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Sidrolandia

Pantanal de MS tem calor recorde de 2016 e meteorologista explica porquê

Porto Murtinho teve maior temperatura do país segunda e quarta-feira. Termômetros marcaram 49°C em Corumbá, mas temperatura foi 41°C.

G1 MS

20 de Outubro de 2016 - 15:53

Com termômetros de rua marcando 49°C e temperatura oficial de 41°C, segundo os institutos de meteorologia, o município de Corumbá, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, bateu o recorde de temperatura de 2016 na última quinta-feira (19). Segundo o meteorologista Natálio Abrahão, o calor mais forte deste ano ainda está abaixo do recorde de 43,8°C, registrado em novembro de 1962 na cidade.

O especialista explica que os termômetros de rua não medem a temperatura real porque estão fora das normas oficiais da meteorologia.

"Os termômetros que são colocados nas esquinas tem a parte interna de plástico, da cor preta, são colocados a 1,5 ou 2 metros da calçada, tem veículos em volta, tem prédios, tem asfalto, isso tudo são normais ilegais para ter informações de temperatura dentro dos padrões adotados pela organização meteorológica mundial", afirmou.

As temperaturas estão elevadas desde o começo da semana em quase todo o estado.Porto Murtinho, município também no Pantanal sul-mato-grossense, registrou a maior temperatura do país na segunda-feira (17), com 41,2°C, e na quarta-feira (19), 40,7°C.

Esses registros significam 6°C acima da média histórica para o mês de outubro na região, que é de 35,5°C. O meteorologista Natálio Abrahão disse ao G1 que alguns fatores geográficos contribuem para o forte calor nesses municípios.

"Primeiro que Corumbá sempre foi uma região muito quente, por estar no oeste do estado, onde a altitude é muito menor em relação aos outros municípios. Corumbá e Ladário, por exemplo, têm 112 metros de altitude, enquanto em Campo Grande tem 530, então, na capital as temperaturas são mais amenas e as cidades mais baixas são mais quentes. Também por conta da geografia do terreno, as possibilidades de frente frias são poucas porque elas perdem força até chegar a Corumbá por existir as serras de Maracaju e da Bodoquena", explicou.

O meteorologista afirma que outubro já é o mês mais quente do ano em Mato Grosso do Sul e lembra que o recorde de calor para o mês foi registrado em 2014, quando Coxim marcou 42,9°C e Campo Grande 40,2°C. A maior temperatura já registrada no estado foi Três Lagoas, onde os termômetros oficiais registraram 44,2°C em setembro de 2003.

Rio

Outra cidade que costuma registrar altas temperaturas é Coxim, mais ao norte do estado. O município também faz parte do Pantanal sul-mato-grossense. Em comum, Corumbá, Porto Murtinho, Coxim e Três Lagoas têm a proximidade com rio. O meteorologista Natálio Abrahão explica que a água fluvial e as altas temperaturas contribuem para aumentar a sensação de calor.

"Nessas regiões, quando você tem elevação de temperatura ocorre a elevação da umidade do ar, a evaporação aumenta e provoca a sensação térmica de mais calor e faz cair a sensação de vento. Corumbá, por exemplo, quase não tem ventos, e essa evaporação intensa proporciona um acúmulo de energia muito maior que em regiões que têm menos umidade", detalhou.

Diferente do que a maioria das pessoas pensa, o aumento da evaporação nem sempre provoca chuva na mesma região, segundo o meteorologista.

"Nesses casos, a evaporação que deveria ser vertical e provocar formação de nuvens na mesma região acaba sendo capturada e levada para outro lugar. O oeste de MS depende da evaporação vinda da Amazônia para ter chuvas e a evaporação daqui acaba indo lá para São Paulo, por exemplo,", ressaltou.

Mais calor

O meteorologista alerta que a previsão é de mais calor para os próximos meses. "A primavera está e será bem quente até o fim, como já era esperado pela meteorologia, mas ainda é cedo para prever o calor do verão", finalizou.