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Política

Marcão” tenta se explicar com ataques a pastor vereador, recebe vaia dos manifestantes e David encerra sessão

Minutos antes de iniciar a sessão o clima já era tenso em frente o prédio da Câmara Municipal.

Marcos Tomé/Região News

29 de Junho de 2015 - 22:02

A última sessão ordinária do primeiro semestre de 2015 entrou para a história do Poder Legislativo de Sidrolândia. Tumulto, vaias, palavras de ordem, abuso de autoridade e até bate-boca entre vereadores divergentes a famigerada ideologia de gênero, considerada uma afronta à família tradicional porque desconsidera a sexualidade da criança.

Minutos antes de iniciar a sessão o clima já era tenso em frente o prédio da Câmara Municipal, isto porque o presidente da casa, David Olindo (SD), manteve as portas que dá acesso ao plenário, fechadas, impedindo que os presentes tomassem assento no anfiteatro da instituição. “Há mulheres grávidas, crianças, pessoas idosas. Nos avisaram que só irão permitir nossa entrada faltando 15 minutos para as 11 horas”, esbravejou Claudinei Reginaldo dos Santos.

Os trabalhos em plenário foram iniciados as 11h05 e bastou o vice-presidente Marcos Roberto (SD) ir à tribuna, para que surgissem as primeiras vaias de uma plateia que superlotou o plenário da Câmara estimada em 400 pessoas. “Marcão” como é conhecido, regimentalmente teria 5 minutos para se pronunciar na tribuna, mas em meio às vaias, discursou por 10m33s, afrontando as normativas legais contidas no regimento interno do Legislativo.

Bate-boca

Marcão” tenta se explicar com ataques a pastor vereador, recebe vaia dos manifestantes e David encerra sessãoA turma do “deixa-disso” teve que entrar em ação para conter os ânimos entre o presidente da casa e o vereador Waldemar Acosta (PDT), que foi tomar satisfação com Olindo a cerca do cumprimento do regimento interno. David não gostou e passou a agredir o colega com palavras de ordem, alegando que foi quem criou as normativas e, portanto, ia usa-las da forma que bem entendesse.

“Você some daqui. Sai pra lá seu vereador falante”, disparou David enfurecido com a cobrança de Acosta. “Ele não é dono da Câmara. O homem que se diz entendido das leis deveria ao menos fazer cumprir o regimento desta casa”, argumenta o vereador, afirmando que esta não é a primeira vez em que Olindo passou por cima do regimento.

Tensão

Marcão” tenta se explicar com ataques a pastor vereador, recebe vaia dos manifestantes e David encerra sessãoAs duas vezes em que “Marcão” foi à tribuna para tentar se justificar, acabou tumultuando a sessão. No expediente de considerações finais, ele voltou a usar a palavra e desta vez, passou a atacar os lideres religiosos. “As atitudes de muitos não convém com aquilo que se diz nos púlpitos das igrejas”, revela.

O vereador solidário resolveu apontar sua metralhadora giratória para o ex-colega de partido (quanto esteve filiado ao PSDB), Moacir Romero, que é pastor da Igreja Assembleia de Deus Mato Grosso do Sul, rechaçando sua postura de homem cristão por ter ingressado com ação na Justiça pedindo seu mandato em dezembro de 2013 em decorrência de trocado o PSDB pelo PROS, na época.

Diante ao desabafo de “Marcão”, que votou favorável a aprovação do Plano Municipal de Educação na semana passada com alusões as questões de gênero, os manifestantes passaram a vaia-lo em pé. Diante a situação vexatória, o presidente da Câmara encerrou a sessão e também foi vaiado com frases de efeito moral, taxado pelo público como ditador.

O Projeto

Marcão” tenta se explicar com ataques a pastor vereador, recebe vaia dos manifestantes e David encerra sessãoO projeto que elimina qualquer resquício de ideologia de gênero do Plano Municipal de Educação, lido na sessão desta segunda-feira, deve ser votado em sessão extraordinária nesta terça-feira a partir das 11 horas, quando a Câmara entra em recesso de 30 dias. A maioria dos vereadores antecipou voto em favor da proposta, mesmo aqueles que votaram pela aprovação do projeto com as metas inspiradas na ideologia de gênero.

O vereador Edno Ribas subiu à tribuna para “pedir perdão”, chorou emocionado e foi aplaudido pela plateia. A vereadora Vilma Felini, que também apoiou a versão do PME transformada em lei, também antecipou seu voto favorável ao projeto aprovado pelas lideranças cristãs. Ela defende a manutenção do parágrafo único do artigo 8º (excluído da versão enviada ao Legislativo) que prevê a construção de um terceiro banheiro destinado à diversidade.