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Sidrolandia

Assentados do Incra podem perder benefícios por desmatamento de área protegida

De acordo com outro morador, também beneficiário da reforma agrária, antes da prática a população local se preocupava com a preservação.

Campo Grande News

06 de Outubro de 2015 - 14:37

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) pode cancelar os benefícios de trabalhadores rurais do assentamento Matão, em Bandeirantes, devido à corte de árvores em área protegida.

De acordo com informações da ONG (Organização Não Governamental) Sementes do Futuro, os cortes de árvores em área de reserva legal são promovidos pela prefeitura da cidade e afetam 53 famílias que vivem no local.

Segundo a ONG, o presidente e o vice da Associação de Moradores do assentamento, além de alguns associados, decidiram apoiar o desmatamento, por isso, todas as famílias podem ser prejudicadas.

Medo - O parceleiro Celso Martins, de 56 anos, era integrante do conselho fiscal da Associação de Moradores, mas foi expulso do cargo depois de participar ativamente das denúncias contra o corte de madeira.

"Me expulsaram justamente por eu ter feito o que meu cargo exigia, que é denunciar as ilegalidades cometidas dentro do assentamento", afirmou.

"Depois disso passei a sofrer pressões internas e externas. Tenho medo do que possa acontecer a mim e à minha família. Sei que a prefeitura tem muita influência aqui dentro do assentamento e isso causa um desequilíbrio social entre os trabalhadores. Na verdade, estamos vivendo um clima de guerra aqui”, disse.

De acordo com outro morador, também beneficiário da reforma agrária, antes da prática a população local se preocupava com a preservação.

Fiscalização - "Aqui éramos todos fiscais da natureza. Sempre respeitamos o meio ambiente e não tenho notícia de que um trabalhador tenha cortado sequer uma árvore centenária dentro da reserva desde que o assentamento foi criado em 2011", contou Aldo Jorge Dias, de 67 anos.

"A intervenção ilegal da prefeitura aqui desequilibrou totalmente nossa convivência. Eu e minha família estamos vivendo dias de tensão por causa desse triste episódio", ampliou.

Ele garante que moradores aguardam que o Incra e outras autoridades se manifestem sobre o caso, que a questão seja esclarecida e, que os responsáveis, sejam punidos. "Não podemos pagar por um crime que não cometemos. Se nada for feito, não fará mais sentido continuar fiscalizando a natureza”, concluiu Aldo.

Segundo os moradores, a PMA (Polícia Militar Ambiental) esteve no local dizendo ter recebido denúncia de ilegalidades, mas que, supostamente, teriam sido cometidas por quem declaradamente foi contra a derrubada das árvores.

O site tentou contato com o prefeito de Bandeirantes, Márcio Fautino de Queiroz, para comentar o caso. No entanto, nenhuma ligação foi atendida até o fechamento desta matéria.