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Sidrolandia

Com entrega de 4 resfriadores, produtores esperam ter mais autonomia para negociar leite

Os equipamentos tem capacidade para armazenar mil litros e atenderão grupos entre seis e cinco produtores, com lotes vizinhos.

Flávio Paes/Região News

05 de Dezembro de 2016 - 13:13

As associações de pequenos produtores de leite de Sidrolândia contempladas com 4 dos 28 resfriadores entregues nesta segunda-feira pela Agraer (Agência Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural) para entidades similares de outras 36 cidades de Mato Grosso do Sul, passarão a ter maior poder de barganha na hora de negociar preço com as indústrias.

Cada equipamento tem capacidade para armazenar mil litros e atenderá grupos entre seis e cinco produtores, com lotes vizinhos, que hoje são reféns dos preços impostos pelos laticínios. “Hoje entregamos ao Laticínio Tradicional que nos paga R$ 1,10 por litro e dá uma ajuda de custo de R$ 300,00, para custear a energia elétrica do resfriador que a empresa nos empresta. Tendo um equipamento próprio podemos vender a R$ 1,28 para o BRF de Terenos, que passa três vezes por semana”, explica Sandra Maria Saldanha, dona de um lote de 9 hectares.

Ela representa uma associação no Alambari CUT que reúne seis produtores numa região do assentamento onde a de chuva reduziu em 60% a produção. “Vinha produzindo 115 litros por dia, agora não consigo mais do que 70 litros”, explica Sandra. Ela conta com um rebanho de 15 vacas, mas apenas sete está produzindo. Conseguiu um financiamento e comprou mais 12, mas só trouxe para o lote três animais, na espera da recuperação das pastagens. “Comprei calcário e semente de milho, para plantar e usar posteriormente na preparação da silagem”, explica. Uma das queixas dos assentados é que não foram contemplados com o kit de produção fornecida há dois anos pela Agraer para irrigar pastagens.

O recebimento do resfriado é aguardado com expectativa por José Nivaldo, que lidera uma associação do Eldorado 2, junto com outros cinco vizinhos. “Hoje usamos o resfriador do laticínio que é antigo e gasta muita energia. A gente recebe R$ 0,80 por litro, quando há empresas pagando R$ 1,50, mas só de quem tem resfriador. Ele até pensou em comprar um com recursos próprios, mas desistiu diante do custo (R$ 7 mil).

Além destas duas associações (do Eldorado 2 e do Alambari), também foram contemplados grupos de produtos do Alambari Fetagri e do Jiboia. Receberam ordenhadeiras sete assentados: Marli Santos do Capão Bonito 2; Dante Pereira Ramos, da Fazenda Dois Corações; Elquer Honório (São Pedro); José Francisco Ferreira de Oliveira, do Santa Terezinha; Oséias Pereira da Silva, do Alambari CUT; Ederson Mareco da Silva, Bolicho Seco e Adenisio Fernando, Vista Alegre.

Objetivo

Na entrega dos equipamentos (28 resfriadores e 131 ordenhadeiras) o Governo do Estado anunciou a meta de aumentar em 20% a produção atual de leite de Mato Grosso do Sul, de 1,5 milhão litros de leite. Segundo Enelvo Felini, diretor-presidente de Agraer (Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural), os aparelhos serão importantes para dar melhores condições para a cadeia produtiva do leite, “pois levará tecnologia ao homem do campo”.

O secretário-adjunto da Sepaf (Secretaria de Estado de Produção e Agricultura Familiar), Gerônimo Alves Chaves, explica que, mesmo na crise econômica, o Estado tem crescido tanto no agronegócio, como na agricultura familiar. “Em relação ao leite, a intenção é ter uma captação melhor, para ter um produto de mais qualidade”.

No entanto, já houve evolução na cadeia produtiva do leite, afirma, “principalmente entre os pequenos produtores”, enquanto alguns de médio e grande porte deixaram a atividade. “Está mais organizada (a produção) e tem sido importante para a agricultura familiar”.