças, os quais foram sequestrados e mantidos em cárcere privado, passando por diversos constrangimentos. Segundo um dos boletins de ocorrência, houve ameaça de morte. “Os funcionários foram pintados e ameaçados e as mulheres obrigadas a dançar por várias horas antes de serem soltos. Houve danos morais assustadores", relata Escobar.

As invasões da Fazenda São Luiz começaram em 2010, quando os indígenas ocuparam 30 hectares. Atendendo a um pedido do Ministério Público Federal, os proprietários permitiram a permanência do grupo, sendo que foi construída até mesmo uma escola para as crianças no local. Em 2012, os indígenas ampliaram a invasão para 300 hectares e agora tomaram posse da sede da fazenda. Esta é a oitava propriedade invadida na região, onde os indígenas pretendem formar a Terra Indígena Arroio-Korá, na fronteira com o Paraguai.

Segundo Escobar, a suspeita dos produtores da região é que os grupos invasores não são formados somente por indígenas brasileiros, mas sim por integrantes paraguaios. “Eles só falam guarani", afirma. Tentando buscar providências contra a invasão, o produtor protocolou um requerimento anexando todos os boletins de ocorrência junto ao MPF – Ministério Público Federal e a Polícia Federal.

Com 1,6 mil hectares, a propriedade é considerada modelo de produção na região, sendo uma das primeiras a implantar a agricultura na fronteira e trabalhando atualmente no sistema agrosilvipastoril. A propriedade é da família Escobar desde 1882, conta o produtor, quando as terras da fazenda foram concedidas ao bisavô, Miguel Escobar, depois da Guerra do Paraguai. "Eles foram heróis por habitar uma região de violência e em conflito com o país vizinho, onde havia um clima de insegurança. O local era isolado, todo o patrimônio construído no lombo de burro", contextualiza. Atualmente, a fazenda São Luiz está em nome do pai, Firmino Aurélio Escobar, de 83 anos. 

Mato Grosso do Sul possui atualmente 84 propriedades rurais invadidas por indígenas, segundo as informações da Famasul - Federação da Agricultura e Pecuária de MS. Para Escobar, a ação dos indígenas tem sido motivada por ONG's e não se trata de um movimento espontâneo. "Há décadas convivemos pacificamente com eles [os indígenas]. Eles são massa de manobra de interesses particulares", afirma.