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Sidrolandia

Durante velório, cacique garante que indígenas não deixarão fazendas

De acordo com o cacique Orestino, 3 mil índios ocupam cinco fazendas em Antônio João

Dourados News

02 de Setembro de 2015 - 09:20

O cacique Guarani Kaiowá, Orestino Fernandes, de 52 anos, disse nesta segunda-feira (31), durante o velório de Semião Fernandes Vilhalva, 24 anos, que os indígenas não querem as benfeitorias das fazendas invadidas em Antônio João, no entanto, não abrem mão da terra de seus ancestrais. Ele garantiu que os índios não deixarão as propriedades rurais.

De acordo com o cacique Orestino, 3 mil índios ocupam cinco fazendas em Antônio João. Já a Fundação Nacional do Índio (Funai) afirma que são 1,2 mil indígenas na região.

Mariano Fernandes Vilhalva, 40 anos, irmão de Semião, contou que estava próximo ao Córrego Estrelinha, quando ouviu um disparo de arma de fogo e viu seu irmão despencar de uma altura de aproximadamente dois metros, em um barranco. Ele relatou que correu para socorrer Semião e se deparou com ele baleado no rosto.

O irmão da vítima contesta a versão do deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) de que o indígena teria morrido há alguns dias. Mariano garante que encontrou o irmão ainda sangrando.

Equipe de reportagem do Correio do Estado esteve na sede da Fazenda Fronteira e também no Sindicato Rural de Antônio João, mas os produtores rurais não quiseram se pronunciar sobre o conflito.

RETOMADA

Os proprietários de pelo menos duas fazendas conseguiram voltar para as sedes das propriedades, mas os índios continuam nas terras, que agora conta com segurança da Força Nacional e do Exército.

As circunstâncias da morte de Semião ainda não foram esclarecidas, mas segundo o Departamento de Operações de Fronteira (DOF) e a Polícia Civil confirmaram que o indígena foi morto com um tiro na cabeça. Ele bebia água perto de um córrego, na Fazenda Barra, quando foi atingido.

Proprietários rurais, que negam que estavam armados durante o confronto, chegaram a afirmar que o corpo de Semião já estava na fazenda antes da reocupação liderada pelos ruralistas, no entanto, a informação é contestada pelo DOF.

Segundo o sargente Arguelho, da comunicação do DOF, o índio foi morto durante o confronto. “Esse índio pode ter sido morto pelos fazendeiros ou pelos próprios índios”, disse.

O corpo de Semião foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) de Ponta Porã. O caso continua sendo investigado.

Além de Semião, pelo menos mais 10 indígenas se feriram durante o confronto. Muitos deles, inclusive crianças e mulheres, estão com ferimentos de bala de borracha pelo corpo.