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Sidrolandia

Puccinelli pagou R$ 34,1 milhões a mais que Azambuja para mesmo contrato

Na manutenção de rodovias pavimentadas Puccinelli pagou R$ 28.491.922,76 e Azambuja R$ 12.541.995,55, somando diferença de R$ 15.949.927,21.

Midiamax

01 de Agosto de 2015 - 08:29

O ex-governador André Puccinelli (PMDB) gastou R$ 34.1624.90,40 a mais do que o atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB) em contratos para manutenção de rodovias pavimentadas e não pavimentadas.

A diferença refere-se a um comparativo com gastos de Puccinelli de janeiro a junho de 2014 com o de Azambuja no mesmo período, mas em 2015. Puccinelli gastou R$ 60.205.916,11 com manutenção, enquanto Azambuja R$ 26.043.425,71 no mesmo período.

Na manutenção de rodovias pavimentadas Puccinelli pagou R$ 28.491.922,76 e Azambuja R$ 12.541.995,55, somando diferença de R$ 15.949.927,21. Já na manutenção de rodovias que não são pavimentadas o gasto do gestor passado foi de R$ 31.713.993,35, enquanto que o sucessor investiu R$ 13.501.430,16, chegando a uma diferença de R$ 18.212.563,19.

Empresas investigadas na Operação Lama Asfáltica, que seriam do grupo de João Amorim, também estão entre as que apresentam diferença. Nos primeiros meses de 2014 Puccinelli pagou mais que o dobro para a Proteco, R$ 7,3 milhões contra R$ 3,5 milhões desembolsados por Azambuja.

A diferença foi a mesma apresentada em outra empresa, de propriedade do genro de João Amorim, Luciano Dolzan. A LD Construções recebeu R$ 1.306.279,12 de André Puccinelli e um pouco mais da metade de Azambuja, R$ 686.784,80.

Durante entrevista concedida na manhã de ontem (30) Azambuja já tinha comentado a diferença, de 60%, apresentada em pagamentos feitos por ele e pelo ex-governador. Ele fez questão de dizer que não estava afirmando que havia regularidade, mas que caberia a Polícia Federal e a Controladoria- Geral da União fazer a investigação.

“Medimos e pagamos o que foi realizado... Não estou dizendo que no passado tenha sido feito algo sem a legalidade devida, por isso há as investigações”, declarou, quando questionado se as auditorias feitas quando ele assumiu não tinham identificado irregularidades citadas pela Polícia Federal e Controladoria Geral da União.

Lama Asfáltica

O ex-governador André Puccinelli estava entre os oito citados pela Polícia Federal como integrantes de uma chamada “organização criminosa” comandada pelo empreiteiro João Amorim. O governador, descrito como “muito cauteloso ao telefone”, estava na lista dos que o delegado Marcos André Araújo Damato considerou que precisariam ser presos temporariamente.

Além de Puccinelli, integravam a lista o ex-deputado federal Edson Giroto (PMDB), Maria Wilma Casanova, adjunta na Secretaria de Obras, Hélio Yudi, fiscal terceirizado, Marcos Puga servidor da Agesul, Beto Mariano, Edmir Fonseca Rodrigues, Márcia Alvares, Newton Stefano e André Luiz Cance.

O Ministério Público Federal chegou a dar parecer favorável a prisão temporária, por cinco dias, dos oito, e para prisão preventiva de Amorim, Elza Araújo (sócia dele) e Rômulo Menossi. Porém, o juiz federal Dalton Igor Kita não autorizou, alegando que não havia indícios de materialidade e autoria da prática de ilicitude.

O juiz ressaltou que Puccinelli foi citado por duas interceptações onde o secretário adjunto da Fazenda, André Luiz Cance, falava sobre a “alvorada e alvorecer”, que seria, segundo a Polícia Federal, referente a contrato com a Gráfica Alvorada, firmado no final da gestão dele; por viagens no avião de Amorim e por doações de campanha, mas ainda não autorizou a prisão, nem a apreensão de documentos na residência.  “Os indícios não são suficientes para busca e apreensão”, alegou o juiz.

No inquérito, o governador é citado como cauteloso por ter evitado contato com João Amorim, embora, segundo a polícia, tenham sido obtidos elementos que, ao ver deles, demonstram que ele recebeu propina da Gráfica Alvorada, em situação envolvendo a Organização Criminosa de João Amorim. A CGU e a Polícia Federal encontraram desvio de R$ 11 milhões em apenas três contratos investigados. Agora, procuram desvios em outros contratos do governo de Puccinelli com Amorim.