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Policial

Desmanche e tráfico transformam caminhonetes em joias para criminosos

A caminhonete foi recuperada pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) próximo a Ponta Porã e um dos assaltantes, de 21 anos, foi preso.

Campo Grande News

31 de Julho de 2015 - 15:21

Moedas de troca por droga e consideradas “joias” para os desmanches clandestinos, as caminhonetes, principalmente seminovas movidas a diesel, sempre estiveram na mira dos criminosos. Nos últimos meses, no entanto, a procura das quadrilhas por esse tipo de veículo se tornou ainda maior e várias caminhonetes foram roubadas em Mato Grosso do Sul em julho.

Para o DOF (Departamento de Operações de Fronteira), as caminhonetes roubadas em Mato Grosso do Sul e também em estados vizinhos têm dois destinos: o Paraguai e a Bolívia. Cidades desses dois países que fazem fronteira com o Estado são bases de quadrilhas de traficantes e de desmanches para venda de peças.

Só nesta semana ocorreram roubos de caminhonetes em Dourados, Rio Brilhante, Eldorado e Corumbá.

Em Rio Brilhante, no dia 25, um tratorista de 40 anos foi rendido em sua casa e mantido refém enquanto os bandidos fugiam para o Paraguai levando sua VW Amarok. A caminhonete foi recuperada pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) próximo a Ponta Porã e um dos assaltantes, de 21 anos, foi preso.

Na segunda-feira (27), um fazendeiro de 74 anos foi assaltado e deixado algemado em Eldorado, a 447 km de Campo Grande. O assaltante encapuzado fugiu levando a Toyota Hilux do pecuarista.

No dia seguinte, o proprietário de uma loja de piscinas em Dourados, foi atraído por um falso cliente para fazer um orçamento e acabou dominado e mantido como refém por duas horas enquanto os bandidos levavam para o Paraguai a sua caminhonete Mitsubishi L200 prata.

No mesmo dia, três assaltantes, entre eles um adolescente de 17 anos, foram presos após invadirem uma casa em Corumbá, na fronteira com a Bolívia, e fazer uma família inteira de refém, para roubar a caminhonete S10, que seria vendida do outro lado da fronteira por R$ 12 mil.

No dia 7 de julho, o empresário douradense Mário Rubens Ferraz de Paula, 54, foi sequestrado em Dourados por dois assaltantes e levado até a região de Antonio João, onde a polícia cercou os criminosos graças ao aplicativo de rastreamento presente em seu telefone celular. Um dos bandidos foi morto a tiros pelos policiais e outros três foram presos, entre eles uma adolescente de 17 anos.

Mercado paralelo – Ao site, a assessoria do DOF informou que a principal motivação para os roubos de caminhonetes é o mercado paralelo, principalmente pelo alto valor das peças desse tipo de veículo, que também é valorizado na hora de vender para receptadores ou trocado por droga no Paraguai e na Bolívia.

De acordo com o policial do DOF, na maioria das vezes as caminhonetes roubadas ou furtadas no Brasil são levadas até as cidades de Pero Juan Caballero, na divisa com Ponta Porã, e Capitán Bado, separada de Coronel Sapucaia apenas por uma rua.

Nessas cidades, os veículos são entregues em desmanches, onde são desmontados e as peças vendidas separadamente. Conforme o DOF, essas peças têm grande procura, principalmente em cidades brasileiras.

Drogas – Segundo o DOF, que atua na fronteira de MS na repressão ao tráfico, contrabando e roubos, outro destino das caminhonetes é a troca por drogas. Os veículos são levados para a as mesmas cidades paraguaias onde funcionam os desmanches e dadas como moeda para pagar carregamentos de drogas. Em alguns casos também são carregadas com entorpecente e retornam alguns dias depois ao Brasil com placa falsa e numeração do chassi e do motor adulterada.

Nos últimos 12 meses o DOF apreendeu 47 caminhonetes usadas no contrabando, descaminho e tráfico ou porque estavam com algum tipo de adulteração. No mesmo período, o departamento recuperou outros 24 veículos desse modelo, roubados ou furtados.

A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul não tem uma estatística dos roubos e furtos apenas de caminhonetes. O SIGO (Serviço Integrado de Gestão Operacional) da Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública tem apenas o total de denúncias, sem especificar o produto roubado ou furtado.