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Sidrolandia

Enquanto vizinhos disputam lotes na agrovila, Alemão planeja diversificar produção com piscicultura

Dilson Wanderlind Lopes, o Alemão, neste final de manhã de domingo, interrompeu a preparação da costela assada do almoço dominical, para receber a reportagem do Região News.

Flávio Paes/Região News

02 de Agosto de 2015 - 21:52

Se no Capão Seco, aproximadamente 200 pessoas se reuniram na manhã deste domingo para fundar uma associação e evitar que acampados invadam os 60 hectares reservados a agrovila do Eldorado, numa versão em menor escala da resistência (organizada) dos grandes fazendeiros à ocupação das suas terras por sem terra, a poucos quilômetros dali, um assentado mostra desinteresse por esta luta dos seus vizinhos de assentamento.

“Pra que vou querer um terreno no Capão Seco?. Pra mim me bastam os 8 hectares do meu lote onde já tenho trabalho suficiente”, comenta, temeroso que a agrovila se torne uma favela rural.  “No nosso núcleo (o Eldorado Parte) há uma área de 1 hectare reservada à  agrovila que a Prefeitura não assume porque será cobrada a construir uma estrutura para atender a comunidade”, explica.

Dilson Wanderlind Lopes, o Alemão, neste final de manhã de domingo, interrompeu a preparação da costela assada do almoço dominical, para receber a reportagem do Região News. Durante a conversa falou  de um dos seus mais recentes planos: usar os tanques que servem de reservatório da  irrigação dos seus 4,5 hectares de horta, para criação de peixe. 

Alemão pretende começar com 3 mil  alevinos, suficientes para lhe garantir um lucro de R$ 9 mil (já descontados R$ 6 mil do custo de produção). Parte deste dinheiro extra vai cobrir as despesas com a conta de energia elétrica. O produtor lidera um grupo de 80 assentados do Eldorado Parte e Eldorado II, que vende quatro mil pés (200 caixas) de alface por dia.

http://i.imgur.com/dnSFYMC.jpgSomam-se a essa foliácea, mais 30 caixas de maxixe, 40 de pimentão, oito de chicória, 60 de pepino, seis de jiló, 25 de abobrinha, oito de quiabo, além de 1.500 maços de couve, 250 de rúcula, 500 de cebolinha e 200 de coentro. Entre seus clientes estão supermercados (o Mercado do Produtor) quitandas e  uma das maiores redes de supermercados do País (o Atacadão).

A preocupação em honrar os compromissos de entrega com os clientes e tanta, que neste domingo, Alemão lotou seu Fiat Uno com 20 caixas de alface para atender ao pedido extra de um supermercado. “Era pouca mercadoria para mandar num caminhão”, explica.

Embora  seja um intransigente defensor dos interesses da agricultura familiar, fazendo cobranças ao prefeito (pela manutenção das estradas), ao governador e até ao Governo Federal (participou da ocupação do Ministério da Fazenda para cobrar mais recursos), Alemão, acha um pouco exageradas às queixas dos seus colegas assentados, quando reclamam  estar abandonados.

“Temos que fazer a nossa parte, trabalhar e parar de ficar reclamando sempre. Recebi a terra; R$ 20 mil de financiamento do Pronaf; R$ 6 mil de custeio, R$ 17 mil para a construção da casa. Quer exigir o que mais do Poder Público?”, indaga. Depois de conseguir uma patrulha mecanizada para o grupo que representa usar de forma comunitária, Alemão conseguiu uma emenda parlamentar de R$ 125 mil para a compra de novos implementos.

http://i.imgur.com/sBUtcI7.jpg

Em Brasília, na visita ao gabinete do senador Moka, não quis apresentar nenhum projeto, mas lançou um desafio que o parlamentar  em princípio aceitou: virá conhecer a realidade do assentamento, para ter uma exata noção de como vive o pequeno agricultor. Moka deve estar no Eldorado na próxima sexta-feira, dia 7.

“Não adianta o Governo dar dinheiro para o assentado, via financiamento. Ele precisa de assistência técnica, apoio para que a sua produção tenha condições de escoamento e comercialização”, acredita.