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Geral

Sem investir em segurança, bancos são "alvo fácil" para bandidos em MS

Na contramão dos bancos, quadrilhas estão cada mais especializadas nos crimes à agências.

Campo Grande News

16 de Novembro de 2016 - 16:10

Equipamentos precários e ausência de dispositivos básicos de segurança. É isso que tem contribuído para a vulnerabilidade das agências bancárias em Mato Grosso do Sul, segundo a polícia. Na contramão dos bancos, as quadrilhas deste “ramo” estão cada mais especializadas, o que torna estabelecimentos do interior e da Capital alvos fáceis para criminosos.

a manhã de terça-feira (15), bandidos tentaram furtar a agência do Banco Santander, localizada na rua Barão do Rio Branco, entre as ruas Rui Barbosa e 13 de Maio, no Centro de Campo Grande.

Conforme o delegado que investiga o caso, Fábio Peró, do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Bancos e Resgate, Assaltos e Sequestros), vários fatores contribuíram para que o local atraísse bandidos. Entre eles, a falta de um sistema de monitoramento moderno, com tecnologia avançada de sensor de movimento e "cortina de fumaça",  e o cofre instalado na agência, de modelo antigo, que não danifica notas, caso violado.

Na semana passada, criminosos explodiram a agência do Banco do Brasil, que pegou fogo e ficou completamente destruída, em Pedro Gomes, distante 309 quilômetros de Campo Grande. Por lá também faltava mais segurança, na opinião do delegado. Um guarda noturno, por exemplo.

“Assim como as tecnologias de segurança evoluem, os bandidos também estão evoluindo. Já chegam na agência com uma pessoa especializada em desativar alarmes e tudo mais, portanto, se a agencias não acompanharem essa evolução, se tornarão alvos cada vez mais fáceis”, considera o delegado.

E este não foi o único caso na região norte do Estado. Há sete meses, moradores de Sonora estão sem agência bancária. No município, que fica 364 quilômetros ao norte de Campo Grande, bandidos também explodiram e fugiram com dinheiro do Banco do Brasil, o único na cidade.

Para o presidente do sindicato dos bancários, Edvaldo Barros, o problema não está somente na segurança dentro dos bancos, pois os requisitos básicos como, por exemplo, a instalação de portas detectoras de metais, câmeras e presença de vigilantes durante o dia, são cumpridos pelos bancos. O que está falhando, segundo o presidente, é a segurança pública.

“Acho que estes problemas estão mais ligados a prevenção do que qualquer outra coisa. Faltam ações do setor de inteligência da polícia que identifiquem as quadrilhas e impeçam esses crimes, enquanto isso não for feito, não há sistema que ajude”, acredita.

Segundo o presidente, o sindicato planeja fazer uma audiência pública para debater o tema na Capital, no entanto, ainda não há data prevista para evento.

Investimento alto - Em resposta à reportagem, a Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) diz que nos últimos anos foi feito investimento relevante no aprimoramento da segurança bancária, da ordem de R$ 9 bilhões, o triplo do que era gasto dez anos atrás e que os bancos seguem a Lei Federal nº 7.102/83 e sua regulamentação.

Nos termos dessa legislação, todos os estabelecimentos bancários (agências e postos de atendimento) são obrigados a submeter à Polícia Federal um plano de segurança para que possam funcionar.

Esse plano de segurança é elaborado por equipes técnicas e profissionais que analisam todas as características de cada ponto de atendimento – tais como localização, fluxo de pessoas, layout da agência, etc.

Aprovado o plano, são instalados todos os equipamentos de segurança e mobiliário da agência, como os caixas, os caixas eletrônicos, o posicionamento das câmeras de segurança, dos vigilantes, as portas de segurança, a depender do caso, etc.

Observando-se o que é exigido pela legislação, cada instituição financeira determina os padrões de segurança para suas agências de acordo com as características de sua rede de agências.

Explosões - A Febraban ressalta que seus bancos associados vêm acompanhando os ataques a caixas eletrônicos com extrema preocupação. O dano das explosões força as instituições financeiras a reformar o local e a repor os equipamentos danificados, sem reaproveitamento de peças ou maquinário e essa reforma exige certo tempo.

"Tal prejuízo não é somente da rede bancária, mas de toda a população que depende dos 178 mil equipamentos para acessar os serviços financeiros, realizar pagamentos ou efetuar saques além do horário bancário. Nesses assaltos e arrombamentos, os criminosos usam força desproporcional, com armamentos pesados, de elevado poder de destruição; a ação de segurança necessária para fazer frente à violência empregada está fora de alcance das instituições privadas, como estabelecimentos comerciais e bancos", considera.

Para a entidade, é necessário combater as causas desses crimes. Em primeiro lugar, impedindo que os bandidos tenham acesso fácil a explosivos. Em segundo lugar, desbaratando as quadrilhas, o que se faz com ações de inteligência. Em terceiro lugar, dificultando o acesso dos bandidos ao produto do crime.