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Policial

Consultor que denunciou Loubet, por alcoolismo, fica revoltado com impunidade

Gerson diz que não é candidato a nada, nem quer ficar famoso, mas fala como um simples pai de família, de 49 anos, que poderia ter morrido por conta da imprudência.

Flávio Paes/Região News

28 de Junho de 2016 - 15:53

O consultor técnico Gerson Luis Andrade, que ao socorrer o cantor Loubet logo após o acidente no qual se envolveu na BR-060, constatou o estado de embriaguez do artista, mostra-se indignado com a atitude da Polícia Civil de Sidrolândia de não prendê-lo em flagrante.

Para exercer seu trabalho, Gerson roda o estado trabalhando, ontem pela manhã ele seguia pela BR-060 sentido Campo Grande/Sidrolândia quando uma caminhonete Ranger invadiu a pista e por pouco não atingiu o carro dele. “Era faixa amarela de proibido ultrapassar, nunca pensei que alguém ia invadir a pista ali. Eu puxei com tudo e consegui sair da reta dele. Foram segundos para pensar. É um susto daqueles e uma imprudência incrível”, resume.

Mas a revolta cresceu mesmo em seguida, quando ele correu para socorrer o motorista da caminhonete que caiu na ribanceira. “Quando abri a porta do passageiro, veio aquele cheiro forte de bebida. Ele (Loubet) tava falando mole. Fiquei tão bravo que mandei o cara ficar ali dentro mesmo, porque não sabia o que eu ia fazer se ele saísse do carro bêbado daquele jeito”, conta.

Gerson diz que não é candidato a nada, nem quer ficar famoso, mas fala como um simples pai de família, de 49 anos, que poderia ter morrido por conta da imprudência. “Vou falar só porque fui chamado de mentiroso, pelo empresário desse cara”, justificou.

O consultor garante que nunca ouviu falar “desse tal de Loubet” antes do acidente. “Gosto de música sertaneja, mas não sabia quem ele era não. Uma menina até falou lá o nome dele, mas pensei que era parente dela. Só fiquei sabendo depois, por causa das notícias”.

Antes, Gerson já havia registrado o local do acidente em dois vídeos, postados nas redes sociais. “Eu resolvi fazer as imagens com o celular quando vi aquele caminhonetão. Pensei: Com o dono de um carrão desse não vai acontecer nada. Daí fiz para denunciar mesmo que ele estava bêbado”, explica.

Mensalmente, Gerson passa uma semana viajando para visitar clientes pelo interior. Ontem, saiu de Campo Grande com destino a Maracaju. Mas viveu uma experiência que diz não desejar para ninguém. “Hoje poderia ser o meu enterro. Não é exagero. As pessoas acham que podem fazer o que quiser. Não pensam nos outros. Sou pai de família e esse cara poderia ter acabado comigo ou com outra pessoa, só porque resolveu encher a cara e sair por aí dirigindo”, protesta.

Na opinião dele, independente da personalidade de Loubet ou do histórico do cantor, qualquer caso de embriaguez ao volante deveria ser punido de forma exemplar. “Ele deveria, pelo menos, ter dormido na prisão. Se um cara bebe, sofre um acidente, e fica solto, qual medo ele vai ter? Amanhã ou depois, vai voltar a beber e dirigir”, avalia.

Depois do acidente, Gerson acionou o Corpo de Bombeiros e diz que esperou 45 minutos para que o socorro e a PRF chegassem ao local. “Eles fizeram o bafômetro, o cara foi para o hospital e mesmo assim não foi preso. Fiquei indignado”, lembra.

O consultor resolveu então seguir até Sidrolândia para registrar um Boletim de Ocorrência. “O delegado não estava, ai tive de esperar. Mas quando ele chegou, disse que ia ligar depois para eu dar meu depoimento. Nem consegui registrar nada”, reclama.

Seguiu viagem e ficou sabendo pela internet que Loubet tinha sido liberado, sob alegação de que não havia efetivo disponível na delegacia de Sidrolândia para prender o cantor no hospital. “Um absurdo isso! Fui na delegacia e dava até para esbarrar com gente lá. A delegacia fica a menos de uma quadra do hospital, dava para ir a pé”, garante.

Para Gerson, ninguém tem o direito de calar diante de uma situação dessas, que provoca tantas mortes nas estradas brasileiras. “Sou viajante, sei o que é sair por ai com medo de encontrar um cara bêbado pela frente. Se fosse eu, tava preso. Não tem como entender porque com o cantor não aconteceu isso. Foi pra casa e nem passou pela delegacia? Tô falando aqui em nome da minha família e de outra pessoa que ele poderia ter matado. Bebida e volante é assim: se não cortar pela raiz, amanhã acontece de novo e de novo”.

Com informações do Campo Grande News