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Sidrolandia

MPF conclui que Federal matou Oziel, mas não identificou o autor do disparo

O indígena estava escondido atrás de uma árvore e portava uma faca, arco e flecha no momento em que foi atingido.

Flávio Paes/Região News

19 de Outubro de 2016 - 14:50

O índio terena Oziel Gabriel, na época de 35 anos, foi morto pela Polícia Federal durante o processo de reintegração de posse na Fazenda Buriti, no dia 30 de maio de 2013. A constatação é do Ministério Público Federal que três anos depois concluiu que a bala 9 mm que matou Oziel é de uso exclusivo da Polícia Federal. Entretanto não se chegou à identidade do policial que teria feito o disparo, daí porque o caso deve ser arquivado. O indígena estava escondido atrás de uma árvore e portava uma faca, arco e flecha no momento em que foi atingido.

A delegada da Polícia Federal, Juliana Resende Silva de Lima, vai responder por improbidade administrativa na Justiça Federal. O MPF ajuizou ação alegando que Juliana era esposa do delegado Eduardo Jaworski, que atuou na operação como um dos comandantes e, mesmo assim, concluiu que não houve irregularidades e arquivou a investigação.

Eduardo Jaworski se matou em junho de 2016, com um tiro. Ele foi policial federal durante 15 anos e considerado homem de confiança do então superintendente da corporação, Edgar Paulo Marcon. Juliana será julgada, podendo ser condenada a perder a função pública por até cinco anos e pagar multa de até cem vezes o valor da remuneração recebida.

A decisão de acusar a delegada acontece, pois para o MPF, a operação policial foi um fracasso e teve vários erros, que resultaram além da morte de Oziel Gabriel, em 36 vítimas feridas, sendo sete por armas de fogo, nove policiais feridos por pedras e 19 indígenas por munição de elastômetro.

Para o MPF a Polícia Federal realizou uma sequência de erros, como enviar tropas militares ao local sem informar a Funai e o Ministério Público e usar força policial desproporcional à conduta dos indígenas.

Foto: Arquivo

MPF conclui que Federal matou Oziel, mas não identificou o autor do disparo

Imagens gravadas pelo filho de Oziel Gabriel mostram que antes de morrer, o líder terena fazia parte de um pequeno grupo de indígenas colocado na linha de frente do confronto.

Os policiais são acusados de terem agido isoladamente, sem se comunicar com demais autoridades. Do efetivo de 70 policiais federais, só 15 haviam participado de treinamento de armamento e tiro em época recente. Outros 82 policiais do Batalhão de Choque completaram o efetivo.

Além disso, os policiais pediram reforço para buscar mais armamento e munições não letais, que demoraram duas horas para chegar. Neste período de espera, agiram com armas de fogo, resultando na morte de Oziel Gabriel.

Com o reforço no local, os policiais recuaram os indígenas até a Aldeia Buriti, além da porteira da fazenda, ou seja, fora dos limites legais do mandado judicial. O Ministério Público e a Funai também não receberam relatórios sobre o dia.