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Geral

Em esporte que simula guerra, competidores precisam ser honestos

Não há tinta para indicar que jogador foi atingido; é ele quem precisa avisar

Correio do Estado

17 de Setembro de 2016 - 10:40

A tensão do combate, a “farda” e o “armamento” estão presentes, mas, diferente do que ocorre em uma guerra real, no Airsoft, as munições são de plástico, as armas elétricas e os jogadores não saem feridos. Honestidade e honra são os princípios básicos desse esporte feito para quem gosta de emoção e que está ganhando cada vez mais adeptos em Mato Grosso do Sul.

O gestor ambiental, Alexandre Lescano Padovan, de 30 anos, é um dos praticantes da modalidade. Ele conta que o interesse surgiu depois de ele assistir um vídeo no Youtube.

“Procurei por pessoas em Campo Grande que praticam o esporte e fui me programando e procurando sites legalizados para adquirir uma Arma Elétrica de Airsoft (AEG)”, lembra.

Depois da pesquisa, ele encontrou o Grupo de Operações Táticas Milsim (Grotam) e foi convidado para assistir uma palestra com detalhes sobre o esporte. Padovan comprou os equipamentos e foi analisado pelo time nos quesitos “honra, comprometimento e responsabilidade”, até ser aceito.

AS BASES DO ESPORTE

E essas exigências não são aleatórias, mas, têm relação direta com o desenvolvimento do combate. Isto porque, diferente do que ocorre no paintball, não há tinta que indique quando os competidores foram atingidos. Eles mesmos precisam informar aos outros que foram “mortos”.

"É o fair play (ética do jogo)! A disciplina é a base de tudo. Nosso time tem quatro anos e nunca vi uma discussão em campo", declara Marcello Fraiha, presidente do time Red Six, primeiro grupo de Airsoft do Estado.

Adriano Scandola, de 39 anos, um dos fundadores do Grotam. completa que, além desses critérios, o condicionamento físico também é importante. “Tem trabalho em grupo, raciocínio lógico, estratégia. Nossos jogos são baseados bastante nisso: definições de grupo e estratégia e liderança porque você sempre está comandando grupo de pessoas”, diz.

REGRAS DO JOGO

Fraiha explica que a duração, a missão e os objetivos das partidas são variáveis. Segundo ele, existem competições de 30 minutos e até de 4 horas. "Existem simulações de ações policiais para capturar um artefato. Tivemos uma com maleta analógica, com contador digital que se não conseguirem desativar, explode. É bem real", diz.

Os detalhes que dão caráter de realidade ao jogo, claro, não são baratos. Mas, de acordo com Fraiha os custos diminuem com o passar do tempo. O equipamento completo que inclui fardamento, rádio de comunicação, arma e munição custa entre R$ 4mil e R$ 5 mil. Depois, o participante terá de se preocupar apenas com o pacote de munições. O valor é de R$ 70 para cinco mil "projéteis".

Para participar do esporte,  os interessados precisam ter mais de 18 anos e comprar a arma em loja especializada, sempre com ponta colorida —vermelha ou laranja — para diferenciar do armamento real. Isto porque a atividade é regulamentada pelo Exército Brasileiro.“Ninguém joga fora desse quesito”, complementa Scandola.

AMBIENTE FAMÍLIA

E o jogo atrai plateia. "É um ambiente bem família. As mulheres jogam também, então esposas e maridos vão ao campo para assistir o evento", conta Fraiha. Aliás, essa é, segundo ele, uma das vantagens do jogo.

"Como qualquer modalidade esportiva tem a congregação. Somos um grupo de amigos, temos reuniões, eventos constantes. O segundo é a competitividade porque é bom você ganhar o jogo. Tem a prática esportiva porque não deixa de ser um exercício físico, além de ser empolgante trabalhar em grupo", declara.

A opinião é compartilhada por Padovan. “O esporte proporciona, além de grandes amizades, resistência física, psicológica e outros benefícios físicos e mentais. Minha esposa e meus pais apoiam e incentivam. Hoje não é só mais um esporte ou hobby. É uma paixão que todos deveriam conhecer”.

PRECONCEITO E SEGURANÇA

Vez ou outra, surgem comentários negativos em relação a esportes que envolvem armas. Mas Scandola faz questão de reforçar que as armas usadas nas competições “apenas parecem reais. Você não consegue pegar um equipamento de Airsoft, por mais parecido que seja com arma real, e transformá-lo em uma arma real. Não tem esse risco”.

Fraiha pontua que o Airsoft é uma atividade considerada segura. "A arma e a munição de Airsoft foram feitas para não machucar. Ninguém entra no campo sem entender as regras de segurança e cumprir as normas exigidas pelo Exército.Você vai para se divertir", finaliza.